Lula está um passo à frente dos adversários

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Foto: PT/Reprodução

Forte nas pesquisas, acenando com Geraldo Alckmin na vice, buscando conversas com a dissidência tucana, com Marina Silva e com figuras do agronegócio, Lula está um passo à frente de seus adversários que tentam construir uma alternativa à polarização com Bolsonaro. O ex-presidente acredita ter neutralizado as restrições que sua base fazia à marcha em direção ao centro, e mesmo a “setores da centro-direita”. Aberta essa porta, trará novas surpresas.

Coisa parecida só aconteceu em 1984, quando Tancredo Neves reciclou a frente que pedia eleições diretas, transformando-a num movimento a favor de sua indicação pelo Colégio Eleitoral. A raposa mineira conseguiu um milagre: pela primeira vez na história do Brasil a conciliação partiu da oposição.

O quadro de 2022 não é o de 1984 e Lula não é Tancredo. Basta lembrar que combateu sua candidatura: “É uma proposta de transação”. Era, e faltava ao petista a percepção de que o país precisava era de uma transação. Essa manobra havia sido exposta mais de um século antes pelo jornalista Justiniano José da Rocha em seu texto “Ação, Reação; Transação”. O PT viria a expulsar os três deputados que votaram em Tancredo na reunião do Colégio Eleitoral, readmitido-os anos depois. Entre um gesto e outro, Lula conheceu Emílio Odebrecht na casa do tucano Mário Covas.

A história não se repete, mas rima, como ensinou Mark Twain. Um salto de Lula em terras onde o PT não vinha navegando amplia a sua base, mas não muda a essência da candidatura. A polarização dos sonhos de Bolsonaro é um embate da direita (dele) com a esquerda (de Lula). O PT flertando com o centro atrapalha o capitão.

Lula não é Tancredo, mas precisa construir um personagem que seja pelo menos parecido. Tancredo, com sua férrea suavidade, nunca foi de esquerda, nem perdia horas de sono com ela. Foi-lhe fácil armar a coligação que o elegeu. Lula deu os primeiros passos nessa longa estrada. Com isso, colocou-se à frente dos postulantes que estão na pista. João Doria e Sergio Moro parecem engessados, e Ciro Gomes ressurge com sua proposta de plebiscitos legítimos, porém com um maldito precedente venezuelano. Já Bolsonaro selou sua aliança com Valdemar Costa Neto, sabendo que não controla seu prazo de validade.

Transformar uma candidatura num movimento foi coisa conseguida por Tancredo no Brasil e por Barack Obama nos Estados Unidos. Exige um temperamento de aço. O mineiro partiu da inédita mobilização das forças democráticas pelas eleições diretas. Além disso, era um sereno mestre da dissimulação. Deixou-se internar na véspera da posse com um diagnóstico de provável apendicite, sabendo que havia retirado o apêndice havia décadas, detalhe sonegado aos médicos. Logo ele, que ensinava: “Esperteza, quando é muita, come o dono”. Já o americano governou com a equipe repetindo que “com Obama não há drama”.

A marcha de Lula para o centro dá-lhe o conforto de contribuir para o isolamento de Bolsonaro. A carta que o conservadorismo nacional tirou da manga em 2018, sonhando com as reformas liberais de Paulo Guedes, está reduzida hoje a um governante que orienta e é orientado pela superstição da cloroquina e pelo receituário do doutor Marcelo Queiroga. Como dizia o deputado Tiririca, “pior não fica”.

Folha  

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