Para se reeleger, Janaína volta a bajular Bolsonaro

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Foto: AP Photo/Leo Correa

A deputada estadual Janaína Paschoal (PSL-SP), que foi cotada para a vice de Jair Bolsonaro em 2018 e depois se distanciou do presidente da República, voltou a acenar para a base bolsonarista. De olho numa vaga no Senado em 2022, ela trabalha para pavimentar uma aliança com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, que deverá disputar o governo de São Paulo.

Aliados do Palácio do Planalto entraram em campo para tentar limpar rusgas do passado e viabilizar um palanque formado pelo trio Bolsonaro, Tarcísio e Janaína no maior colégio eleitoral do país.

Nos últimos três anos, a deputada alternou afagos e disparos contra o presidente. O comportamento oscilante abalou a relação entre os dois. Em conversas reservadas, Bolsonaro costuma se referir à deputada como “Major Olímpio de saias”, uma referência ao senador morto em março de 2021, que se elegeu na onda conservadora e depois rompeu com o presidente.

Uma das declarações da parlamentar que mais incomodaram Bolsonaro foi a que o comparou a um político de esquerda. Em novembro, Janaína escreveu no Twitter que o aliado parecia “um presidente filiado ao PSOL” pelos projetos sancionados, como a lei que instituiu o auxílio-gás. Outro foco de tensão ocorreu no início da pandemia da Covid-19, período em que Janaína fez diversas críticas ao presidente. Na mais contundente delas, chegou a defender que Bolsonaro renunciasse ao cargo pela condução da crise sanitária.

A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) é uma das que entrou em ação para botar de pé a aliança e estimulou Janaína a fazer um gesto de pacificação. A deputada estadual, então, enviou uma mensagem ao presidente, que retornou com um telefonema. A conversa, segundo Janaína, não passou pela chapa de 2022, mas rendeu um convite do presidente para tomar um café em Brasília neste começo de ano, em data a ser confirmada.

— Foi uma conversa de cortesia, uma aproximação. Não falamos de eleição. Fazia muito tempo que nós não falávamos. Ele disse que quando voltasse de viagem (após o réveillon), ele me ligaria para tomar um café — disse a deputada ao GLOBO.

Aconselhada a evitar novos desgastes, ela diz reconhecer que poderia ficar mais “quieta”, mas afirma que seguirá expondo sua opinião. De uns tempos para cá, contudo, a parlamentar tem publicado posições alinhadas ao presidente, algumas delas polêmicas, como questionamentos à segurança das vacinas.

— Eu fiquei nervosa, principalmente, no começo da pandemia. Eu achava que ele tinha que ter uma postura mais rígida. (Minha crítica) foi, sobretudo, por ele (Bolsonaro) negar a doença, mas depois ele começou a cuidar do auxílio emergencial, disponibilizou as vacinas. Acho que ele foi se adequando dentro da perspectiva dele — afirmou.

Numa mensagem particular enviada a Bolsonaro, Janaína avisou que estava à disposição dele para debater questões relativas à vacina. A deputada se declara favorável à imunização.

— Mandei para ele uma mensagem dizendo que, nesse aspecto, ele tem em mim parceira. Eu realmente acho que não está racional o que está acontecendo.

Defensores do nome da Janaína para o Senado lembram que ela foi a deputada mais votada em 2018, com o apoio de 2 milhões de eleitores, e por isso pode favorecer Tarcísio em sua primeira empreitada eleitoral num estado onde o ministro não tem raízes. Janaína, entretanto, tem concorrentes na disputa pela preferência do presidente em São Paulo.

O ex-presidente da Fiesp Paulo Skaf também trabalha dia e noite para se cacifar como o parceiro de palanque de Tarcísio. Ele conta com o apoio de parcela significativa dos militares e é considerado um nome capaz de empurrar a deputada estadual para fora do páreo. Paralelamente, a militância bolsonarista defende como opção o nome do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub. Ele, porém, tem como plano A a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes. Outro que corria por fora, o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles desistiu de concorrer a senador.

Na véspera do Natal, Bolsonaro, em entrevista a jornalistas no Palácio da Alvorada, confirmou a conversa com Janaína e Skaf. Disse, porém, que a escolha do melhor candidato ao Senado, assim como do vice da chapa de Tarcísio, será debatida com o próprio ministro da Infraestrutura e com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. Pessoas próximas ao presidente apostam que, apesar dos gestos de pacificação, Janaína dificilmente conseguirá reconquistar a confiança de Bolsonaro.

Ao GLOBO, Janaína Paschoal descartou a possibilidade de se filiar ao PL, partido ao qual Bolsonaro se filiou no final do ano passado, e disse que vai deixar o União Brasil. A deputada mantém conversa com o PRTB, legenda do vice-presidente, Hamilton Mourão. A parlamentar quer a garantia da sigla de que poderá a montar a chapa, indicando candidatos a outros cargos em São Paulo.

— Minha tendência é ir para um partido para ter liberdade, para ninguém querer colar em mim — diz

Em novembro, a deputada se reuniu por mais de três horas com o Tarcísio de Freitas em São Paulo e já declarou apoio ao ministro, independentemente de ser a escolhida para uma dobradinha com ele no estado. Ela evita, entretanto, declarar voto a presidente e diz que dependerá das alianças que Bolsonaro e o ex-juiz Sergio Moro, pré-candidato à Presidência pelo Podemos, farão.

— Não decidi ainda. Não sei quem vai ser vice de quem, com quem vão se alinhar, se Moro vai até o final. Vejo mérito em um e em outro. Tenho divergência com um e com outro. Sou uma pesssoa independente.

O Globo 

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