Candidaturas nos Estados dificultam aliança PT-PSB

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Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados

Os acertos regionais estão bloqueando a negociação nacional entre o PT e o PSB para uma chapa presidencial. A cúpula do PT alega ter feito concessões ao PSB em Estados estratégicos: Pernambuco, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Mas não é isso o que dizem as lideranças locais do PT nos três Estados. Para o PSB, ter a cabeça de chapa em outros dois Estados – São Paulo e Rio Grande do Sul – ainda é prioridade. O presidente nacional do partido, Carlos Siqueira, é enfático: “O PT tem de escolher se quer fazer disputa estadual ou à Presidência da República com o nosso apoio [para eleger o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva]. Podemos inclusive apoiá-los em outros Estados que não estes cinco. Mas nestes nós vamos disputar”, afirma.

No caso de São Paulo, entretanto, um integrante do PSB, que preferiu não se identificar, considera que é possível o partido ceder. “Não sei se São Paulo é imprescindível. Os dois Estados imprescindíveis são onde temos governo: Pernambuco e Espírito Santo. Nos outros, o PSB vai tentar o máximo que puder e avaliar a proposta do PT”, diz o pessebista, para quem a legenda terá apoio em mais de dois Estados e menos de seis. Há interesse também no Acre.

Na semana passada, Siqueira reuniu-se com a presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), para discutir o cenário eleitoral. O principal entrave da aliança tem sido São Paulo e a discussão passa pela definição da chapa à Presidência.

O PSB tem negociado a vice da chapa presidencial de Lula, com a indicação do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, que está de saída do PSDB. O partido, no entanto, ainda precisa filiar o ex-governador, que só deve decidir em 2022 se irá para o PSB ou o PSD. O PSB quer a retirada da pré-candidatura do petista Fernando Haddad para apoiar o ex-governador Márcio França. Nesse cenário eleitoral, Haddad seria candidato ao Senado na chapa de França. O PT paulista resiste a essa proposta e avalia que o PSB é que deve recuar da pré-candidatura de França, lançá-lo ao Senado na chapa petista e apoiar Haddad.

A direção petista argumenta que Haddad tem viabilidade eleitoral maior do que França. Segundo pesquisa Ipespe feita para o Valor, o PSB deve enfrentar dificuldades para convencer os petistas de abrirem mão da candidatura.

No cenário eleitoral testado pelo instituto com Haddad e sem França, o petista lidera, com 27%, seguido por Guilherme Boulos (Psol) e pelo ministro da Infraestrutura Tarcísio Freitas (sem partido) – candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro – ambos com 13%. Já no cenário que é proposto pelo PSB, sem Haddad, quem está à frente é Boulos, com 23%, seguido por França, com 19% e Tarcísio com 10%.

O secretário-geral do PT, deputado federal Paulo Teixeira (SP), que tem participado de perto das negociações com PSB, argumenta que abrir mão da candidatura do ex-prefeito Fernando Haddad em São Paulo é muito difícil para o partido. “O PT tem poucos candidatos a governador. E só temos o Haddad nas regiões Sul e Sudeste”, diz. Os demais, aponta, se concentram no Nordeste: Bahia, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.

Vice-presidente nacional do PT, o deputado José Guimarães (CE) afirma que a escolha política do partido é pelo projeto nacional, mas que São Paulo é imprescindível por ser a “locomotiva”. Já o presidente nacional do PSB afirma que o maior colégio eleitoral do país não deveria ser questão de honra para o PT, pois a legenda nunca elegeu o governador do Estado. “Mas já ganhamos prefeitura da capital. Tem partido que nunca venceu prefeitura nem Estado”, rebate Guimarães, lembrando que o PT já elegeu três prefeitos na capital paulista: Luiza Erundina (atualmente no Psol), Marta Suplicy (sem partido) e Haddad.

No Rio de Janeiro, o deputado federal Marcelo Freixo (PSB), aparece bem colocado em pesquisas de opinião e o PT não tem nome próprio. Mas ainda assim há reticências no PT em apoiar as pretensões do PSB.

Segundo o vice-presidente nacional da sigla, Washington Quaquá, o objetivo do partido no Rio é ampliar as alianças ao máximo e deixar em aberto o melhor caminho para o palanque de Lula no Estado, seja apoiando a pré-candidatura do ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves (PDT), caso o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) desista de concorrer ao Planalto, ou do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, lançado pelo prefeito da capital Eduardo Paes (PSD).

“Lula disse que Freixo era prioridade. Prioridade não é estar fechado”, afirmou Quaquá. Para Siqueira, o ex-presidente firmou compromisso: “O próprio Lula disse a mim, na presença de Freixo, e das pessoas que levei para conversar com ele, que o PT vai com Freixo. E que [o PSB] não se preocupasse com as declarações de Quaquá”, diz.

Pernambuco é considerado um “QG” do PSB e o partido insiste na candidatura própria. O Estado é comandado por Paulo Câmara (PSB) e o ex-prefeito da capital Geraldo Julio (PSB) tem sido cotado para a sucessão pernambucana. O PT cogita lançar o senador Humberto Costa, cujo mandato só termina em 2027. Costa disse que sua eventual candidatura depende da costura do acordo nacional e afirmou que se a aliança em torno de Lula não se consolidar, ele é “candidatíssimo” no Estado.

No Rio Grande do Sul, Estado já governado pelos petistas, o PT lançou como pré-candidato o deputado estadual Edegar Pretto. O comando nacional do partido não descarta totalmente uma composição com o PSB, que apoia a pré-candidatura do ex-deputado Beto Albuquerque. O parlamentar foi vice de Marina Silva (Rede) em 2014 na disputa presidencial.

Dirigentes e parlamentares do Estado, porém, resistem a uma aliança com Albuquerque e insistem na candidatura própria. Outra possibilidade cogitada pelo PT nacional é apoiar uma eventual candidatura da ex-deputada Manuela D’Avila (PCdoB), que foi vice de Haddad na disputa presidencial de 2018.

No Espírito Santo, a aliança entre os dois partidos avançou em torno da candidatura à reeleição do governador Renato Casagrande. Petistas, no entanto, cobram uma defesa mais enfática do governador em relação a Lula. No Acre, a disputa deve ser definida por dirigentes regionais. O PSB tenta atrair o PT para apoiar o deputado estadual Jenilson Leite, pré-candidato do partido.

Valor Econômico

 

 

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