Lula e Alckmin tem mais interesse na discussão que na aliança

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Foto: Zanone Fraissat/Folhapress/Reprodução

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-governador Gerado Alckmin têm mais interesse no debate sobre uma hipotética chapa do que na chapa em si. A coluna conversou com lideranças do PT, PSB, PSDB, PSOL, entre outros partidos, para traçar um panorama do Lulalckmin – o “Frankenstein político” que começou à revelia de ambos e ganhou vida própria.

Eles foram informados da negociação envolvendo seu nome pela imprensa. Desde então, têm alimentado a história porque reforça a imagem de Lula como político que faz pontes e valoriza o passe de Alckmin. Mas o foco do ex-governador ainda é Palácio dos Bandeirantes e Lula ainda sonha em atrair o PSB sem conceder o posto de vice, tendo um(a) empresário(a) como vice.

Para essa chapa nacional ter uma chance de prosperar, o que hoje é algo distante apesar do desejo manifestado por muitos, seria necessária a acomodação dos interesses do PSB, PT e PSOL na disputa à candidatura do governo de São Paulo. E, claro, a vontade pessoal dos dois.

Abaixo, em dez pontos, o que impulsiona e o emperra a Lulalckmin:

1) A ideia de uma chapa Lula e Alckmin não veio nem de Lula nem de Alckmin, mas dos envolvidos nas discussões sobre as chapas para a disputa ao governo do Estado de São Paulo. Querem Geraldo, primeiro lugar nas pesquisas, longe. Tanto que Lula e Alckmin foram “informados” das negociações pela imprensa.

2) Uma chapa entre PT e PSDB é antigo sonho de parte da intelectualidade paulistana, incluindo militantes, professores e jornalistas. Isso fez com que, num momento de ultrapolarização e bolsonarismo, ela ganhasse tração. O namoro é tentado desde o pós-Collor. Um empecilho foi o plebiscito de 1993, quando o PT apoiou o presidencialismo e o PSDB o parlamentarismo. Em 1994, houve diálogos visando a uma candidatura única, mas os perfis de Fernando Henrique e de Lula nunca permitiriam abrir mão da cabeça de chapa naquele momento.

3) O tema Lulalckmin foi ganhando espaço na mídia (dá audiência…) e tanto Lula quanto Alckmin deixaram que a história fosse alimentada. Para o primeiro, isso passa a imagem de um político que aceita construir pontes amplas, funciona quase como uma nova Carta ao Povo Brasileiro. Para o segundo, valoriza o seu passe, traz seu nome de volta ao jogo nacional e ajuda a aumentar o seu cacife junto aos partidos, inclusive para a chapa ao governo paulista.

4) O PSB está usando isso para costurar um acordo com o PT. Sugere filiar e indicar Alckmin de vice e quer o apoio de Lula em, pelo menos, cinco chapas estaduais. Mas as negociações para a formação dessa aliança já existiam bem antes de Geraldo aparecer no radar, quando o PSB já queria que o PT abrisse mão de candidaturas em nome de seus candidatos a governo. A questão é que apoiar o PSB no Rio, por exemplo, é fácil, pois Marcelo Freixo já tem a benção de Lula. Mas e em São Paulo, berço do petismo?

5) Na visão do PSB em São Paulo, o partido estaria fazendo uma concessão ao filiar Alckmin, resolvendo um “problema” para o PT e, portanto, seria justo Fernando Haddad desistir de disputar o Palácio dos Bandeirantes e apoiar Márcio França – até porque o ex-prefeito faria parte da equipe de Lula em um hipotético mandato. Na visão do PT em São Paulo, contudo, uma vez que o PSB tivesse a vice nacional com Alckmin não teria legitimidade para reivindicar cabeça de chapa em São Paulo. Isso levou a um curto-circuito.

6) Sem Alckmin e sem Haddad, o terreno ficaria aberto para o pessebista ocupar o lugar da esquerda na disputa? Mais ou menos, pois faltou combinar com os vermelhos, parafraseando Garrincha.

7) Sem Alckmin e sem Haddad, Guilherme Boulos aparece na pesquisa Ipespe, divulgada na quinta (2), como o líder das pesquisas, com 23%, enquanto França tem 19%. Muita gente no PSOL reclama de uma lavoura de notas na imprensa, afirmando que Boulos estaria já disposto a deixar a candidatura ao governo e sair para deputado federal com a promessa de apoio do PT à Prefeitura em 2024. Mas nem no PT acreditam na validade da promessa. Boulos tem conversado com PC do B, Rede e PDT para apoiar sua candidatura e viajado o interior para construir palanques.

8) Apesar das vozes que defendem as vantagens da Lulalckmin como materialização da frente ampla que supera diferenças, gente graúda no entorno de ambos mantém o pé atrás. Menos pelo medo de que Lula seria traído por uma suposta conspiração Pindamonhangaba-Faria Lima ou que Alckmin seria esquecido após a eleição (verba volant, scripta manent…) e mais porque a união entre ambos não agregaria tanto quanto aposta a classe média alta progressista paulistana. Pelo contrário, muitos apostam que uma parte significativa dos eleitores de Lula e Alckmin se sentiriam traídos.

9) Já para Lula e Alckmin interessa avançar nessa conversa mas, até agora, não interessa consolidar. A avaliação é que não são muitos os eleitores conservadores de São Paulo que votariam em Lula porque Alckmin é seu vice. E, do outro lado, Alckmin vê isso como o último movimento possível diante da falta de uma boa articulação de partidos, com recursos, palanques e tempo de TV, que garanta uma candidatura competitiva ao governo.

10) Pessoas que desejam concorrer às eleições de outubro têm até abril para se filiarem a algum partido. E as convenções partidárias para as escolhas das chapas devem ser realizadas até o final do primeiro semestre. O próprio Lula e o próprio Alckmin acreditam que, ao menos, até abril de 2022 a montagem de chapas é pura especulação. Pois há, inclusive, a possibilidade – ainda que pequena – de entrada de empresárias e empresários no jogo político-partidário, que seriam o verdadeiro sonho de consumo de uma chapa petista.

Uol  

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