Operação da “polícia civil” contra Marcio França deve prejudicá-lo eleitoralmente

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Foto: Band/Reprodução

A operação policial deflagrada nesta quarta-feira, 5, contra pessoas ligadas ao ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB), em meio a uma investigação de desvios na área da saúde durante a sua gestão, tem potencial de mudar os rumos das negociações entre PT e PSB na formação de uma aliança para as eleições do estado de São Paulo e até para a composição de uma eventual chapa entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (sem partido), que está em gestação desde o ano passado.

A ação contra França é um desdobramento da Operação Raio-X, do Ministério Público de São Paulo, que teve início em 2020, e agiu para desmantelar um grupo criminoso especializado em desviar recursos da saúde pública por meio de contratos de prestação de serviços fraudulentos com prefeituras paulistas. As secretarias de Saúde contratavam empresas que simulavam serviços que não eram feitos, mas recebiam os pagamentos. Em dezembro passado, a Justiça condenou onze pessoas por ligação com o esquema.

No caso do ex-governador, ele está sendo alvo de uma segunda fase da operação, que mira agora os agentes políticos que podem ter colaborado com o grupo. Além de endereços ligados a França na capital e no litoral paulista, um dos outros alvos da operação é o seu irmão, o médico Cláudio França. Três diretorias da Polícia Civil paulista (Araçatuba, Sorocaba e Santos) participam da investigação e conseguiram autorização da Justiça de Santos, no litoral, para buscas em 30 endereços. O inquérito tramita em sigilo.

França foi um dos principais articuladores do movimento para trazer Geraldo Alckmin para o PSB — o que ainda não ocorreu –, quando o ex-tucano se viu sem espaço no antigo partido, e vinha trabalhando para que o também ex-governador, de quem foi vice, disputasse um cargo nacional, uma vez que ele mesmo tem planos de concorrer ao Palácio dos Bandeirantes. Em 2018, ele foi para o segundo turno contra João Doria (PSDB) e ficou com 48,25% dos votos (chegou a vencer em cidades como a capital).

Mas a aliança com o PT para que Alckmin seja vice de Lula esbarra no fato de que o próprio PT tem planos para o estado, e não pretende abrir mão de indicar o ex-prefeito da capital e derrotado por Jair Bolsonaro na eleição presidencial de 2018, Fernando Haddad, como candidato a governador.

Vários dirigentes do PSB, como o governador do Maranhão, Flávio Dino, o deputado Marcelo Freixo e o líder da oposição no Congresso, Alessandro Molon, querem que a aliança com o PT saia e que o partido apoie Lula. Mas a legenda entende que a voz de França, que é a principal liderança do partido no maior colégio eleitoral do país, deve ser ouvida. Por isso, o partido vinha aguardando que os paulistas chegassem a alguma solução. O impasse já havia feito Lula cogitar tentar uma aliança com o PSD, de Gilberto Kassab, para abrigar Alckmin — ideia refutada por Kassab.

Entre os petistas de São Paulo, porém, havia a expectativa de que França abrisse mão da disputa apenas na última hora, uma vez que, caso ele deixasse a mesa de negociações, não teria mais força para fazer reivindicações. Esse impasse já havia feito o PT se comprometer, informalmente, a abrir mão de liderar chapas no Rio de Janeiro, em Pernambuco, no Espírito Santo e no Rio Grande do Sul, e poderia fazer ainda outros arranjos nos palanques estaduais.

Os interlocutores de França no PT foram surpreendidos com a operação, mas Lula já se manifestou “em solidariedade” ao ex-governador, em uma mensagem na qual disse, também, que a Constituição é clara sobre a presunção da inocência, mas que tudo deve ser investigado.

 

Já o rival João Doria, que comanda a Polícia Civil de São Paulo, não comentou as acusações de uso político da corporação feitas por França. Caso concorra ao governo do estado, o ex-governador deve enfrentar o atual vice de Doria, Rodrigo Garcia. França sempre destacou que tinha como trunfo, diferentemente dos rivais, uma boa relação com os representantes de classe das polícias do estado.

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