Enquanto a covid aumenta, os testes somem

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Foto: Rafaela Felicciano/Metrópolestestagem

No momento em que começou a avançar no país a variante Ômicron da Covid-19, o Ministério da Saúde reduziu em 52% o total de testes distribuídos para detectar a doença.

O volume passou de 5,7 milhões de unidades em novembro para 2,7 milhões em dezembro. A cepa foi identificada no Brasil pela primeira vez em 30 de novembro de 2021.

O total de insumos enviados aos estados e municípios no último mês do ano passado foi o menor desde agosto, quando foram entregues às secretarias de Saúde 791 mil unidades.

Especialistas entrevistados pelo Metrópoles alertam para a consequência da redução: quando a testagem cai, a subnotificação de casos cresce. Dessa forma, o Brasil, que sempre testou muito pouco para a doença, dispõe de dados menos condizentes com a realidade para lidar com a disseminação do vírus.

No balanço anual, contudo, o volume de testes distribuídos aumentou de 20 milhões em 2020, para 36 milhões no ano passado. Desde o início da pandemia, o governo gastou R$ 1,6 bilhão com a compra do insumo.

Os dados foram analisados pelo Metrópoles, com base em material publicado pelo LocalizaSUS, plataforma de prestação de contas do Ministério da Saúde referente à pandemia, e consideram informações disponibilizadas até sexta-feira (7/1).

A comunidade médico-científica é categórica: a testagem da população é uma das principais medidas para acompanhar o avanço das infecções por coronavírus e controlar o surgimento de novas variantes.

O entendimento dos infectologistas é que a testagem consiste no instrumento mais adequado para a quebra da cadeia de transmissão em pessoas sem e com sintomas, pois, se o teste der positivo, o indivíduo é orientado a aderir ao isolamento.

Na prática, a testagem serve como subsídio para o tratamento dos acometidos pela enfermidade, para a identificação das variantes circulantes e para evitar que a transmissão avance sem controle.

“Todos os países responderam de modo oposto: aumentaram a testagem para detectar mais facilmente e conter os casos positivos. Reduzir os testes é, de certa maneira, jogar gasolina na fogueira. Pessoas que não têm o diagnóstico positivo confirmado não se isolam e acabam espalhando bem mais um vírus altamente contagioso”, explica Breno Adaid, coordenador do mestrado profissional em administração do Centro Universitário Iesb e pós-doutor em ciência do comportamento pela Universidade de Brasília (UnB).

O professor ressalta que, com menos testes, o número real de casos fica mascarado e o aumento de infecções passa a falsa impressão de que não foi tão agressivo assim; no mundo real, porém, as contaminações dispararam.

“Pessoas com o positivo na mão entram nos protocolos de isolamento de suas empresas, cuidam-se para não transmitir aos outros. Já pessoas que não sabem sobre o diagnóstico continuam tendo de ir trabalhar, podem assumir que se trata de influenza e espalhar mais ainda o vírus”, salienta.

Breno Adaid acrescenta. “Todos os países desenvolvidos entenderam que é necessário aumentar a testagem pra controlar melhor a pandemia. O número fica assustadoramente alto e, inclusive, sensibiliza melhor a população. Números baixos mascarados levam a mais relaxamento e mais contágio ainda”, conclui.

O Metrópoles perguntou ao Ministério da Saúde sobre a motivação da queda na distribuição de testes e como isso impacta no controle da pandemia. A pasta não se manifestou até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.

Metrópoles  

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