Candidatura Ciro é útil a Bolsonaro e terceira via por tirar votos de Lula

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Foto: Arte/Metrópoles

Com movimento totalmente inverso ao adotado pela chamada 3ª via, que lançou mais de uma dezena de nomes à Presidência da República, os partidos de esquerda sinalizam para um plano de junção em torno da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no próximo ano.

Nesse quadro de estratégias distintas para a eleição presidencial de 2022, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) tem ficado cada vez mais isolado.

O obstáculo comum a todos os candidatos é a necessidade de vencer resistências, tanto em suas legendas quanto nas eventuais alianças que estão sendo negociadas.

A candidatura de Ciro, por exemplo, tem o desafio de atrair outras legendas. Interlocutores do ex-governador dizem que isso se dará às portas do registro da candidatura, ou seja, em julho, três meses antes do pleito. Segundo aliados do ex-ministro, a prioridade do partido é fechar alianças com a Rede, comandada por Marina Silva, e com o PV, duas legendas pequenas, que não conseguiram cumprir a cláusula de desempenho.

O presidente do PV, José Luiz Penna, também tem mantido conversas com o PSB, comandado por Carlos Siqueira, para compor a possível federação de esquerda. A sigla também entrou no leque de conversas com PT, PCdoB e Psol.

No campo da 3ª via, Ciro não entrou como membro, visto que sua decisão de ser cabeça de chapa já foi definida desde dezembro de 2020. “Aí não tem como conversar”, destacou um integrante do grupo.

No entanto, o nome do cearense é visto como uma “candidatura útil” pelo campo dos “nem Lula nem Bolsonaro”, por cumprir a função de desidratar a candidatura do petista, hoje favorita, de acordo com pesquisas de intenção de voto.

“Para nós, a candidatura de Ciro é importante, porque ela tira votos da esquerda”, disse a presidente nacional do Podemos, Renata Abreu (SP), durante o evento de lançamento do ex-juiz Sergio Moro como postulante ao Palácio do Planalto.

Dentro do PDT, no entanto, o baixo desempenho e seu isolamento político têm sido visto como um obstáculo por aqueles interessados em reeleição ou eleição para outros cargos. Nos bastidores, muitos falam em deixar a legenda e se engajar na campanha petista. Após o recente episódio envolvendo buscas na casa do ex-governador, e dos seus irmãos, o senador Cid Gomes (PDT) e Lúcio Gomes, Ciro assumiu o discurso da busca de apoio e de afirmação da candidatura.

“Eu antes queria muito ser presidente do Brasil, mas vendo que o nosso país está passando, eu agora preciso salvar o Brasil. Preciso juntar todo mundo que tenha boa vontade para salvar esse país desse desastre que está aí”, afirmou Ciro na ocasião.

No mesmo dia, pedetistas trataram de desfazer o mal-estar com o cearense e rechaçaram publicamente a ideia de retirada de candidatura, antes considerada plausível. “Na verdade houve um momento de desencontro em função da reação do Ciro naquela votação da PEC dos Precatórios”, disse o gaúcho Pompeu de Mattos, um dos principais expoentes do partido.

“O processo eleitoral não se desencadeou ainda. Se é assim, então todo mundo tem que desistir e deixar para o Bolsonaro”. “A candidatura do Ciro transcende o próprio PDT. É maior que o próprio PDT. Ao contrário de querer retirar, temos que nos agarrar”, defendeu.

“Porque não perguntam para outros candidatos se eles vão levar a candidatura à frente? Só perguntam para o Ciro”, questionou Mário Heringer (PDT-RJ).

O consenso também está muito longe de existir na federação de centro-esquerda. Tanto é que, apesar de manter conversas há meses com PSB, PCdoB, Psol e PV, o diretório nacional do Partido dos Trabalhadores deixou qualquer deliberação sobre o assunto para 2022.

A reunião da direção do PT definiu apenas o leque de legendas que poderão compor a frente de centro-esquerda.

Essas legendas terão que definir se assumirão uma união em torno de um projeto único por, no mínimo, 4 anos, ou seja, que valerá tanto para as eleições em 2022 quanto para o pleito de 2024.

Na próxima segunda-feira (20/12), a federação, e a possível chapa tendo como vice Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo e agora ex-tucano, será assunto de uma conversa entre o presidente do PSB, Carlos Siqueira, e Lula. Antes, no domingo (19/12), Alckmin acertará com Siqueira sua possível filiação ao PSB.

Assim que deixou o ninho tucano, o ex-governador telefonou para Siqueira pedindo a conversa, em Brasília. Como já havia a previsão de participação de Siqueira em evento do grupo Prerrogativas, em São Paulo, os dois acabaram marcando o encontro para o fim de semana, na capital paulista.

Apesar das conversas, em todas as legendas, exceto no PCdoB, há resistência à federação e até a perspectivas de dissidências em algumas delas.

O PSB de Minas Gerais, por exemplo, poderá perder um filiado histórico, caso o partido confirme a federação. O deputado Júlio Delgado poderá deixar a legenda rumo ao PSD, de Gilberto Kassab, e à candidatura do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco,

Ainda no PSB, houve resistência à união nos diretórios do Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Distrito Federal e Mato Grosso. Nesses casos, os dirigentes nacional apostam em uma aceitação depois de consolidada a aliança com o PT e os demais partidos. Durante a reunião do diretório nacional, Siqueira deixou claro aos dissidentes que a composição com o PT e até mesmo a definição de chapas nos estados representam ” decisão de cúpula”.

O PSol também entra dividido nesse debate. Parte importante do partido defende o lançamento de candidatura própria no primeiro turno, tendo como nome o deputado Glauber Braga (RJ), para apoiar Lula em eventual segundo turno. Isso não seria possível diante de uma federação que requer a defesa de um projeto único. O partido deve tomar a decisão em janeiro.

Outro entrave que precisa ser analisado pelas legendas diz respeito à fórmula a ser adotada para a composição das chapas de deputados estaduais e federais. Ainda cabe à Justiça Eleitoral regulamentar o critério a ser utilizado dentro da federação para definir a distribuição das vagas entre os partidos federados.

As resistências no PT estão concentradas em São Paulo e nas alas mais à esquerda do partido. Já petistas ligados a Fernando Haddad se mostram mais entusiasmados com a estratégia da federação, apesar de o partido não querer abrir mão de candidatura do ex-prefeito ao governo paulista.

O PSB também não abre mão de lançar o ex-governador Márcio França. Já o Psol mantém a candidatura de Guilherme Boulos no estado.

Sem grandes expoentes, a terceira via tem somado menos de 15% das intenções de votos nas pesquisas eleitorais. O campo político optou pelo lançamentos de nomes para, somente depois, definir quem será capaz de angariar mais votos dos eleitores que não querem Lula nem Bolsonaro.

Sergio Moro, até o momento, tem apresentado melhor desempenho, mesmo que aquém dos dois dígitos esperados pela cúpula do Podemos no lançamento de sua candidatura.

No PT, no entanto, o nome de Moro soa mais plausível que do ex-presidente Jair Bolsonaro, quando o assunto é a rivalidade com o ex-presidente que o então magistrado mandou para a prisão.

Moro tem tentado ampliar sua aceitação e chegou a buscar o MDB para abrir diálogo com a senadora Simone Tebet, lançada pré-candidata pelo partido e hoje marcando apenas 1% das intenções de voto.

Desde que se lançou candidata, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) também iniciou uma série de visitas aos demais candidatos do campo, o que rendeu a fama de “vice ideal” da chamada “turma do nem um nem outro”. Tebet se reuniu com o tucano João Doria e também com o futuro presidente do União Brasil, deputado Luciano Bivar, na tentativa de ampliar sua aceitação. No resultado obtido pela terceira via, Doria contribui com a marca dos 3% das intenções de votos, de acordo com as pesquisas mais recentes.

Metrópoles  

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