Chapa Lulalckmin tem forte apoio entre candidatos do PT

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Foto: Ricardo Stuckert e Paulo Whitaker/Reuters

Pré-candidatos do PT a governos estaduais na eleição do ano que vem são entusiastas da possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ter como vice o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) na disputa pelo Planalto. A análise é de que essa união de “diferentes” seria importante para derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL), que tentará a reeleição.

“Estou torcendo, rezando para que isso aconteça”, diz ao UOL Zeca do PT, pré-candidato do partido ao governo de Mato Grosso do Sul. “Minha intuição, que significa a minha reza, tende a dar certo. Torço para que dê certo porque é a melhor proposta para o Brasil.”

Aliados no entorno de Lula e Alckmin —que está de saída do PSDB— têm articulado para fazer a construção dessa chapa, que não foi rechaçada pelos dois políticos em declarações recentes. A concretização, porém, é avaliada como improvável por pessoas próximas a eles, e seria mais uma sinalização pensando em um segundo turno e para marcar uma posição contra Bolsonaro.

Alckmin deve anunciar a saída do PSDB ainda este mês e está bem próximo de definir como novo abrigo o PSD, do ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab. Pelo partido, deverá tentar um quinto mandato como governador de São Paulo. A possibilidade de ser vice de Lula seria maior caso Alckmin opte pelo PSB, que já caminha para estar com o PT na eleição do ano que vem, apesar de ter algumas arestas para aparar com os petistas.

Um dos pré-candidatos que dizem torcer para que a chapa vire realidade é o ex-tucano Paulo Mourão, que deve disputar o governo de Tocantins pelo PT. “Eu não só torço. Eu trabalharei para que isso aconteça”, diz. “É o momento de nós nos doarmos para reconstruir o Brasil. Ninguém pode estar com o mínimo de vaidade”, afirma Mourão, que foi colega de Alckmin na Câmara quando os dois eram deputados federais.

Na análise dos pré-candidatos, o momento pede “bom senso”, com a necessidade de chegar a mais pessoas, como diz Geraldo Magela, pré-candidato ao governo do Distrito Federal pelo PT. “Vejo que o Lula precisa ampliar. Nós não podemos fazer política, principalmente política eleitoral, só com iguais. Temos que ter pessoas que somem”, diz. “E avalio que o Alckmin pode somar se ele vier pelo PSB.”

Quando defendem um acerto entre Lula e Alckmin, as lideranças petistas nos estados reforçam a tese de que seria o momento de fazer a luta entre “democracia e autoritarismo”, sendo este representando por Bolsonaro. “Essa aglutinação só ajuda porque, na medida que Lula cresce, nós também crescemos nos estados”, diz Décio Lima, pré-candidato do PT ao governo de Santa Catarina.

“Como filiado, acredito que [a chapa Lula-Alckmin] ajuda a campanha do candidato do governo aqui no Piauí”, diz Rafael Fonteles, que é apontado como provável postulante do PT à sucessão de Wellington Dias (PT). “Uma aliança que facilita o caminho do ex-presidente Lula e, portanto, de seus aliados nos estados.”

Para ele, é importante que o PT busque alianças mais ao centro, independentemente de ser com Alckmin. “O que torço é para que haja composição com outras forças. Se for com Alckmin, muito bom. Se não puder ser com ele por alguma razão, que seja com outra força que tenha esse perfil diferente, mais ao centro para poder somar forças para derrotar o Bolsonaro.”

O momento não é de a gente ficar falando sobre as diferenças entre Lula e Alckmin. O momento é para ver o que nos unifica para disputar com Bolsonaro. Aquilo que nos unifica tem que ser maior do que aquilo que nos divide
Geraldo Magela, pré-candidato do PT ao governo do Distrito Federal

Essa junção de forças que, há tempos atrás eram adversárias, antagônicas, representa uma maturidade política para derrotar algo que é muito pior para a sociedade brasileira, que é o Bolsonaro
Rafael Fonteles, possível candidato do PT ao governo do Piauí

Namoro vira casamento?
No melhor estilo Bolsonaro, Lima diz que, agora, Lula e Alckmin estão na “fase do namoro”. “Não houve noivado, não teve casamento. E, às vezes, a gente namora com muitas pessoas para escolher lá na frente.” Para ele “muitas pessoas podem influenciar nesse casamento”. “Podem até estar entusiasmados, mas a mãe, o pai, os tios ainda não acolheram isso. Os partidos ainda vão fazer os debates. Essa é a fase.”

Um dos entraves para a chapa seria o rumo partidário de Alckmin. O PSD, mais provável destino de Alckmin, reafirma a todo instante que terá candidato a presidente. Já o PSB tem uma briga com o PT pelo protagonismo em alguns estados, como o Rio Grande do Sul.

Para a eleição gaúcha, o PT tem a pré-candidatura de Edegar Pretto ao governo estadual. “A escolha dele [Alckmin] é importante”, diz Pretto, que viu o PSB confirmar Beto Albuquerque como seu adversário, uma pré-candidatura da qual o partido não deve abrir mão. “O PT do Rio Grande do Sul tem um tamanho que deve ser levado em conta”, complementa o petista, dizendo que não faltará do partido esforço para fazer a composição.

Sobre o futuro ex-tucano, Pretto diz que é preciso observar as reações do eleitorado sobre essa composição. “Confio no presidente Lula que ele vai montar chapa para vencer as eleições.”

Em São Paulo, também há problemas. Se Alckmin ficar fora da disputa estadual, Márcio França (PSB) —que seria vice do tucano novamente— e Fernando Haddad (PT) não parecem dispostos a abrir de uma candidatura. Ambos são entusiastas de que Alckmin vá para a eleição nacional. Mas o PSB já indicou que não abriria mão de França no plano paulista.

“Acho que o PT de São Paulo, com todo respeito aos companheiros, deve se somar nesse projeto, dado os desafios que temos pela frente”, opina Zeca do PT.

O PSOL, nos bastidores, também não se mostra muito contente com a possibilidade de ver Lula junto com Alckmin, que teve oposição do partido em seus governos. Na próxima eleição, o PSOL, pela primeira vez, não deverá ter candidatura presidencial para poder apoiar o PT.

“Pode ter um ruído nos setores mais à esquerda, mas acho que temos que dar um voto de confiança ao companheiro Lula e a dimensão que tem a candidatura dele para o Brasil”, diz Zeca do PT. “Temos tempo até maio, quando se firma esse projeto, para a gente construir essa aliança [para a chapa], que entendo como a melhor para ganhar as eleições e governar. Temos que ser, mais do que nunca, pragmáticos.”

Magela lembra que, em 2002, esteve na ala do PT que conseguiu concretizar uma chapa vista como impossível em outras eleições: a de Lula com o empresário José Alencar (PL). “Ele nunca foi de esquerda, mas somava. E somou”. Para ele, Alckmin poderia ajudar agora na interlocução com setores de centro para dar “estabilidade”.

Fonteles diz que aliança com Alencar foi “muito mais difícil” do que a possibilidade apresenta hoje com Alckmin. “Não sei se isso é mais surpreendente do que foi em 2002”, diz. “O PT, naquele momento, percebeu que era algo necessário para poder avançar. O mesmo acho que agora deve ser feito para derrotar o Bolsonaro. O PT tem que fazer essa composição com essas forças de centro.”

Magela, inclusive, espera que, em um hipotético segundo turno entre Lula e Bolsonaro, outros adversários históricos demonstrem apoio ao petista, como o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). “Espero que o Doria esteja com o Lula. Não imagino mais ele apoiando Bolsonaro.”

Uol

 

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