PSDB pode sofrer debandada em ano eleitoral

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Foto: Reprodução

Os problemas do PSDB não se limitam à divisão dentro do partido para a escolha do candidato a presidente da República. Unir a bancada tucana no Congresso e construir palanques regionais para a próxima eleição são objetivos que parecem distantes hoje no PSDB. Deputados e senadores já começaram a anunciar a saída da sigla, antes mesmo do resultado das prévias nacionais.

Em São Paulo, governado por João Doria, a bancada tucana na Câmara se porta como oposicionista em relação ao governo Jair Bolsonaro. Na votação da PEC dos Precatórios, por exemplo, todos os sete deputados tucanos paulistas votaram contra a proposta. No Rio Grande do Sul de Eduardo Leite, ocorreu o oposto. Embora o governador tenha passado a se comportar como opositor de Bolsonaro nos discursos e entrevistas, os dois deputados federais do Estado, que inclusive coordenaram sua campanha na prévia, votaram a favor da PEC que interessa a Bolsonaro.

No Mato Grosso do Sul, comandado pelo governador Reinaldo Azambuja, o quadro ficou dividido. As deputadas Bia Cavassa e Rose Modesto foram favoráveis à PEC; o deputado Beto Pereira se manifestou contra, mas não compareceu na votação.

Divisão parecida já havia sido constatada antes na votação do projeto que pretendia instituir impressão do voto no Brasil, uma pauta eminentemente bolsonarista. Na ocasião, o PSDB fechou questão contra o voto impresso, mas a maioria dos 32 parlamentares tucanos votou com o governo: 14 votaram “sim” ao voto impresso, 12 “não”. Um se absteve e cinco faltaram.

Nos Estados, o PSDB também enfrenta a falta de unidade, o que tende a dificultar a construção de palanques para o candidato presidencial em 2022.

No Maranhão, por exemplo, o diretório abriga tucanos bolsonaristas e dirigentes ligados à esquerda. O PSDB tem a vice da gestão de Flávio Dino (PSB), com Carlos Brandão, e ao mesmo tempo é a legenda do senador Roberto Rocha, um dos principais aliados do presidente Jair Bolsonaro no Estado.

Brandão foi eleito vice na chapa de Dino em 2014 pelo PSDB, migrou para o Republicanos e voltou para o tucanato em março, para assumir o diretório estadual, isolar o senador bolsonarista e lançar-se pré-candidato ao governo do Maranhão, com aval de Dino. Rocha deve deixar a sigla e pretende seguir para o mesmo partido de Bolsonaro para disputar em 2022. Almeja concorrer ao governo do Estado ou ao Senado.

No Acre, a deputada federal Mara Rocha, aliada de Bolsonaro, brigou ontem com a direção estadual do partido ao votar nas prévias nacionais em Eduardo Leite, acusou compra de votos na legenda, sem nominar quem seria o autor da irregularidade, e disse que deixará a sigla. Mara afirmou que seguirá Bolsonaro em seu partido e apoiará a reeleição do presidente. Assim como a deputada, parte importante da bancada tucana tem apoiado Bolsonaro na Câmara.

Em São Paulo, Estado que projetou Doria e que é governado pela sigla há sete gestões consecutivas, há fortes sinais da dificuldade para a união. Fundador do PSDB e ex-governador por quatro mandatos, Geraldo Alckmin está na iminência de deixar o partido. O ex-governador ficou na legenda até a prévia para fazer campanha para Eduardo Leite.

Embora desponte como líder nas pesquisas para governador, Alckmin foi atropelado internamente pelo grupo de Doria, seu antigo aliado. A opção do presidenciável, que controla a burocracia partidária local, foi pela candidatura de seu vice, Rodrigo Garcia, homologado ontem como pré-candidato.

Em Minas, segundo maior colégio eleitoral do país, o partido deve abrir mão da candidatura própria e manter a aliança com o governador Romeu Zema (Novo). O diretório pondera que poderia lançar candidato próprio no caso de vitória de Leite nas prévias e tentaria atrair Zema para ter um palanque forte no Estado para o presidenciável tucano. No caso de vitória de Doria, a opção será a aliança com Zema.

O presidente do diretório de Minas, deputado Paulo Abi-Ackel, junto com expoentes mineiros como o deputado Aécio Neves, mergulharam na campanha de Leite e ajudaram a articular o apoio ao gaúcho na bancada federal.

“Leite é um polo de convergência das forças de centro e tem mais boa vontade com lideranças de outros partidos”, disse Abi-Ackel, antes das prévias, na sexta-feira. “Mas seja quem for o vencedor, é preciso fazer um discurso de união do PSDB com outras forças de centro. Em Minas, devemos considerar a aliança com Zema por mais quatro anos”, diz. “Dos últimos 28 anos de gestões em Minas, o PSDB comandou o Estado por 16 anos. A tendência é querer uma candidatura própria, mas temos que ver qual será a capacidade do partido de ser catalisador das forças de centro.”

No Rio Grande do Sul, Eduardo Leite avisou, antes do resultado da prévia, que não pretende tentar a reeleição. O candidato deve ser o vice, Ranolfo Vieira Junior, que deixou o PTB e migrou para o PSDB neste ano. Delegado da polícia civil, o vice já deu declarações simpáticas a ações de Bolsonaro.

O governador do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, não se envolveu de cabeça na disputa Doria versus Leite, embora o diretório local tenha se manifestado mais favoravelmente ao governador gaúcho. Num Estado com economia fortemente baseada na agricultura, reduto de bolsonaristas, políticos sem muita identificação ideológica teriam dificuldade de se colocar claramente contra as pautas do presidente.

Para sua sucessão, Azambuja deve apoiar a candidatura de seu secretário de Infraestrutura, Eduardo Riedel, figura que nunca disputou eleição. Conforme um analista local, o adversário com maior potencial eleitoral seria o atual prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD), que não confirma nem desmente intenção eleitoral. O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, estaria fazendo gestões pela candidatura Trad.

Valor Econômico

 

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