Militares apostam em Mendonça para não dar golpe

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Foto: Dida Sampaio/Estadão

A chegada de André Mendonça ao Supremo Tribunal Federal (STF) é vista pelo Alto Comando do Exército como a única chance, até o momento, para distensionar as relações entre Jair Bolsonaro e a Corte. Não sem motivo: apesar de enfrentar olhares desconfiados até mesmo de seus novos pares, Mendonça tem melhor interlocução com o ministro Alexandre de Moraes do que Kassio Nunes Marques, o primeiro indicado pelo presidente para ocupar uma cadeira no STF.

Bolsonaro acha que seu maior adversário no Supremo é Moraes, e não Luís Roberto Barroso, que também comanda o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Embora tenha dito que Barroso é “idiota” e entrado em embate público com ele em várias ocasiões, principalmente durante a polêmica do voto impresso, Bolsonaro vê Moraes – a quem chamou de “canalha” – como a maior ameaça a seu governo, à sua família e até mesmo ao plano de reeleição.

Além disso, no início da campanha eleitoral, em agosto de 2022, quem estará à frente do TSE será justamente esse “inimigo”, que tem sob sua alçada importantes inquéritos contra o presidente.

Na avaliação de militares instalados no governo, o Supremo atua de forma política para deixar Bolsonaro “sangrando” até 2022, um cenário que favorece o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É por isso que a cúpula das Forças Armadas não enxerga Mendonça pela lente do “terrivelmente evangélico” ou “lavajatista”, mas, sim, como um aliado que poderá reconstruir a ponte entre o Supremo e o Palácio do Planalto.

Desde que o general Fernando Azevedo e Silva foi demitido do Ministério da Defesa por se recusar a politizar as Forças Armadas, há nove meses, o governo perdeu o elo que o aproximava do Supremo. Azevedo e Silva foi assessor do ministro Dias Toffoli e sempre teve boas relações na Corte. Não é o caso de Braga Netto, seu substituto na Defesa.

Após a crise militar de março, que também levou à demissão dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, Azevedo e Silva “mergulhou”. Agora, porém, assumirá o cargo de diretor-geral do TSE. O gesto foi interpretado por aliados de Bolsonaro como mais uma estocada do tribunal. A partir de fevereiro de 2022, quando o ministro Edson Fachin tomar posse como presidente do TSE, o general será o responsável pelo setor de tecnologia, justamente aquele que cuida das urnas eletrônicas. Foram denúncias infundadas sobre o sistema de votação que levaram Moraes a abrir mais um inquérito contra Bolsonaro.

Em discurso na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), nesta quarta-feira, 15, Bolsonaro definiu Fachin como “trotskista leninista” pelo voto favorável à revisão do marco temporal das terras indígenas. “Kassio empatou (a votação). Pedido de vista (mais tempo para análise) está com o nosso Alexandre de Moraes”, disse o presidente, caprichando no “nosso”, em tom marcado pela ironia. “Se perdermos, eu vou ter de tomar uma decisão, porque entendo que esse novo marco temporal, simplesmente, enterra o Brasil.”

Na prática, ao dizer que precisa de “dois Lexotan na veia por dia para não levar o presidente a tomar uma atitude mais drástica contra o Supremo”, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, não estava isolado. O diagnóstico de que o STF extrapola de suas funções e “está tentando esticar a corda até arrebentar” é compartilhado pela cúpula das Forças Armadas. Para o Alto Comando do Exército, o STF necessita ser “enquadrado”.

Em setembro, o ex-presidente Michel Temer intermediou uma “trégua” entre Bolsonaro e a Corte. Temer conhece bem o seu sucessor e também Moraes, indicado por ele para ocupar a cadeira de Teori Zavascki no STF quando era ministro da Justiça e Segurança Pública. Sabia, portanto, que o armistício duraria pouco. Mas, mesmo assim, tentou. Caberá agora ao “terrivelmente evangélico” Mendonça impedir que militares se juntem aos radicais bolsonaristas na investida contra o Supremo. E haja Lexotan.

Estadão

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