STF faz subir preço que o Centrão cobra de Bolsonaro

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Foto: Nelson Jr./SCO/STF

A maioria formada no Supremo para tentar moralizar um pouco do vale-tudo instituído por Jair Bolsonaro no varejo orçamentário das emendas parlamentares será um teste de estresse para os planos do presidente visando o pleito de 2022.​

Recapitulando, o titular do Planalto chegou à cadeira prometendo acabar com todos os signos da velha política, a começar pela relação com o centrão, encarnação atual da amálgama ideologicamente amorfa que sempre sustentou governos em troca de maiores ou menores migalhas.

O ritmo de montanha-russa do ano de estreia do arranjo, 2019, ofuscado pelo sucesso de uma agenda que o governo chamou de sua, a reforma da Previdência, foi substituído pela crise institucional em modo permanente de 2020.

Naquele momento, todo o azedume de Bolsonaro e sua base mais radicalizada contra quem considera adversário, sejam governadores de estado ou ministros do Supremo, ganhou corpo sob os embates da mortal pandemia da Covid-19.

Usando os militares de seu governo como bucha de canhão, o presidente atacou a institucionalidade do país repetidas vezes, apenas baixando a bola quando o cerco jurídico à sua família ganhou corpo na hoje esquecida prisão do faz-tudo do clã Fabrício Queiroz.

A partir daquele ponto, meados do ano, começa a aproximação de Bolsonaro e o centrão, de resto avalizada pelos mesmos militares que faziam sambinhas associando o grupo a práticas não muito republicanas.

Tudo feito em nome da sobrevivência de um governo crescentemente disfuncional. No começo de 2021, o acerto parecia azeitado com a chegada do prócer do centrão, Arthur Lira (PP-AL), à chefia da Câmara embalado pelo controle das famosas emendas do relator.

Só neste ano, é coisa de R$ 17 bilhões, algo capaz de agradar a muita base eleitoral e ajudar a garantir a reeleição de um exército de soldados do centrão. Só que o caráter opaco da operação acabou por chamar a atenção, e parou no Supremo.

No meio do caminho, Bolsonaro decuplicou a aposta na tensão institucional e chegou ao paroxismo dos atos golpistas do 7 de Setembro, quando até o centrão avisou que ele tinha ido longe demais —até a enterrada ameaça do impeachment voltou à baila. Desde então, fora a verborragia usual, vive de fato uma trégua com o Supremo.

O que a ministra Rosa Weber fez foi tentar ao menos carimbar o caminho do dinheiro. Fosse uma decisão contrária a uma medida do governo, a exemplo das inúmeras iniciativas parlamentares que caducam ou são derrubadas, seria possível achar que apenas isso mataria a prática por incúria do Planalto em costurar uma alternativa.

Lira é mais profissional que isso e já está preparando a versão 2.0 de seu pote de ouro, de resto com o beneplácito do colega Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o presidente do Senado que quer se lançar para a vaga de Bolsonaro sem parecer um oposicionista.

Ainda assim, o tiro de advertência do Judiciário demonstrou que haverá limites impostos às manobras do agora Bolsonaro do Centrão, próximo de filiar-se ao PL de Valdemar Costa Neto, a quem não faz muito tempo o presidente chamava de corrupto e condenado.

Se o alerta não deve tirar o apoio do grupo de Lira ao presidente, cristalizado quando Ciro Nogueira (PP-PI) assumiu a Casa Civil, certamente aumentará ainda mais a conta apresentada pelo centrão em 2022.

Isso tem sido foco constante de mensagens trocadas entre os viúvos da ala ideológica do bolsonarismo, críticos da perda de poder para aqueles que antes eram o Grande Satã do movimento.

Isso, claro, se Bolsonaro não resolver reabrir a crise com o Judiciário, o que até aqui não se insinua como provável.

Folha 

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