Moro continua se recusando a revelar ganhos com o lavajatismo

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Foto: Evaristo Sá/AFP

O pré-candidato à Presidência Sergio Moro (Podemos) voltou a atrelar, nesta terça-feira, o Partido dos Trabalhadores à corrupção e à Lava-Jato, operação em que atuou como juiz. A manifestação veio depois de um recuo da legenda, que havia anunciado a intenção de abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara para investigá-lo. Em reação, Moro disse que a sigla “percebeu que além de não haver justificativa legal, seria um tiro no pé”.

 

“O PT recuou da ideia de criar uma CPI contra mim. Percebeu que além de não haver justificativa legal, seria um tiro no pé, pois a CPI seria uma oportunidade de relembrar aqueles que realmente receberam suborno das empresas investigadas na Lava Jato”, publicou Moro.

Como informou O GLOBO nesta segunda-feira, o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) havia anunciado a intenção de colher assinaturas para a abertura de uma CPI na Câmara, que investigaria suposto “conflito de interesses” de Moro no período em que atuou na empresa americana Alvarez & Marsal.

O escritório que contratou o ex-ministro e ex-juiz recebeu cerca de R$ 65 milhões de honorários de empresas que foram alvos da Lava-Jato, o equivalente a 77,6% dos seus recebimentos no Brasil. Os dados foram informados pela empresa ao Tribunal de Contas da União (TCU), em um processo aberto para apurar possíveis irregularidades da atuação de Moro no escritório, pelo fato de ele ter atuado diretamente na operação.

Já nesta terça-feira, porém, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do PT, disse em entrevista ao UOL que não vê “necessidade de CPI para a gente chegar a essas informações”. Segundo ela, o partido está “fazendo estudos jurídicos” porque, como há processos em andamento na Justiça — tratando, por exemplo, de recuperação judicial de empresas —, é preciso saber se a instalação de uma CPI é viável juridicamente.

— Esperamos que o TCU compartilhe conosco os documentos sobre o caso — disse a parlamentar, que também criticou a postura de Moro. — Fico espantada que ele não venha a público dizer quanto ganhou. Ele sempre pregou transparência. Quebrou o sigilo do ex-presidente Lula e de tanta gente para supostamente dar transparência… É engraçado que ele não queira falar sobre isso — completou, ao UOL.

Os pagamentos recebidos pela Alvarez & Marsal foram feitos pelas empresas Odebrecht, OAS, banco BVA, Galvão Engenharia e grupo Atvos (antiga Odebrecht Agroindustrial) ao contratarem o escritório para atuação em processos de recuperação judicial ou falência.

O ministro Bruno Dantas, do TCU, já havia determinado que o escritório Alvarez & Marsal forneça toda a documentação referente ao rompimento do contrato com Moro, incluindo detalhes dos valores pagos a ele.

De acordo com Paulo Teixeira, o tribunal fez um novo pedido de informação à consultoria sobre os pagamentos feitos ao ex-juiz e sobre sua atuação no escritório. O parlamentar disse que o partido vai aguardar a empresa responder ao TCU.

— Houve uma decisão a partir de um passo dado pelo TCU. O passo foi que o tribunal fez um novo pedido de informação à Alvarez & Marsal. Então, vamos aguardar se o tribunal vai conseguir essa informação. Na terça-feira, vamos fazer uma visita ao TCU. Se não houver resposta [a respeito da atuação de Moro na empresa], o partido vai continuar avaliando os instrumentos que tem para questionar Moro — disse Teixeira, que completou: — A questão central é que eles não estão respondendo qual foi a remuneração de Moro e por quais serviços prestados. Tudo leva a crer que ele está sendo pago pela sua atuação na Lava-Jato.

No sábado, quando foram divulgadas as informações da investigação, Moro já havia reagido em seu perfil no Twitter e atacado o ex-presidente Lula (PT), seu adversário na disputa pelo Planalto. O ex-juiz afirmou que não prestou “serviços direta ou indiretamente para Odebrecht”.

 

“Mente quem fala ou sugere o contrário. Eu desmantelei o império de corrupção da Odebrecht. Quem trabalhou para a Odebrecht foi o Lula”, escreveu, naquele dia.

Nos dias seguintes, Moro seguiu repercutindo o caso por meio de suas publicações, compartilhando posts de colegas como o senador correligionário Eduardo Girão (CE), que saiu em sua defesa, com vídeo comentando a possibilidade de abertura da CPI e com nota divulgada pelo perfil do Podemos no Senado, que declarou repúdio a “tentativa nefasta de autoridades, parlamentares e partidos atingidos pela Lava-Jato de prejudicar a pré-candidatura” do ex-juiz.

O senador Alvares Dias (Podemos-PR), aliado de Moro, chamou a tentativa de abrir uma CPI de uma “brincadeira de mau gosto”.

— Seria um tiro no pé [do PT] e um baita palanque para o Moro. Ele não tem nada para esconder. É evidente que todos saberão quanto ele recebeu, a declaração do imposto de renda, declaração na Justiça eleitoral. Eu creio que foi uma brincadeira de mau gosto falar sobre uma CPI de trabalho de um contrato de um brasileiro com uma empresa nos Estados Unidos. Isso era a tentativa de montar um palanque eleitoral — disse Dias.

Segundo o senador, Moro vai responder questionamentos no momento que o ex-juiz considerar mais oportuno:

— Ele vai escolher o momento adequado para apresentar [essas respostas]. Não sei quando ele pretende apresentar, mas é evidente que vai. Ele não tem porque esconder.

O Globo

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