Políticos bolsonaristas bloqueiam mais seguidores nas redes

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Foto: Cristiano Mariz

Aprovado no grupo de trabalho da Câmara dos Deputados, o projeto de lei que analisa a legislação sobre fake news prevê em um de seus artigos que agentes públicos sejam impedidos de bloquear seguidores em suas redes sociais. A restrição é vista por especialistas como ameaça à Lei de Acesso à Informação e tem motivado ações judiciais. Dados reunidos por plataformas que acompanham os bloqueios apontam que os campeões na falta de transparência são políticos bolsonaristas.

A ferramenta Bolos AntiBlock, criada pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e pelo site Congresso em Foco, já registrou pelo menos 558 bloqueios de autoridades desde 12 de abril deste ano. O campeão de bloqueios é o presidente Jair Bolsonaro (PL), com 122; e apoiadores de seu governo dominam o “top 10”.

Políticos bolsonaristas lideram bloqueios de seguidores nas redes

Nesse grupo, estão Abraham Weintraub (70), Marco Feliciano (45), Flávio Bolsonaro (44), Carla Zambelli (30), Ricardo Salles (25), Osmar Terra (25), Eduardo Bolsonaro (23) e Luiz Philippe de Orleans e Bragança (21). Políticos de oposição, como os governadores de São Paulo, João Doria (5), e do Maranhão, Flávio Dino (2), a presidente do PT Gleisi Hoffmann (2) e o senador Randolfe Rodrigues (2), também estão no rol.

Em agosto, a ONG Human Rights Watch publicou um relatório com 176 perfis, entre jornalistas, congressistas e influenciadores, banidos por Bolsonaro. A conta da própria instituição foi bloqueada pelo chefe do Executivo e, mais recentemente, também foi banida pelo ministro da Educação, Milton Ribeiro.

Segundo a ONG, as restrições se tornaram “uma prática contínua por parte de membros do governo Bolsonaro” que “impede que pessoas participem do debate público e viola liberdade de expressão”.

Os bloqueios do presidente levaram o professor de Direito da Unidade de Ensino Superior Dom Bosco, no Maranhão, Thiago Gomes Viana a coletar uma série de casos de restrição de perfis nas redes sociais. Ele ingressou, em 2019, com uma ação popular para pedir a ilegalidade do bloqueio. A ação tramita na Justiça Federal, em Brasília.

Para Viana, autoridades impedirem pessoas de acessarem suas publicações fere o direito de acesso à informação, que é garantido pela Constituição. Além disso, dificulta a fiscalização do poder público pela sociedade.

— O bloqueio de usuários por parte de autoridades públicas compromete o acesso à informação, o que prejudica o próprio exercício da cidadania, portanto é prática ilegal — diz o professor de Direito, ao apontar riscos desse cerceamento. — A falta de transparência de um governo é terreno fértil para corrupção porque impede o controle social exercido pela sociedade civil.

Como ainda não há definição jurídica sobre o tema — o que pode ser mudado com a aprovação do PL das Fake News —, usuários são obrigados a recorrer à Justiça quando têm o acesso vedado a perfis de agentes públicos. Após o ex- ministro da Educação Abraham Weintraub bloquear a professora e pesquisadora da Universidade de Brasília (UnB) Debora Diniz, por exemplo, um grupo de 111 advogadas entrou com um mandado de segurança contra a restrição. Elas argumentaram que o Twitter oficial de um agente público do alto escalão do governo não é apenas uma conta pessoal, mas um canal de diálogo com os cidadãos.

Ainda segundo dados da Bolos AntiBlock, o cargo de deputado federal é o que mais bloqueia (41,4%), seguido pelo de presidente/vice-presidente (21,86%) e o de ministro (18,82%). Dentre as dez áreas de atuação mais bloqueadas, estão jornalistas (101); profissionais de Direito (58), Educação (40), Publicidade (35) e Administração (25); estudantes (22); profissionais de Comunicação (21), Desenvolvimento de Software (15) e Artes (14) e funcionários autônomos (13).

Nos Estados Unidos, o ex-presidente Donald Trump foi obrigado pela Suprema Corte a desbloquear usuários das redes sociais. O tribunal entendeu que perfis na internet — mesmo que sejam pessoais — quando usados por autoridades públicas para fazer anúncios, divulgação de dados e informações de interesse público, devem garantir a todo e qualquer cidadão o direito ao acesso a tais informações.

O entendimento da Justiça foi o mesmo em processos no México, em 2017, quando um jornalista foi bloqueado no Twitter pelo perfil pessoal do promotor de Veracruz Jorge Winckler Ortiz; e na Costa Rica, depois que um internauta foi impedido de interagir nas publicações do perfil oficial da presidência do país. Na ocasião, em 2012, o cargo era ocupado por Laura Chinchilla. O caso chegou à Suprema Corte e, no julgamento, os magistrados consideraram que o cidadão teve a sua liberdade de expressão violada.

No Peru, no entanto, um internauta foi bloqueado, em 2015, pelo então presidente do Conselho de Ministros, Pedro Cateriano Bellido. Ele tentou reverter a ação na Justiça. O caso foi à Corte Constitucional em 2019, e o entendimento foi que o pedido não tinha fundamento, já que há contas do Conselho de Ministros e da Presidência da República para transmitir dados oficiais. Já na Polônia, o jornalista Norbert Orłowski foi impedido de interagir na página no Facebook do prefeito de Ciechanów, Krzysztof Kosiski.

O Globo 

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