Bolsonaro agora tenta investir em projetos identificados com Lula

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Foto: Alan Santos/PR / Agência O Globo (30/07/2020)

Em meio aos preparativos para a disputa à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro tem apostado em programas e projetos associados ao governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao PT para chegar ao eleitorado de menor renda, no qual o pré-candidato rival tem maior vantagem. Os casos mais recentes envolvem o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e o Programa Universidade para Todos (ProUni), voltados para o acesso ao ensino superior privado e vitrines da gestão petista na área da Educação. Bolsonaro também disputa a paternidade da transposição do Rio São Francisco. O carro-chefe, porém, é o Auxílio Brasil, que substituiu o Bolsa Família.

No fim do ano passado, o presidente editou uma medida provisória que possibilita a renegociação de dívidas do Fies em até 12 anos. Em outro aceno, Bolsonaro liberou o acesso ao ProUni para ex-alunos de escolas privadas que não tiveram bolsa no ensino médio.

A disputa sobre os resultados de marcas dos governos petistas ficou evidente no pronunciamento de fim de ano de Bolsonaro no rádio e na TV. Mirando eleitores do Nordeste, o presidente disse que a transposição do Rio São Francisco “finalmente é uma realidade” e que o governo está “levando mais água para o Nordeste”.

Em outubro do ano passado, Bolsonaro participou de inaugurações da “Jornada das Águas”, que passou por todos os estados do Nordeste. As obras da transposição começaram no governo Lula, lançadas pelo então ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, e atravessaram os mandatos de Dilma Rousseff e Michel Temer.

No pronunciamento de fim de ano, o presidente também citou dados de casas entregues pelo programa Casa Verde e Amarela, que substituiu o Minha Casa Minha Vida, fez questão de dizer que o Auxílio Brasil é um “programa melhor e mais abrangente que o antigo Bolsa Família”e enfatizou o investimento do governo no auxílio emergencial, pago em um período da pandemia.

— O total pago em 2020 (com auxílio emergencial) equivale a mais de 13 anos de gasto com o antigo Bolsa Família — afirmou.

O valor do pagamento emergencial, após ação do Congresso, alcançou R$ 600, enquanto o Auxílio Brasil pagará R$ 400 aos beneficiários.

Para a professora de Ciência Política da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) Luciana Veiga, a estratégia do presidente reforça que Bolsonaro está preocupado com o eleitorado de menor renda, que tende a ter perfil mais pragmático e focado em temas da economia. Esse grupo, diz a pesquisadora, foi essencial para a vitória de Bolsonaro em 2018, mas tem na memória um cenário econômico mais favorável no governo Lula.

— O desafio de Bolsonaro é entrar nesse eleitorado, do qual precisa numericamente para ganhar, e resgatar a confiança nele. É um grupo que votou em Bolsonaro em 2018 porque estava insatisfeito com a economia da gestão petista, que não conseguiu manter seu padrão de consumo, mas que agora vê o impacto da alta de preços e passa fome no governo Bolsonaro. — destaca Luciana Veiga. — Ainda que Bolsonaro faça um esforço, com o Auxílio Brasil, há a percepção de que não adianta ter o auxílio, ir ao supermercado e trazer apenas uma sacolinha, porque os preços não param de subir.

A pesquisa Datafolha mais recente, divulgada em 16 de dezembro, aponta que o ex-presidente Lula tem 56% das intenções de voto entre os eleitores com menor renda (de até dois salários mínimos), contra 16% do atual presidente. Na comparação com o levantamento anterior, a diferença entre os dois pré-candidatos cresceu de 34 para 40 pontos.

A mesma pesquisa também apontou que o petista é apontado como o nome que mais defende os pobres (65% ante 17% de Bolsonaro). Por outro lado, 56% indicam Bolsonaro como o nome apresentado que mais defende os ricos.

Tentativa de ‘convencer’
Para a presidente do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), Bolsonaro faz uma “apropriação” dos programas com objetivos eleitorais, o que, na sua avaliação, ressalta que sua gestão não conseguiu construir marcas próprias:

— Bolsonaro não tem projeto para o país. O que ele tenta é mudar (programas) de nome, alterar metas, com caráter eleitoreiro. Mas não está preocupado com o todo.

Quando os primeiros pagamentos do Auxílio Brasil começaram a ser efetuados, em dezembro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse ao GLOBO que a investida social do governo iria “desconstruir a mentira do PT” de que a gestão “ignorava a população mais pobre”.

Cientista político e professor da FGV, Cláudio Couto afirma que é comum governos tentarem revindicar programas que herdam de gestões anteriores, mas que no caso de Bolsonaro isso vai ao extremo com as mudanças de nome e reformulações de projetos já existentes:

— A questão é saber até que ponto vai convencer. Os moradores das regiões diretamente beneficiadas pela transposição do São Francisco sabem que já havia muitas obras em andamento. O mesmo vale para quem já foi beneficiado pelo Minha Casa Minha Vida.

O Globo

 

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