PIB brasileiro seguirá no fundo do poço ano que vem

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Foto: Reprodução

Após a queda de 0,1% do PIB (Produto Interno Bruto) no terceiro trimestre de 2021, a expectativa da maior parte dos analistas é de uma economia ainda estagnada de outubro a dezembro deste ano. Para 2022, há dúvidas entre um cenário de crescimento muito fraco ou até de recessão.

Entre os fatores mais importantes para o próximo ano estão a intensidade do aumento dos juros, a continuidade da reabertura das atividades econômicas e o ambiente eleitoral, que costuma gerar incertezas.

O resultado do terceiro trimestre ficou muito próximo do esperado pelo mercado, que era de estabilidade (0%), embora tenha havido alguma surpresa na sua composição, principalmente por causa da queda na agropecuária, que chegou a 8%.

O fato de a redução dos estoques nesse mesmo setor ter retirado 0,5 ponto percentual do PIB também trouxe algum otimismo diante da avaliação de que a demanda cresceu 0,4% no período, puxada pelo consumo das famílias e do governo.

Rafaela Vitoria, economista-chefe do Inter, projeta crescimento de 0,5% em 2022 para o PIB e diz que o resultado dependerá, principalmente, do tamanho do aperto monetário promovido pelo BC (Banco Central). O cenário considera uma taxa básica de juros passando dos atuais 7,75% para 11% ao ano, abaixo das projeções de mercado, em torno de 12%.

Ela lembra que esse crescimento ainda representa um quadro de estagnação para o país, mas diz enxergar a possibilidade de um dado mais positivo.

Isso dependeria de uma política monetária menos restritiva, de uma normalização de problemas de oferta e da possibilidade de uma recuperação total dos serviços, que ainda estão abaixo do nível pré-crise.

“Acho que vamos começar a ter um debate de que não precisamos mais de choques de juros. Choques de juros têm um custo alto para a economia, essa estagnação mostra isso. Uma alta mais moderada pode trazer pequeno alívio para a atividade e afastar esse risco de uma recessão severa em 2022”, afirma a economista-chefe do Inter.

“Estamos no caminho de controlar a inflação, e agora o debate é que o Brasil precisa voltar a crescer.”

No quarto trimestre de 2021, o PIB tende a ser beneficiado novamente pelo setor de serviços, que ainda registra uma base de comparação fragilizada pela pandemia, diz a economista Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).

Isso, contudo, não tiraria a atividade econômica de um cenário de estagnação, aponta a analista. Segundo ela, o PIB deve avançar 0,6% entre outubro e dezembro deste ano e 0,7% no acumulado de 2022.

“O crescimento de serviços é automático, consequência da reabertura da economia. Por isso, tem de ser visto com cautela”, pondera.

O economista do Itaú Luka Barbosa diz que a instituição mantém a projeção de alta de 0,1% no quarto trimestre deste ano e de queda do PIB de 0,5% em 2022.

Para ele, um aumento menor da taxa básica de juros, uma recuperação mais forte dos serviços e um cenário global mais favorável são os principais fatores que poderiam levar a um resultado melhor para o Brasil.

“A economia está crescendo muito pouco na margem, próxima de zero. A nossa visão, olhando mais para o futuro, é de uma leve recessão.”

Na opinião do economista Fernando Veloso, pesquisador do Ibre/FGV e membro do Codace (Comitê de Datação de Ciclos Econômicos), os dois trimestres consecutivos de PIB negativo e próximo de zero sugerem uma economia estagnada.

“O resultado é, sem dúvida, bastante negativo. O PIB está próximo do patamar do final de 2019. É insuficiente diante de tudo que aconteceu depois, na pandemia”, analisa.

Em relatório divulgado nesta quinta, a Asa Investments sinaliza preocupação com o quadro fiscal do país, em meio às negociações envolvendo o pagamento do Auxílio Brasil. Na visão da gestora, as incertezas com o rumo das contas públicas sustentam projeções de atividade econômica fraca no próximo ano.

A Asa agora projeta queda de 0,5% para o PIB em 2022. “Com a inflação rodando acima de dois dígitos, chegamos à estagflação [atividade fraca e preços em alta], mesmo em contexto de crescente normalização da atividade econômica pela redução dos impactos da pandemia”, aponta o relatório.

Luciano Sobral, economista-chefe da Neo Investimentos, diz esperar um crescimento de 0,6% no quarto trimestre e de 1% em 2022. Ele afirma não estar tão pessimista quanto grande parte do mercado, por fatores como recuperação do mercado de trabalho e a expectativa de safra.

Mas diz que, para evitar cair em uma recessão, o país precisa de um ambiente doméstico um pouco mais estável, o que pode depender do resultado das eleições e do tamanho da alta dos juros no próximo ano.

Igor Velecico, economista-chefe da Genoa Capital, afirma que o aperto monetário promovido pelo BC será sentido de forma mais intensa a partir do quarto trimestre, período em que o PIB deverá ficar estável.

Ele projeta uma queda de 0,5% no próximo ano e afirma que a alta dos juros será o fator mais relevante para definir esse cenário.

Afirma ainda que, se o BC realizar um aumento insuficiente para controlar a inflação, o resultado de 2022 será melhor, mas o crescimento dos anos seguintes estará comprometido.

“Tem algumas histórias boas quando a gente olha para o ano que vem, o problema é que o choque de inflação ficou tão grande que está obrigando o BC a dar uma resposta mais intensa de juros.”

Folha de S. Paulo

 

 

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