Relembre histórico de agressões de Bolsonaro à imprensa

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Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

O caso de agressão a jornalistas durante passagem do presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo sul da Bahia, neste domingo, é o mais recente de uma série de ataques a profissionais da imprensa desde a posse do mandatário, em 2019.

Os casos de violência física e verbal contra equipes de jornalismo — seja em manifestações, eventos oficiais ou pelas redes sociais — motivaram repúdio de associações representativas e reações dos veículos de imprensa. Uma delas foi a interrupção da cobertura no “cercadinho” do Palácio da Alvorada, onde o chefe do Executivo costumava dar entrevista à imprensa.

Os episódios de agressões físicas, em geral, envolvem a atuação de seguranças e apoiadores de Bolsonaro, que, entretanto, mantém uma narrativa de confronto aberto com veículos de comunicação e o exercício da liberdade de imprensa.

Relembre episódios de violência envolvendo a cobertura do governo Bolsonaro:

Posse
A gestão Bolsonaro deu os primeiros sinais de hostilidade aos jornalistas durante a cerimônia de posse do presidente, em 1º de janeiro de 2019. Na ocasião, profissionais foram submetidos a diversas restrições impostas pela organização. O evento não serviu refeição ou água às equipes de cobertura e, diferentemente de posses anteriores, a circulação pelos espaços da cerimônia foi limitada. A orientação do cerimonial foi para “não tentarem pular a cerca de jeito nenhum”.

No mesmo evento, a agressividade contra jornalistas se repetiu nas redes sociais. Como mostrou levantamento do Estadão, o assunto que mais deu audiência a apoiadores do governo naquele dia não foram comentários, comemoração ou elogios à cerimônia em Brasília, mas provocações à oposição e à imprensa, repetindo polarização política que havia dominado a campanha eleitoral.

Perseguição
Nos meses seguintes, a rede bolsonarista continuou promovendo ataques e linchamentos virtuais e contra repórteres que atuavam em coberturas sensíveis ao governo. Então profissional do Estadão, a jornalista Contança Rezende tornou-se alvo de um violento ataque digital devido às suas reportagens sobre o Caso Queiroz em março de 2019. O próprio presidente da República compartilhou os ataques em seus perfis, dando amplitude à onda de xingamentos e ameaças.

Chutes, murros e empurrões
Em maio de 2020, uma equipe do Estadão foi agredida com chutes, murros e empurrões enquanto cobria uma manifestação a favor do presidente na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Na ocasião, o fotógrafo Dida Sampaio foi derrubado do alto da escada de onde registrava o ato.

O episódio motivou uma nota de repúdio da Associação Nacional de Jornais (ANJ), que destacou o “discurso belicoso e ultrajante do presidente da República” em relação aos jornalistas. “Além de atentarem de maneira covarde contra a integridade física daqueles que exerciam sua atividade profissional, os agressores atacaram frontalmente a própria liberdade de imprensa. Atentar contra o livre exercício da atividade jornalística é ferir também o direito dos cidadãos de serem livremente informados”, dizia a nota.

Misoginia
Em fevereiro de 2020, a jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S.Paulo, foi alvo de insultos com conotação sexual do presidente e seus filhos. O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) disse não duvidar que a repórter “possa ter se insinuado sexualmente” para ter acesso às informações de uma reportagem, enquanto o chefe do executivo fez piada com o termo jornalístico “furo” para se referir à repórter.

“Ela queria dar um furo. Ela queria dar um furo a qualquer preço contra mim”, disse o presidente.

As mulheres são alvos frequentes das ofensas do mandatário e de seus apoiadores. Após ser questionado sobre o uso de máscara em uma entrevista coletiva nas intermediações de Aparecida, no interior de São Paulo, o chefe do Executivo insultou uma jornalista da TV Vanguarda, afiliada da TV Globo em São José dos Campos e mandou a profissional “calar a boca”. “Vocês são uma imprensa canalha. Vocês não ajudam em nada, vocês destroem a família brasileira, destroem a religião”.

Simultaneamente, insultos e xingamentos por parte de apoiadores do presidente se tornavam frequentes contra a imprensa no “cercadinho” em frente ao Palácio da Alvorada, local onde Bolsonaro costuma parar para cumprimentar apoiadores e, à época, dar entrevistas. O ápice ocorreu em maio de 2020, quando os principais veículos de imprensa do País decidiram suspender a cobertura em frente ao Palácio da Alvorada.

Em março deste ano, dois jornalistas foram agredidos enquanto trabalhavam na cobertura de manifestações a favor do presidente Jair Bolsonaro em Belo Horizonte e Salvador. Na capital mineira, um repórter fotográfico do jornal Estado de Minas foi alvo de chutes e chamado de “comunista” por apoiadores do presidente. Em salvador, uma jornalista do Correio foi cercada por manifestantes e chamada de “vagabunda” e “palhaça”, entre outras ofensas. As agressões foram motivo de repúdio de entidades representativas.

Em outubro, jornalistas brasileiros que acompanhavam o presidente Jair Bolsonaro em Roma, onde ele participou da Cúpula de Líderes do G-20, relataram agressões por parte da equipe de segurança do chefe do Executivo. As hostilidades aconteceram, conforme os relatos, antes e durante uma caminhada improvisada do mandatário com apoiadores que se reuniram frente à embaixada do Brasil. Durante a espera pelo presidente, profissionais da imprensa foram empurrados por seguranças e hostilizados pelos manifestantes.

Ao indicar que faria uma caminhada pelo bairro, Bolsonaro foi seguido por equipes de reportagem. Neste momento, jornalistas passaram a ser empurrados pelos seguranças e houve agressões. Um profissional da TV Globo disse ter recebido um soco no estômago. Os veículos que presenciaram o momento foram impedidos de gravar. O celular de um jornalista foi jogado na via.

O episódio gerou repúdio da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e de veículos de imprensa. Alguns políticos também se manifestaram sobre o ocorrido, como os senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Estadão

 

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