Simone Tebet diz que Lula é diferente de Bolsonaro

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Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

Recém-lançada candidata a presidente da República, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) diz não entender a desconfiança em torno de seu nome para as eleições de 2022 e minimiza a importância do apoio de caciques do partido em sua campanha eleitoral.

“Se eu depender de meia dúzia da cúpula me apoiar ou não, é porque eu não tenho condições de ser candidata a presidente da República”, afirma em entrevista à Folha, nesta quinta-feira (9).

“Todos os partidos são rachados, até o PT tem divergências, a esquerda tem divergências. Você acha que eu vou depender de nomes que a princípio vocês acham que não estão comigo para ganhar eleição? Se eu depender disso para ganhar a eleição, então está certo, o MDB não pode lançar candidato a presidente da República”, completa.

A senadora lembrou que o MDB não é o único partido com divergências internas nesse início de disputa eleitoral –o PSDB precisou realizar prévias entre João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS) antes de anunciar o governador de São Paulo como seu nome para 2022.

Apesar da participação de nomes importantes do MDB, algumas ausências foram notadas no lançamento da pré-candidatura de Tebet, em especial a do senador Renan Calheiros (AL), próximo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nesta quinta, o partido fez um trabalho para reiterar a presença de caciques do partido e divulgou uma lista dos nomes que estiveram no evento, realizado nesta quarta-feira (8) em um hotel em Brasília.

“Um partido que tem 5 milhões de filiados, que tem 900 prefeitos, que tem a maioria dos vice-prefeitos, dos vereadores, qual o problema de ter três ou quatro senadores que não apoiam a candidatura da presidente da República? Não estou entendendo de onde essa desconfiança”, rebateu.

“Ah, e as ausências? Mas peraí, 11 dos 15 senadores estavam lá. Eu vou falar dos quatro que não foram? Os quatro que não foram tiveram suas razões e, no momento oportuno, vão estar falando conosco. Nós vamos comprovar que nosso caminho é o melhor.”

Na avaliação da senadora, as chances de seguir até o final da campanha são as mesmas de outros pré-candidatos no campo da terceira via. A candidatura de Tebet é vista com descrença por campos do centro, que indicam que ela deve acabar saindo como vice de algum outro nome, como o ex-juiz Sergio Moro ou o próprio Doria.

“Eu não tenho compromisso de dar meu nome para ser vice”, afirmou. “O MDB não tem compromisso comigo de me dar a vice. Eu não quero esse compromisso, eu não pedi.”

Tebet defende que sua candidatura é uma saída para a atual polarização registrada no país. Ela afirma que o Brasil precisa “ter alternativa a isso que está aí, e não necessariamente alternativa é aquela que nós imaginamos”.

“Por isso é que eu acho que todos têm que colocar o bloco na rua”, diz. A pré-candidata do MDB afirma que o eleitor precisa ter opção. “E não sou eu que vou dizer, não é o PSDB, não é o PSD, não é ninguém que vai dizer quem vai ser o candidato que vai conquistar o coração.”

Para ela, há uma “angústia” do centro de “está passando da hora”. “Não está passando da hora, porque nós não sabemos ainda quem é que vai conquistar ou que está conquistando o coração das pessoas, do eleitorado. Lá atrás, essa pressa nos levou a Bolsonaro.”

Ao ser questionada sobre qual dos dois nomes seria pior para o Brasil, Tebet afirma que “ninguém se equivale a Bolsonaro.”

“Porque hoje, dos players, o único que não é democrático, o único que flerta com o autoritarismo é o Bolsonaro. Então nesse aspecto eu não igualo ninguém, nenhum.”

Uma disputa em segundo turno entre Lula e Bolsonaro, afirma, divide o país. “É o pior dos cenários que nós podemos ter. Porque a eleição não vai terminar em 2022. E se for Lula e Bolsonaro no segundo turno, a sensação que eu tenho é que Lula não consegue governar.”

Em seu discurso no lançamento, Tebet criticou outsider e aventureiros. Nesta quinta, ela negou ter sido uma referência ao ex-ministro da Justiça. No entanto, avaliou que o problema do ex-juiz é comprovar que tem experiência administrativa.

“Porque não é fácil governar um país como o nosso. Vindo de fora da política, menos ainda. Mas não é o fator decisivo ter vindo de fora da política. Posso estar totalmente equivocada. Mas eu acho que o problema do Moro é não ter problema administrativa, capacidade de gestão comprovada”, disse.

Após lançar a pré-candidatura, a senadora foi criticada por ter sido favorável ao nome do ex-advogado-geral da União André Mendonça a uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal). Segundo ela, não havia uma opção –uma ala do Senado trabalhou para derrotar o nome do ex-ministro da Justiça para poder indicar o atual procurador-geral da República, Augusto Aras.

“Seria uma contradição, se eu tivesse opção. É preciso entender os meandros dos bastidores. Era escolha entre dois Ases: Aras e André Mendonça”, ressaltou.

“Pelo menos o André Mendonça, que foi ministro da Justiça, tem uma bagagem, tem um bom conceito no mundo jurídico. Ele é mais equilibrado em relação às análises que são feitas no sentido mesmo de combate à corrupção para a faca inclusive não cortar de um lado só. Já começa por aí.”

“O Aras, para mim, é o que teria de pior no Supremo, porque ele faria exatamente o que ele faz na procuradoria: engavetar todo e qualquer projeto do presidente da República e não ter a capacidade de avançar em pautas que para mim são caras.”

A senadora também falou sobre o embate que teve com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), envolvendo a promulgação da PEC (proposta de emenda à Constituição) dos precatórios.

Após mudanças feitas pelo Senado, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), decidiu fatiar o texto e promulgar apenas as partes comuns, gerando insatisfação de senadores.

Tebet acusou Pacheco de descumprir acordo feito com senadores. “Quando saímos da reunião, eu falei mais de uma vez: ‘eu não confio no Lira, mas no senhor eu confio. Eu quero dizer que te dou, não um cheque, te dou uma carta em branco. Pode fatiar, pode promulgar o que quiser. Agora, não promulgue nada sem a vinculação do espaço fiscal’”,disse.

Tebet criticou ainda as emendas de relator, instrumento que tem sido utilizado como moeda de troca em negociações no Congresso e que foram suspensas –e depois liberadas– pelo STF.

“A questão é que a RP9 [emenda de relator] ameaça a democracia representativa como nós conhecemos a vida inteira e no mundo”, afirmou. “Porque dá muito dinheiro para alguns mandarem para seus currais eleitorais, contra outros porque são oposição ou não concordam com as mesmas emendas, que vão disputar a mesma eleição. Então não há igualdade.”

Folha  

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