São Paulo cancela dezenas de desfiles de Carnaval

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Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Vinte e quatro blocos cancelaram a participação do carnaval de rua de São Paulo em 2022. A lista foi publicada nesta quinta-feira, 23, no Diário Oficial, e inclui cortejos de artistas e produtores populares, como Pipoca da Rainha (Daniela Mercury), Bloco das Gloriosas (Gloria Groove), Bloco do Abrava (Tiago Abravanel) e Bloco do Kondzilla (ligado especialmente ao funk), e de agremiações locais, como Te Amo, Mas Só Como Amigo, Vem Ku Nóis Ó e Filhas da Lua.

Com o avanço da variante Ômicron e os surtos de gripe, tem crescido a incerteza sobre a realização do carnaval de rua em todo o País. Em São Paulo, a Prefeitura tem destacado que a decisão final será da Saúde e há a expectativa de que seja anunciada até o fim do mês.

Ao Estadão, Célio de Azevedo, um dos fundadores do bloco Vem Ku Nóis Ó, confirmou que a decisão pelo cancelamento foi motivada pela situação sanitária. “Estamos na fase de contenção ao vírus da covid-19 e outras variantes. Consciência, responsabilidade e respeito à saúde”, afirmou. Criado no fim de 2015, a agremiação reuniu 15 mil pessoas nas ruas da Freguesia do Ó, na zona norte, no último carnaval, segundo Azevedo.

Justificativa semelhante foi apontada por Maite Cassandra, uma das fundadoras do Te Amo, Mas Só Como Amigo, que desfila desde 2017 no pós-carnaval de Pinheiros, na zona oeste. “Entendemos a responsabilidade em realizar o desfile em um cenário difícil. Nosso desfile envolve meses de planejamento e dedicação, além do compromisso com a saúde e segurança de todos”, apontou. Segundo ela, o bloco vai se voltar a atividades com “maior controle”, “preservando nossa bateria, apoiadores e foliões”.

Maite destacou, ainda, as dificuldades enfrentadas para a preparação diante de um cenário de incertezas. “As atuais incertezas sobre a nova variante já colocavam em risco a realização do carnaval 2022. O cancelamento do réveillon e manutenção do uso de máscaras foram indicadores que prejudicaram muito a percepção de viabilidade do carnaval e muitas empresas patrocinadoras ficaram inseguras, dizendo que tudo aponta para um cancelamento. Em paralelo, a falta de canais abertos de comunicação com a Prefeitura dificulta muito termos uma posição oficial e clara sobre quais fatores estão sendo usados na decisão de ainda manter o carnaval de rua”, salientou.

Como mostrou reportagem do Estadão, parte dos blocos se inscreveu com hesitação e decidirá se desfilará de fato apenas mais perto da data, enquanto outros retomaram os ensaios presenciais e começaram a promover festas. Alguns também consideram a possibilidade de celebrar a festa em locais com controle de acesso, como em áreas ao ar livre e casas de festas. Segundo o regulamento do carnaval de rua, o cancelamento sem ônus para as agremiações é permitido com até 30 dias de antecedência. Caso seja comunicado em prazo inferior, a punição é a proibição de desfilar por dois anos seguidos.

Também à frente de um dos blocos cancelados, Daniela Mercury já havia sinalizado que não participaria do carnaval de rua deste ano. “Sinto muito em anunciar isso, mas avaliamos bem a situação e chegamos à conclusão que o cenário é muito incerto”, declarou a cantora, que costuma desfilar com o Pipoca da Rainha na Rua da Consolação.

Já o Bloco Filhas da Lua, do Bixiga, comunicou a decisão em rede social. “Informamos que as atividades do Bloco Filhas da Lua seguem suspensas por tempo indeterminado”, destacou. “As fundadoras do Bloco estão em diálogo para solucionar algumas questões. Por esse motivo, foi tomada a decisão conjunta de que não faremos desfile no Carnaval de Rua de 2022.”

Mais de 520 desfiles de carnaval seguem confirmados em São Paulo
A publicação no Diário Oficial inclui, ainda, a liberação de mais 92 desfiles na cidade, além dos 440 aprovados em novembro. Ao todo, portanto, a cidade está com 524 cortejos autorizados (com a subtração dos oito admitidos que cancelaram). Porém, outros 119 estão com pendências e poderão enviar os documentos faltantes até 28 de dezembro, com a permissão a depender do cumprimento de pré-requisitos do regulamento.

Entre as novas confirmações, estão blocos novatos e tradicionais da cidade, como o Esfarrapado, e também de artistas personalidades de popularidade nacional, como o Navio Pirata (do grupo BaianaSystem) e Good Crazy (do jogador Daniel Alves). A lista de desfiles autorizados também inclui Acadêmicos do Baixo Augusta, Galo da Madrugada, Frevo Mulher (da Elba Ramalho), Bicho Maluco Beleza (Alceu Valença), Monobloco e outros.

Em três momentos, a portaria publicada nesta quinta-feira destaca que a “autorização definitiva para a realização do Carnaval de Rua da Cidade de São Paulo em 2022 está condicionada à liberação pela COVISA (Coordenadoria De Vigilância Em Saúde)”.

O carnaval de rua está em fase de organização e planejamento pela Prefeitura, que anunciou a patrocinadora oficial (uma subsidiária da Ambev) no início de novembro, por R$ 23 milhões. À imprensa, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) tem destacado o impacto financeiro que um eventual cancelamento causaria ao setor cultural e aos vendedores ambulantes que trabalham durante os desfiles.

A expectativa da gestão Nunes é de atrair de 15 a 18 milhões de pessoas. A programação é concentrada majoritariamente em oito dias: 19 e 20 de fevereiro (pré-carnaval), 26, 27, 28 de fevereiro e 1º de março (carnaval) e 5 e 6 de março (pós-carnaval).

Inscrições de desfiles caíram 9,68% no carnaval de rua de SP
Após crescimento ano a ano nas edições anteriores, as inscrições para o próximo carnaval caíram 9,68%. Foram 867 solicitações de desfiles para 2022, ante as 960 de 2020.

O número de desfiles realizados em comparação aos inscritos costuma cair até o carnaval, por motivos relacionados a patrocínio, logística e outros. Em 2020, foram realizados 670 desfiles, de acordo com balanço municipal.

As inscrições também caíram no Rio, de 731 para 620, uma redução de 15,18%. Por lá, os números também costumam variar até a chegada do carnaval. Do total em 2020, por exemplo, 441 foram autorizados a ocorrer.

Uma pesquisa do Observatório do Turismo da Prefeitura, feita em 2020, apontou que 73,6% dos foliões moram na cidade e que 50,4% vai a mais de um desfile. Entre os visitantes, 59,3% vivem na Grande São Paulo, 20,7% no interior paulista, 19,4% em outros Estados e 0,6% fora do País.

Outro dado apontado no levantamento é que o público majoritariamente utiliza transporte coletivo para ir aos desfiles, principalmente ônibus ou trem (51,4%) e ônibus (31,6%). Durante a programação, são frequentes casos de estações e veículos com alta lotação.

Em coletiva realizada em outubro deste ano, a Prefeitura destacou que 85% do público frequenta cerca de 10% dos blocos, de médio e grande porte. Os chamados megablocos geralmente são liderados por agremiações e artistas populares e ficam concentrados em grandes vias, como a Rua da Consolação e o entorno do Parque do Ibirapuera, dentre outras.

Veja a lista dos blocos que cancelaram os desfiles no carnaval de rua de São Paulo:
Fresquinhas (subprefeitura Vila Prudente)

Tarsilas & Andrades (subprefeitura Sé)

Arena Folia (subprefeitura Vila Prudente)

Bloco do Abrava (subprefeitura Pinheiros)

Bloco do Kondzilla (subprefeitura Pinheiros)

Cobra Criada (subprefeitura Butantã)

Bloco da Osse (subprefeitura Santo Amaro)

Bloco Filhas da Lua (subprefeitura Sé, com três desfiles)

O Baile (subprefeitura Pinheiros, com dois desfiles)

Bloco TT (subprefeitura Pinheiros, com dois desfiles)

Carna-Grime (subprefeitura Sé)

KiaMor de Carnaval (subprefeitura Pinheiros)

Bloco das Gloriosas (subprefeitura Mooca)

Banda Mon Amour (subprefeitura Freguesia do Ó/Brasilândia)

Bloco de Rua Vem Ku Nóis Ó (subprefeitura Freguesia do Ó/Brasilândia)

Bloco Carnavalesco Bufalos de Vila Prudente (subprefeitura da Vila Prudente)

Carnafluxo (subprefeitura da Vila Prudente)

Vra Power (subprefeitura Sé)

Bloco do Fubá (subprefeitura Sé)

Conselho do Samba (subprefeitura Vila Prudente)

Bloco Te Amo Mas Só Como Amigo (subprefeitura Pinheiros)

Afoxé Filhos de Gandhy SP (subprefeitura Sé)

Pipoca da Rainha (subprefeitura Sé)

Bloco do Piruka/Kondzilla (subprefeitura Lapa)

Estadão 

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