Candidatos tentarão linguagem descontraída para atrair jovens

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Foto: Reprodução

A política brasileira mostra que ninguém é velho demais para postar um meme. Na tentativa de aumentar a popularidade com o eleitorado mais jovem, políticos experientes têm apostado numa linguagem mais coloquial nas redes sociais. Em alguns casos, essa estratégia é embasada em pesquisas qualitativas.

O marqueteiro Henrique de Abreu, por exemplo, procura trazer leveza e humor para desfazer a pecha de “chuchu” do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (sem partido). Numa das postagens, que teve mais de 21 mil curtidas, o ex-governador brinca com a possibilidade de ser vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Sabe aonde sou vice há muito tempo? Lá em casa!”, diz o ex-governador em alusão ao casamento com Lu Alckmin. A postagem foi exibida mais de 2 milhões de vezes no Twitter. Em outro momento de descontração, Alckmin publicou uma foto em que atua como DJ.

— A política é feita de pessoas, não de likes. O humor, quando usado dosadamente, ajuda a aproximar o político do seu público — disse Abreu.

O governador paulista João Doria (PSDB) mudou de postura nas redes após levantamentos internos. Coordenador da comunicação do tucano, Daniel Braga afirma que o humor amplia o engajamento. Doria respondeu diversos ataques de bolsonaristas com a frase “eu vou te vacinar” e passou a adotar o apelido pejorativo que o presidente Jair Bolsonaro lhe deu: “calça apertada”. Uma das publicações de maior engajamento foi uma montagem sua de jacaré após se vacinar contra a Covid-19, que teve mais de 95 mil curtidas. Anteontem, a conta do PSDB no Twitter postou uma foto do tucano como se tivesse sido selecionado para o Big Brother Brasil com a alcunha de “pai da vacina”.

 

Elsinho Mouco, que cuida da reembalagem de Michel Temer (MDB) nas redes, diz que o número de seguidores do ex-presidente aumentou em 60% nos últimos seis meses, impulsionado pelo vídeo da reunião com o presidente Jair Bolsonaro após o 7 de setembro. Em um peça, Temer indaga aos seguidores: “Vamos teclar?”.

— O presidente Temer se expressa com a formalidade de um advogado e os gestos de um regente de ópera. Mas sua cabeça é moderna. As redes seguem seu lado jovial, sem abrir mão das convicções e dos princípios — afirma Mouco.

No PDT, a chegada do marqueteiro João Santana é vista como positiva por apoiadores. Segundo Fernando Mendonça, um dos líderes da militância digital organizada de Ciro, o “Turma Boa”, Santana tem uma cabeça mais voltada para as redes sociais, o que facilita o trabalho de engajamento.

— O João tem uma preocupação de produzir conteúdo para as mídias digitais, e isso ajuda muito o militante, porque ele tem conteúdo para compartilhar. Antes, a gente tinha que produzir o material.

Ciro vem há meses tentando abocanhar o público gamer, que em 2018 esteve muito associado a Bolsonaro. Passou a fazer transmissões ao vivo frequentes, chamadas de “Ciro Games”, onde discute política num cenário cheio de referências a jogos eletrônicos e uma decoração adolescente.

 

O ex-juiz Sergio Moro é outro que passa por uma repaginada em sua comunicação oficial. Ele tem publicado mais vídeos nas redes sociais. Na quinta-feira, fez uma gravação para divulgar que estará no podcast Flow. Filiado ao Podemos, ele conta com uma militância não oficial: o Movimento Brasil Livre (MBL), que se tornou conhecido pelo forte poder de mobilização nas redes sociais durante o impeachment de Dilma Rousseff. Membros do grupo negam que farão parte da comunicação institucional de Moro, mas têm defendido o aliado de críticas e já afirmaram que estarão com ele na campanha.

Aliados, no entanto, avaliam que o ex-ministro de Bolsonaro ainda está “enrijecido” na comunicação.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou o ex-ministro Franklin Martins para cuidar da comunicação de sua pré-campanha. Nas redes, o petista tem usado memes em suas publicações. Em uma delas, coloca o rosto de Bolsonaro em uma charge cômica de uma sala pegando fogo enquanto ele compartilha uma notícia falsa. Em outra, compartilha um vídeo que faz analogia entre a inflação e o jogo Pacman, que aparece “comendo” o salário do trabalhador.

Diretor adjunto da Bites, empresa que monitora redes sociais, André Eler diz que emular a linguagem das redes sociais, especialmente das gerações Y e Z não é, necessariamente, garantia de sucesso. Ele cita como exemplo a campanha do ex-ministro Henrique Meirelles em 2018. Meirelles fazia publicações em que aparecia em momentos mais descontraídos, brincando com seu cachorro ou se dizendo o “candidato geek”, termo que faz referência ao universo tecnológico, mas terminou com 1,2% dos votos.

— Isso não redundou em votos e nem mesmo em engajamento significativo nas redes. Não adianta tentar construir uma imagem que não tenha aderência ao candidato — diz Eler.

O Globo 

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