Bolsonaro fez “gripezinha” devastar o Planalto

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Foto: IGO ESTRELA/METROPOLES

Desde o início da pandemia de coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem minimizado a calamidade sanitária que já vitimou mais de 619 mil pessoas no Brasil. O país acumula mais de 22 milhões de infecções.

No Palácio do Planalto, local de trabalho do chefe do Executivo federal, foram 712 casos em dois anos de pandemia. Os dados foram fornecidos pela Secretaria Geral da Presidência ao Metrópoles, via Lei de Acesso à Informação (LAI).

Bolsonaro, que já chamou a infecção de “gripezinha”, costuma dizer que cerca de 200 servidores do Planalto tomaram os remédios do chamado “tratamento precoce” — que consiste no uso de medicamentos sem a eficácia científica comprovada contra a Covid — ao serem diagnosticados com a doença. Ele tem dito não ter conhecimento de casos graves no local. A Presidência, no entanto, já soma três óbitos.

Atualmente, o Planalto conta com cerca de 4 mil funcionários. Desses, 270 foram diagnosticados com Covid-19 no ano passado e outros 442 em 2020.

Em 2021, o mês que mais teve casos de Covid-19 foi março, com 48 notificações de infecção. Em 2020, julho bateu o recorde de contaminações no Planalto: 129 ao todo. Na ocasião, o próprio presidente Jair Bolsonaro (PL) foi diagnosticado com a doença e voltou a defender medicamentos do “kit Covid”.

O Metrópoles também pediu para que a Secretaria-Geral fornecesse, via LAI, a quantidade de vezes em que o Departamento Médico da Presidência receitou remédios como cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina e nitazoxanida para pacientes com suspeita ou caso confirmado de Covid-19. O presidente Jair Bolsonaro é defensor ferrenho do kit e já defendeu os remédios durante assembleia da Organização Mundial da Saúde (OMS).

No pedido, a reportagem ressaltou que, em respeito ao sigilo dos servidores, não era necessário divulgar informações pessoais dos pacientes, como nome, CPF ou matrículas, apenas se foram orientados a adotar o “tratamento precoce” e os sintomas que apresentaram no momento da consulta.

O Planalto negou acesso às informações. Em nota, alegou que os dados são protegidos pelo sigilo médico. No mesmo documento, no entanto, a Secretaria-Geral admitiu que os médicos da Presidência prescrevem medicamentos sem eficácia contra a Covid.

Na resposta, a pasta se baseou em uma autorização do Conselho Federal de Medicina (CFM), feita em abril do ano passado. Na ocasião, o órgão disse que não recomenda o uso do “kit Covid” para pacientes em tratamento de Covid-19, mas liberou médicos a receitarem medicamentos sem eficácia em três casos específicos:

quando o paciente está em estado crítico, internado em terapia intensiva, com lesão pulmonar estabelecida. Nesse caso, segundo o conselho, a hidroxicloroquina pode ser usada pelos médicos “por compaixão”. Geralmente, isso ocorre quando o paciente já está fora de possibilidade terapêutica e o médico, com autorização da família, utiliza a substância;

quando o paciente, com sintomas de coronavírus, chega ao hospital. Segundo o CFM, existe um momento de replicação viral em que a droga pode ser usada pelo médico com autorização do paciente e familiares; e
quando o paciente tem sintomas leves, parecidos com os da gripe comum. Nesse caso, explica o órgão, o médico pode usar a hidroxicloroquina, descartando a possibilidade de que o paciente tenha: influenza A ou B, dengue ou H1N1. A decisão deve ser discutida com o paciente.

Baseada na autorização, a Secretaria-Geral informou que os médicos da Presidência têm “autonomia para prescrever os medicamentos necessários”.

“Esclarecemos que os médicos da Presidência da República, consonante com a orientação do Conselho Federal de Medicina, possuem autonomia para prescrever os medicamentos necessários, caso haja anuência entre o médico e o paciente durante o atendimento prestado, sendo essa informação protegida pelo sigilo médico”, disse o Planalto ao Metrópoles.

“Os sintomas apresentados pelos pacientes durante a consulta variaram de acordo com a evolução e o estágio da doença em cada indivíduo, sendo, também, protegidos pelo sigilo médico”, prosseguiu.

Em outubro deste ano, o Ministério Público Federal (MPF) de São Paulo abriu um inquérito para investigar se o Conselho Federal de Medicina apoiou o uso do tratamento precoce ao não ter adotado um “claro posicionamento científico”.

O presidente Jair Bolsonaro é crítico ao uso de máscaras. Ele já relacionou diversas notícias falsas ao uso da proteção. O equipamento é recomendado por autoridades nacionais e internacionais como forma de evitar a transmissão da Covid-19. Além disso, Bolsonaro insiste em promover aglomerações durante eventos na sede do Executivo.

Em dezembro de 2021, o chefe do Executivo disse que era “proibido” usar máscara dentro do gabinete presidencial. Na ocasião, ele estava rodeado de músicos no terceiro andar da Presidência. Em outra ocasião, em agosto deste ano, o chefe de cerimônias afirmou que o uso de máscaras no prédio era “opcional”.

A postura do presidente influencia grande parte dos servidores do Planalto, que dispensam o uso de máscaras no ambiente de trabalho.

Em junho do mesmo ano, Bolsonaro pediu para que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, estudasse a possibilidade de desobrigar o uso do equipamento para quem já foi infectado ou vacinado.

Apesar da insistência do chefe do Executivo federal no assunto, especialistas explicam que, mesmo depois de vacinadas, as pessoas precisam usar máscara e evitar aglomerações.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a dispensa dos cuidados básicos, como o uso da máscara, só pode acontecer quando não há mais transmissão comunitária da doença e, segundo especialistas, isso não depende apenas da vacinação.

Metrópoles  

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