Delegada cita argumento da AGU para denunciar vazamento

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Reprodução

A delegada Denisse Ribeiro utilizou um argumento da própria Advocacia-Geral da União, além do depoimento de um assessor da comissão da PEC do voto impresso e de um ofício do caso para sustentar que o inquérito divulgado por Jair Bolsonaro em 4 de agosto deveria ser mantido sob sigilo.

As afirmações estão no relatório em que a investigadora concluiu a apuração e indicou a prática de crime pelo presidente, pelo deputado Filipe Barros (PSL-PR) e pelo ajudante de ordens da Presidência Mauro Cid.

Um dos argumentos da defesa dos alvos da investigação é que o inquérito em andamento na Polícia Federal do Distrito Federal e compartilhado com Barros não estava sob sigilo e, portanto, poderia ter sido divulgado.

A investigadora do caso afirma que “o inquérito policial, ao contrário do processo judicial, possui como regra o sigilo, conforme doutrina majoritária, posicionamento dos tribunais (inclusive súmula 14 do STF) e diante do artigo 20 do Código de Processo Penal”.

Como exemplo, a delegada se vale do despacho da própria defesa de Bolsonaro ao pedir investigação sobre o vazamento da data limite para o presidente depor na investigação aberta para apurar a divulgação dos dados.

A AGU, diz o relatório da PF, também citou o mesmo artigo 20 do Código Penal ao afirmar que o inquérito para apurar o vazamento deveria ser mantido em sigilo. “A publicidade ostensiva [do inquérito] é incompatível com o art.20, do CPP”, argumentou a AGU.

A PF afirma que, ao utilizar o argumento, a AGU está “apenas reforçando uma previsão legal, cujo desconhecimento não pode ser alegado por ninguém, muito menos por agentes públicos”.

A delegada também afirma que a investigação divulgada ainda continha diligências sigilosas em andamento para reforçar a tese do sigilo.

Nesse sentido, Denisse Ribeiro cita um ofício encaminhado pelo delegado Victor Campos, responsável pelo caso e que autorizou compartilhamento com a comissão da PEC do voto impresso, à operadora TIM para requisitar dados cadastrais de determinados números de IP’s que eram investigados pelo ataque hacker ao TSE.

“No último item do ofício policial, a própria Autoridade Policial requisitante adverte a empresa quanto à proibição da divulgação do conteúdo da requisição ao proprietário da conta ou a terceiros, sob pena de caracterização de crime”, diz o relatório da PF.

Mario Alexandre Gazziro, assessor do deputado Filipe Barros na comissão que debatia a PEC do voto impresso, também prestou depoimento e disse ter sido informado pelo parlamentar que os documentos estavam sob sigilo.

Barros acionou a PF para ter acesso ao inquérito como integrante da comissão e argumentou que a investigação seria utilizada para auxiliar nos trabalhos.

Para a PF, houve um desvio de finalidade do parlamentar ao divulgar o conteúdo do material na live presidencial uma vez que a solicitação para compartilhamento foi feita com base no argumento do uso na comissão da PEC.

O próprio delegado Victor Campos disse em depoimento entender que o caso não tinha sigilo, mas que se a finalidade indicada fosse subsidiar uma live presidencial, a entrega da cópia do inquérito policial teria sido indeferida.

Bolsonaro, Barros e o ajudante de ordens da Presidência, Mauro Cid, segundo a PF, teriam violado o artigo 325 do Código Penal ao divulgar o inquérito.

O artigo fala sobre “revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação” e sobre o dano que isso pode causar à administração pública.

O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do TSE, em discurso de abertura do Ano Judiciário abordou os danos que a divulgação causou à Corte.

Segundo Barroso, a divulgação da investigação que continha dados fornecidos pelo próprio TSE auxilia “milícias digitais e hackers de todo mundo que queiram tentar invadir nossos equipamentos”.

“O presidente da República vazou a estrutura interna da TI do TSE. Tivemos que tomar uma série de providências para reforçar a segurança cibernética de nossos sistema para nos protegermos. Falta adjetivos para qualificar a atitude deliberada de facilitar a exposição do processo eleitoral brasileiro ao ataque de criminosos”, disse Barroso.

Folha 

Assinatura

CARTA AO LEITOR

O Blog da Cidadania é um dos mais antigos blogs políticos do país. Fundado em março de 2005, este espaço acolheu grandes lutas contra os grupos de mídia e chegou a ser alvo dos golpistas de 2016, ou do braço armado deles, o juiz Sergio Moro e a Operação Lava jato.

No alvorecer de 2017, o blogueiro Eduardo Guimarães foi alvo de operação da Polícia Federal não por ter cometido qualquer tipo de crime, mas por ter feito jornalismo publicando neste Blog matéria sobre a 24a fase da Operação Lava Jato, que focava no ex-presidente Lula.

O Blog da Cidadania representou contra grandes grupos de mídia na Justiça e no Ministério Público por práticas abusivas contra o consumidor, representou contra autoridades do judiciário e do Legislativo, como o ministro Gilmar Mendes, o juiz Sergio Moro e o ex-deputado Eduardo Cunha.

O trabalho do Blog da Cidadania sempre foi feito às expensas do editor da página, Eduardo Guimarães. Porém, com a perseguição que o blogueiro sofreu não tem mais como custear o Blog, o qual, agora, dependerá de você para continuar existindo. Apoie financeiramente o Blog

FORMAS DE DOAÇÃO

1 – Para fazer um depósito via PIX, a chave é edu.guim@uol.com.br

2 – Abaixo, duas opções de contribuição via cartão de crédito. Na primeira, você contribui mensalmente com o valor que quiser; na segunda opção, você pode contribuir uma só vez também com o valor que quiser. Clique na frase escrita em vermelho (abaixo) Doação Mensal ou na frase em vermelho (abaixo) Doação Única

DOAÇÃO MENSAL – CLIQUE NO LINK ABAIXO

https://www.mercadopago.com.br/subscriptions/checkout?preapproval_plan_id=282c035437934f48bb0e0e40940950bf

DOAÇÃO ÚNICA – CLIQUE NO LINK ABAIXO

https://www.mercadopago.com.br/subscriptions/checkout?preapproval_plan_id=282c035437934f48bb0e0e40940950bf