Presidente do PT desautoriza nota sobre eleição na Nicarágua

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Foto: Najara Araujo/Câmara dos Deputados

Em mensagem curta divulgada ontem pelo Twitter, a deputada Gleisi Hoffmann (PR), presidente do PT, desautorizou uma nota divulgada pelo próprio partido na segunda-feira. O episódio expõe divergências no interior da sigla em relação à eleição para presidente na Nicarágua, pleito realizado sub suspeita de fraude que confirmou a recondução de Daniel Ortega ao poder. Ortega está no comando do país desde 2006 e foi reeleito com 75% dos votos, depois da prisão de sete concorrentes.

“Nota sobre eleições na Nicarágua não foi submetida à direção partidária”, postou Gleisi. “Posição PT em relação qualquer país é defesa da autodeterminação dos povos, contra interferência externa e respeito à democracia, por parte de governo e oposição. Nossa prioridade é debater o Brasil com o povo brasileiro”.

A mensagem de Gleisi faz referência à nota “Saudações às eleições nicaraguenses”, publicada no site do PT na segunda-feira, ainda antes da confirmação oficial do resultado da eleição do país da América Central. Assinada pelo secretário de relações internacionais do partido, Romenio Pereira, a nota dizia que “o Partido dos Trabalhadores saúda as eleições nicaraguenses realizadas neste domingo, 7 de novembro, em uma grande manifestação popular e democrática deste país irmão”.

“Os resultados preliminares, que apontam para a reeleição de Daniel Ortega e Rosario Murillo, da FSLN, confirmam o apoio da população a um projeto político que tem como principal objetivo a construção de um país socialmente justo e igualitário”, prosseguia.

O texto foi retirado do site do PT. Quem busca pelo endereço original é direcionado para uma página com a mensagem “Companheiro ou companheira, a página que você procura não existe. Por favor use o campo de busca para tentar encontrar”. Uma montagem mostra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostrando a mão esquerda numa posição que completa o número 40, formando então um 404, código usado na internet para sinalizar endereço não existente.

A nota apagada dizia ainda que “esta vitória [de Ortega] será conquistada apesar das diversas tentativas de desestabilização do governo e do bloqueio internacional contra a Nicarágua e seu atual governo, uma situação que penaliza principalmente os mais pobres e necessitados”.

Daniel Ortega, que completa 76 anos hoje, liderou um movimento de esquerda que derrubou o ditador Anastasio Somoza em 1979. Líder do grupo guerrilheiro Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), ele governou o país até 1990, quando foi derrotado pela opositora Violeta Chamorro. Na ocasião, promoveu uma transição tranquila. Ortega disputou e perdeu outras duas eleições até ser eleito presidente em 2006. O limite para reeleições foi eliminado e ele foi reconduzido em 2011, em 2016 e no último fim de semana.

Entre 2018 e 2019, uma onda de manifestações na Nicarágua degenerou em violenta repressão, com pelo menos 325 mortes e 60 mil refugiados, segundo a Comissão Interamericano de Diretos Humanos. Ortega terá agora mais cinco anos como presidente. Continuará governando ao lado de sua esposa, Rosario Murillo, reeleita para a vice-presidência.

“Esperamos seguir com a FSLN neste caminho de construção de uma América Latina e Caribe livres e soberanos, uma região de paz e democracia social que possa servir de exemplo para todo o mundo”, concluía a nota do PT.

Em entrevista à uma TV mexicana realizada em agosto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizou que também tem reservas em relação ao processo político nicaraguense.

“Se pudesse dar um conselho ao Daniel Ortega, daria a ele e a qualquer outro presidente: Não abra mão da democracia”, disse Lula. “Não deixe de defender a liberdade de imprensa, de comunicação, de expressão, porque isso é o que favorece a democracia”.

Depois completou: “Faz dez anos que não tenho contato com a Nicarágua, não sei muito bem o que está acontecendo lá. Mas tenho informações de que as coisas não andam nada bem por lá”.

Valor Econômico

 

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