STF pode autorizar “emendas do relator” mas sem sigilo

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Pablo Jacob

Uma ala do Supremo Tribunal Federal (STF) articula solução intermediária para a decisão da ministra Rosa Weber de suspender os pagamentos de emendas de relator, também conhecidas como orçamento paralelo. A liminar dada pela ministra na última sexta-feira irá a julgamento à meia-noite desta terça-feira, e precisa contar com seis votos para que seja mantida — atualmente, a Corte tem funcionado com apenas 10 ministros.

O GLOBO apurou que alguns ministros do Supremo podem propor uma saída mantendo apenas parcialmente o voto da ministra. Ela decidiu não só suspender a execução das verbas do orçamento vinculadas à emendas de relator como também deu prazo de 30 dias para que todas as demandas de parlamentares voltadas à distribuição de emendas de relator sejam registradas em plataforma eletrônica do Sistema de Planejamento e Orçamento Federal.

Segundo interlocutores da Corte, alguns ministros do Supremo podem propor uma saída segundo a qual os pagamentos não ficariam suspensos, mas que manteria a obrigação determinada por Rosa de que essas emendas tivessem maior transparência. Essa ideia deve dividir o placar do julgamento, que vai ocorrer sob grande pressão do Congresso e do governo.

Esta saída resolveria o problema da falta de transparência apontada por Rosa Weber, mas a manutenção das rubrica das emendas de relator manteria outra questão citada pela ministra: a possibilidade de o governo, e seus aliados na cúpula do Congresso, dividirem de forma desigual a fatia orçamentária das emendas de relator. Nas emendas individuais, cada parlamentar, seja do governo ou da oposição, tem direito ao mesmo valor. Nas de relator, a falta de regra abre espaço para o governo usar as emendas para barganhar votos e apoio político no parlamento.

Os votos dos ministros Alexandre de Moraes e Ricardo Lewandowski devem ser os fiéis da balança no resultado final do julgamento.

Internamente, há a leitura de que o julgamento, pela importância e o impacto do tema, pode ser retirado do plenário virtual de 48 horas e levado para o plenário físico. Existe a possibilidade que algum ministro peça destaque ou que haja o entendimento, antes mesmo de o julgamento virtual começar, que a análise presencial da decisão de Rosa ocorra já nesta quarta-feira.

A expectativa, segundo interlocutores da Corte ouvidos pela reportagem, é que os ministros mantenham conversas ao longo de todo o dia sobre o assunto. Além das conversas internas, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), vai se reunir nesta segunda-feira às 17h com o presidente do Supremo, ministro Luiz Fux, para discutir a decisão de Rosa.

Rosa Weber é relatora de três ações que questionam as chamadas “emendas de relator” no orçamento de 2021. Essas emendas compõem o “orçamento paralelo”, que tem sido usado pelo governo do presidente Jair Bolsonaro para turbinar as emendas parlamentares de aliados no Congresso. As ações foram apresentadas pelos partidos Cidadania, PSB e PSOL.

“Mostra-se em tudo incompatível com a forma republicana e o regime democrático de governo a validação de práticas institucionais por órgãos e entidades públicas que, estabelecidas à margem do direito e da lei, promovam o segredo injustificado sobre os atos pertinentes à arrecadação de receitas, efetuação de despesas e destinação de recursos financeiros, com evidente prejuízo do acesso da população em geral e das entidades de controle social aos meios e instrumentos necessários ao acompanhamento e à fiscalização da gestão financeira do Estado”, disse a ministra na decisão.

Rosa também determinou que todas as demandas de parlamentares voltadas à distribuição de emendas de relator sejam registradas em plataforma eletrônica centralizada do órgão central do Sistema de Planejamento e Orçamento Federal.

Nesta segunda-feira, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que havia parado com os ataques ao Judiciário após as manofestações do dia 7 de setembro, reagiu à decisão da ministra e afirmou que há uma excessiva interferência do Judiciário no Executivo. O presidente criticou a relatora e disse que Weber sempre toma decisões contrárias ao governo:

— É uma (decisão) atrás da outra. A mesma Rosa Weber. Decidi zerar o imposto de importação de armas, ela achou injusto e vetou. Há um excesso de interferência do Judiciário no Executivo. Até quando quis indicar um alguém para diretoria-geral da PF houve interferência. O Supremo age demais nessas questões. A gente lamenta isso dai, não é no meu entender o papel do Supremo. Os poderes têm que ser respeitados, mas as decisões de alguns atrapalham o andamento da Nação. Quer ser presidente da República, se candidate — disse Bolsonaro.

Segundo o presidente, não foi justo o argumento da ministra de que “nós estamos barganhando”:

— Os argumentos usados pela relatora no Supremo não são justos. Dizer que nós estamos barganhando. Como é que eu posso barganhar se quem é o dono da caneta é o relator, é o parlamentar? E não é secreto porque está em Diário Oficial da União.

O Globo 

Assinatura
CARTA AO LEITOR

O Blog da Cidadania é um dos mais antigos blogs políticos do país. Fundado em março de 2005, este espaço acolheu grandes lutas contra os grupos de mídia e chegou a ser alvo dos golpistas de 2016, ou do braço armado deles, o juiz Sergio Moro e a Operação Lava jato.

No alvorecer de 2017, o blogueiro Eduardo Guimarães foi alvo de operação da Polícia Federal não por ter cometido qualquer tipo de crime, mas por ter feito jornalismo publicando neste Blog matéria sobre a 24a fase da Operação Lava Jato, que focava no ex-presidente Lula.

O Blog da Cidadania representou contra grandes grupos de mídia na Justiça e no Ministério Público por práticas abusivas contra o consumidor, representou contra autoridades do judiciário e do Legislativo, como o ministro Gilmar Mendes, o juiz Sergio Moro e o ex-deputado Eduardo Cunha.

O trabalho do Blog da Cidadania sempre foi feito às expensas do editor da página, Eduardo Guimarães. Porém, com a perseguição que o blogueiro sofreu não tem mais como custear o Blog, o qual, agora, dependerá de você para continuar existindo. Apoie financeiramente o Blog

FORMAS DE DOAÇÃO

1 – Para fazer um depósito via PIX, a chave é edu.guim@uol.com.br

2 – Abaixo, duas opções de contribuição via cartão de crédito. Na primeira, você contribui mensalmente com o valor que quiser; na segunda opção, você pode contribuir uma só vez também com o valor que quiser. Clique na frase escrita em vermelho (abaixo) Doação Mensal ou na frase em vermelho (abaixo) Doação Única

DOAÇÃO MENSAL – CLIQUE NO LINK ABAIXO
https://www.mercadopago.com.br/subscriptions/checkout?preapproval_plan_id=282c035437934f48bb0e0e40940950bf

DOAÇÃO ÚNICA – CLIQUE NO LINK ABAIXO
https://www.mercadopago.com.br/subscriptions/checkout?preapproval_plan_id=282c035437934f48bb0e0e40940950bf