Chanceleres brasileiro e americano conversam hoje sobre guerra na Europa

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O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Carlos França, e o secretário de Estado americano, Anthony Blinken, falarão pelo telefone às 17h sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia.

O dialogo entre o chanceler brasileiro e o chefe da diplomacia dos Estados Unidos ocorre uma semana após a Casa Branca afirmar que o Brasil estava “na direção oposta” de boa parte do mundo ao se solidarizar com a Rússia durante a visita a Vladimir Putin, em Moscou.

Joe Biden deve fazer um pronunciamento ainda nesta quinta-feira sobre os bombardeios russos ao território ucraniano.

Blinken já conversou com o comando da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e das relações exteriores da União Europeia e tenta costurar uma resposta do Ocidente à agressão de Moscou contra Kiev.

Os Estados Unidos, a Inglaterra e a França estão propondo ainda a aprovação de uma resolução dura e contundente condenando a Rússia pela invasão da Ucrânia, que será votada hoje.

O Brasil, que está ocupando uma vaga rotativa de membro titular do conselho, terá que dizer se aprova, rejeita ou se abstém em relação à resolução que condena a invasão russa.

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A diplomacia brasileira, que tem mantido uma postura moderada, em cima do muro, em relação à crise com a Ucrânia, terá que se posicionar.

Nesta manhã, o Itamaraty emitiu uma nota oficial apelando à Rússia pelo fim das “hostilidades” à Ucrânia pelo ” início de negociações conducentes a uma solução diplomática”, mas não condenou os ataques, como fizeram os governos dos Estados Unidos, da Inglaterra e da França, que fazem parte do Conselho. China e Índia também são membros.

França e Blinken já haviam conversado sobre a crise na Ucrânia por duas ocasiões em janeiro. Segundo o Itamaraty, o chanceler brasileiro defendeu nas duas oportunidades uma “solução diplomática” para as tensões. Ainda segundo o Ministério das Relações Exteriores, ambos os diplomatas destacaram o papel do Conselho de Segurança na mediação das hostilidades.

À época, o Kremlin negava qualquer intenção de invadir ou atacar militarmente a Ucrânia.

No início da semana, o embaixador do Brasil no conselho de segurança, Ronaldo Costa Lima, disse que o país era favorável ao respeito aos princípios de soberania das nações expressos na carta das Nações Unidas e apelou ao diálogo.

Como a Rússia faz parte do conselho de segurança, tem poder de veto e está na presidência do órgão no momento, será muito difícil a resolução ter algum efeito prático.

Mas a situação coloca o Brasil em uma saia justa: se for a favor, se indispõe com Vladmir Putin. Se se abstiver, será duramente criticado pelos países ocidentais. No meio diplomático praticamente ninguém acredita que o país vá ser contra a resolução.

Até agora não há uma definição sobre como o Brasil vai se posicionar. É certo, porém, que não vai dar para sair dessa reunião na ONU sem desagradar alguém.

O Globo