Ex-prefeito do Recife é pressionado para disputar governo

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Foto: Sergio Lima-20.mar.13/Folhapress

Ex-prefeito do Recife, o atual secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Geraldo Julio (PSB), surpreendeu aliados ao longo de 2021 ao procurar a discrição e evitar aparições públicas em ano pré-eleitoral.

Geraldo é tido como o mais cotado para disputar o Governo de Pernambuco dentro do partido, mas não tem se movimentado como pré-candidato à sucessão de Paulo Câmara (PSB).

Servidor concursado do TCE-PE (Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco) desde 1992, Geraldo Julio iniciou a trajetória na vida pública como auditor de contas.

Por meio dessa atividade, conseguiu reconhecimento de pessoas no entorno que o levaram a atuar, entre 1995 e 1998, nas áreas de planejamento, administração e finanças em estatais e outros órgãos no terceiro mandato do governo de Miguel Arraes (PSB) em Pernambuco.

Geraldo Julio voltou ao TCE em 1999 quando Arraes deixou o cargo de governador após, ao tentar a reeleição, ser derrotado por Jarbas Vasconcelos, do então PMDB.

Em 2001, Geraldo Julio, formado em administração pela UPE (Universidade de Pernambuco), passou por cargos de segundo e terceiro escalão na Prefeitura do Recife na gestão de João Paulo (PT).

Em 2002 e 2003, ele exerceu o cargo de secretário de Planejamento da Prefeitura de Petrolina, que era comandada por Fernando Bezerra Coelho, à época filiado ao extinto PPS e até meados de dezembro líder do governo de Jair Bolsonaro no Senado pelo MDB. Geraldo foi levado para exercer a função em Petrolina, mesmo sem residir na maior cidade do sertão de Pernambuco.

Fernando Bezerra Coelho era próximo ao então deputado federal Eduardo Campos (PSB). Entre 2004 e 2005, foi a vez de Campos convidar Geraldo Julio para integrar a sua equipe de auxiliares no Ministério da Ciência e Tecnologia. Depois, bastou Eduardo Campos se eleger governador para que Geraldo fosse nomeado secretário de estado.

A partir disso, tornou-se uma pessoa de confiança do chefe do Executivo estadual, sendo secretário de Planejamento e, em outro momento, de Desenvolvimento Econômico.

Em paralelo, foi presidente do Porto de Suape, uma das funções mais desejadas por líderes partidários em Pernambuco pelo alto número de cargos comissionados no complexo portuário e pelo poder de influência em razão dos investimentos recebidos pelos governos federal e estadual.

Ainda não era possível dizer que Geraldo Julio se tornaria um dos políticos mais influentes de Pernambuco. O jogo fica mais claro em 2012, quando ele foi alçado candidato a prefeito do Recife pelo PSB, com apoio de Eduardo Campos.

O então governador viu uma brecha para lançar Geraldo a partir do momento que o PT, que administrava a cidade desde 2001, se desgastou para definir o postulante da legenda. A sigla petista se dividiu entre lançar o então prefeito João da Costa à reeleição ou o deputado federal Maurício Rands. No fim das contas, nem um nem outro. O escolhido, por meio de uma articulação da cúpula nacional do PT, foi o senador Humberto Costa.

Eduardo Campos viu nisso uma oportunidade de ampliar o poder do PSB. O governador observou o racha do PT e não via grande potencial eleitoral em Humberto Costa. Sendo assim, escolheu Geraldo Julio como seu candidato à prefeitura.

A estratégia deu certo para o PSB, que venceu o pleito no primeiro turno, em um sinal de distanciamento da sigla em relação ao PT. Naquele momento, Eduardo Campos já tinha em mente a pré-candidatura à Presidência em 2014 contra Dilma Rousseff e temia ser questionado a respeito da proximidade com os petistas justamente em Pernambuco, seu reduto político.

Ao assumir a prefeitura, Geraldo seguiu à risca linhas de pensamento do governador e levou nomes que já haviam atuado no Governo de Pernambuco para o secretariado.

Em 2014, Geraldo Julio defendeu o apoio a Aécio Neves (PSDB) no segundo turno da eleição presidencial, após Marina Silva, que era do PSB, ter sido derrotada no primeiro turno. Ela virou candidata a presidente depois da morte de Eduardo Campos, padrinho político de Geraldo, em acidente aéreo em meio à campanha eleitoral.

Em 2016, Geraldo Julio disputou a reeleição no Recife, no que seria o primeiro teste de fogo do PSB após a fatalidade. Apesar de ter vencido em 2014 para o Governo de Pernambuco com Paulo Câmara, a sigla reconhecia que naquele ano a vitória se deu sob a comoção do falecimento de Eduardo.

Na campanha pela renovação do mandato, Geraldo Julio procurou criticar o PT, que estava sob desgaste naquele ano por causa da Operação Lava Jato e do impeachment de Dilma Rousseff, que foi apoiado por ele e pelo PSB. Geraldo venceu o petista João Paulo no segundo turno com margem folgada de votos.

Tradicionalmente, governadores de estados têm mais protagonismo do que prefeitos de capitais. No entanto, no período em que era prefeito e Paulo Câmara era o governador, Geraldo Julio tinha mais protagonismo político do que o chefe do Executivo estadual. Isso ocorreu de 2015 até 2020, quando o agora ex-prefeito deixou o poder.

Em 2020, Geraldo Julio foi articulador de bastidores da campanha de João Campos para a Prefeitura do Recife. Como as pesquisas de opinião sinalizavam uma rejeição na casa de 60% à sua gestão, ele optou por não aparecer com frequência em atos de campanha nas ruas ao lado de João, para evitar a transferência do desgaste.

Além disso, as sete operações da PF (Polícia Federal) que miraram a prefeitura por suspeitas de irregularidades no combate à Covid desgastaram a imagem de Geraldo, mesmo sem ele ter sido alvo das ações policiais e, em seguida, das denúncias promovidas pelo MPF (Ministério Público Federal).

A ausência só não foi completa porque Geraldo Julio decidiu aparecer nos dois últimos dias da propaganda eleitoral no rádio e na televisão. No entanto, ele deu aval às estratégias da campanha nos bastidores, como as críticas feitas a Marília Arraes (PT) no segundo turno.

Homem de confiança da família Campos, que tem forte influência no governo do estado e na prefeitura, Geraldo Julio foi nomeado secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco minutos após deixar o cargo de prefeito do Recife.

A nomeação intensificou as apostas de que o cargo seria usado como plataforma para ampliar o conhecimento de Geraldo Julio em cidades do interior do estado. No entanto, isso não aconteceu.

No primeiro ano como secretário do atual governo, ele optou pela discrição, a começar pelas atualizações das ações das secretarias sobre a pandemia de Covid-19. Enquanto seu antecessor na pasta, o empresário Bruno Schwambach, aparecia semanalmente nas entrevistas coletivas à imprensa, Geraldo não esteve sequer uma vez nos balanços das medidas de contenção de danos à economia por causa da crise sanitária, preferindo enviar a então secretária executiva de Desenvolvimento Econômico, Ana Paula Vilaça, para responder às perguntas.

Mesmo com a pouca aparição e com a rejeição com que finalizou o mandato de prefeito, Geraldo Julio segue como principal nome defendido no PSB para ser o candidato a governador em 2022.

No entanto, em junho de 2021, Geraldo surpreendeu ao anunciar que não seria candidato a governador, sem dar as razões para tal medida. Entretanto, aliados seguem dando declarações públicas em defesa do seu nome para a eleição. O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, já disse publicamente: “ele [Geraldo] não quer, mas vamos fazer o candidato”.

Dirigentes partidários do PSB dizem que o governador Paulo Câmara será o condutor do processo de sucessão em 2022 em Pernambuco. Mas, nos bastidores, sabe-se que nenhum nome será candidato sem o aval do prefeito do Recife, João Campos, o que é vantagem para Geraldo.

Em 12 de dezembro, Geraldo Julio não foi ao congresso estadual do PSB e alimentou novamente as dúvidas sobre sua candidatura. A tese dominante na sigla é que ele evita protagonismo para não ser alvo dos adversários antes da campanha eleitoral.

Enquanto segue a dúvida sobre a postulação de Geraldo, outros nomes são cotados no PSB, como os deputados federais Danilo Cabral e Tadeu Alencar, e o secretário da Casa Civil, José Neto.

Folha de S. Paulo

 

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