Moro e Bolsonaro disputam mesmo eleitorado

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Foto: GABRIELA BILO

A eleição de 2018 abriu uma ferida que vai levar um bom tempo para cicatrizar sobre a agenda dos costumes no universo político. A vitória do presidente Jair Bolsonaro mostrou que há muito espaço para os defensores de teses conservadoras. Como no jogo político não se escolhe voto, todos os candidatos, inclusive aqueles que discordam da pauta com temas retrógrados da direita, como a objeção ao aborto ou o armamento indiscriminado da população, criarão pontes com esse eleitor.

Bolsonaro sai na frente como representante de uma extrema direita empedernida e liderada pela ala ideológica do governo. Ele não tem qualquer filtro na sua narrativa e isso agrada os extremistas, que veem os excessos com bons olhos. Sergio Moro ainda não se apresentou para defender essa pauta. Mas será colocado contra a parede e terá que se posicionar sobre armamento, homofobia, liberdade religiosa e feminismo, além de outros diversos temas, assim como os seus adversários.

Por sua vez, o ex-presidente Lula já faz sua aproximação com os evangélicos. Segundo pesquisas, o segmento religioso representa cerca de 30% da população. A ideia é dividir os votos, sem os quais a campanha ficaria prejudicada. Na última eleição, o tema do casamento homossexual, a adoção de crianças por esses casais e a ideologia de gênero foi objeto de amplo debate. Atribuiu-se muito ao PT e PSOL a vanguarda dessa discussão, assim como o feminismo e a descriminalização do aborto. Ter um católico como o ex-governador Geraldo Alckmin na chapa sinaliza uma trégua para um público conservador.

Uma fala totalmente equivocada deixou marcas em Ciro Gomes, em 2002. Ele fez um comentário machista a respeito da esposa, na época, a atriz Patrícia Pillar. Ciro não é diferente dos outros candidatos e está interessado no voto conservador. Tanto, que ele fez uma engenharia política bem arriscada e partiu ao ataque contra Lula considerado como extremista da esquerda, visando uma aproximação com setores conservadores da direita.

O governador João Doria terá facilidade de falar com o público conservador. No entanto, o tucano se considera liberal tanto na economia quanto nos costumes, defendendo minorias, mulheres e negros, por exemplo.

“Discutir os costumes é a forma de o presidente não falar da fome, da recessão econômica e da corrupção” Sâmia Bomfim, deputada
O senador Fabiano Contarato e seu companheiro foram agredidos nas redes sociais, por serem homossexuais e terem adotado um casal de crianças. O senador disse à ISTOÉ que “há uma diferença muito grande entre costumes conservadores e o sequestro de tradições por parte de grupos autoritários, violentos e determinados a minar avanços civilizatórios”.

Na seara das discussões religiosas, a ministra das Mulheres, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, é o quadro mais emblemático de um conservadorismo que levou Bolsonaro ao Planalto. Ela já é cotada para disputar uma vaga no Senado e trabalhar pelas pautas retrógradas. No ministério, ela apresenta pouco mais do que discurso vazio. Segundo levantamento feito pelo jornal “O Globo”, apenas 39% do orçamento da pasta foi empenhado, o que significa que mais de 60% não será utilizado por falta de política afirmativa. Damares é vista como uma das mais importantes conselheiras da ala ideológica do presidente e da luta contra o feminismo.

Na contramão do conservadorismo, a deputada Sâmia Bomfim entende que a campanha por André Mendonça para o STF foi um aceno aos evangélicos e a apresentação de uma plataforma conservadora. Ela disse à ISTOÉ que “discutir os costumes é uma forma que o presidente encontra de não falar da questão da fome, da recessão econômica e da corrupção, além de aglutinar seus eleitores mais fiéis”.

A ampla liberação de armas é uma pauta do setor conservador que encontra bastante aprovação entre os eleitores. Vai ser difícil se posicionar contra. A discussão do aborto é outro tabu que não vai ser resolvido nessa eleição e, possivelmente, a pauta será utilizada basicamente como fonte de acusação ao adversário. A liberdade religiosa tem sido confundida com hegemonia, a convivência com o diferente, especialmente com as religiões afro-brasileiras, que tem sido objeto de litígio. Nesse contexto, vale até defender uma pauta contra a imunização da Covid e mentir dizendo que a vacina pode causar Aids. Parece impossível, mas há quem acredite que essa é uma demanda conservadora. Não é. Na verdade, esse é um argumento anti-ciência e até criminoso.

IstoÉ

 

 

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