Evangélicos agora ameaçam senadores que votaram contra Mendonça

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Foto: Reprodução

Embora tenham conseguido uma vitória com a aprovação do nome de André Mendonça para ministro do Supremo Tribunal Federal, na noite da quarta-feira, os líderes evangélicos que trabalharam para garantir a nomeação estão incomodados com o fato de o placar da votação ter sido bem menor do que o previsto por eles a partir das promessas dos senadores.

Até a sessão começar, eles contavam que teriam 56 votos a favor do ex-advogado-geral da União “terrivelmente evangélico”. Mendonça, porém, teve 47 votos, o que indica que houve traições. “Vamos buscar um por um”, disse um dos coordenadores do esforço pró-Mendonça, logo após a divulgação do resultado.

A possibilidade de que algumas promessas de apoio não fossem cumpridas já estava contemplada nos mapeamentos feitos pelos evangélicos nas últimas semanas. Há pelo menos dez dias, eles estavam trabalhando em esquema de força-tarefa, com 54 lideranças de todos os estados telefonando para os senadores.

Nesta quarta, até a primeira-dama, Michelle, participou da mobilização pró-Mendonça, acompanhando a votação de dentro do Senado.

Para identificar eventuais traições, pelo menos duas pessoas diferentes telefonavam para o mesmo senador, para checar as respostas dadas. Falavam também com interlocutores, para saber o que eles estavam dizendo aos aliados políticos.

Desse esforço saiu uma lista de 15 senadores que haviam prometido voto tanto para os partidários de Mendonça como para o grupo de Davi Alcolumbre, que trabalhou até o final para barrar a nomeação. É com base nessa lista que os evangélicos vão tentar saber quem virou a casaca na hora do voto.

Dois dos 15 seriam os senadores petistas Jacques Wagner (BA) e Paulo Rocha (PA). Ambos haviam indicado aos evangélicos que poderiam votar em Mendonça. Mas, como o partido costuma votar de forma coesa, não havia muita esperança de que realmente entregassem os votos.

Os traidores que as lideranças evangélicas agora estão tentando identificar estão entre os outros 13 “suspeitos”. Os partidários de Mendonça estão de olho num grupo que vai de Omar Aziz (PSD-AM) e Weverton Rocha (PDT-MA) a Márcio Bittar, recém integrado às fileiras do PSL. Os evangélicos acreditam que eles não resistiram à pressão de Davi Alcolumbre, de quem são próximos.

Embora os líderes evangélicos garantam que não pensam em retaliação e afirmem que só querem saber quem é “ponta firme”, o histórico da relação com Davi Alcolumbre mostra que os “traidores” tem motivo para ficar preocupados.

Nos mais de quatro meses em que Davi Alcolumbre boicotou a indicação de Mendonça e se recusou a marcar a sabatina do candidato de Bolsonaro, pastores como Silas Mafalaia passaram a fustigar o senador no seu estado, o Amapá, e também pelas redes sociais. Malafaia e seus aliados já deixaram claro que não deixarão barato a rejeição de Alcolumbre ao “seu” ministro do STF – o que pode ameaçar a reeleição do senador em 2022, já que o estado tem cerca de 40% dos eleitores evangélicos.

Alcolumbre, porém, não recuou. E decidiu até votar na Comissão de Constituição e Justiça, mesmo sendo tradição que o presidente da comissão deixe a escolha para o suplente. E, provavelmente, foi um dos nove que apertaram o não contra o nome de Mendonça na CCJ.

“A soberba precede a ruína. Ano que vem o povo cristão vai te dar uma resposta nas urnas”, disse Silas Malafaia, mandando recado para Alcolumbre no Twitter nesta manhã.

Sinal de que, pelo menos na política, não existe a palavra perdão.

O Globo

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