EUA desancam Bolsonaro e deixam governo brasileiro perplexo

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Foto: Alan Santos/PR

A dura reação do Departamento de Estado americano a uma fala do presidente Jair Bolsonaro em Moscou pegou de surpresa o Palácio do Planalto e causou indignação e perplexidade entre ministros e outros membros do governo.

Fontes ouvidas pelo Valor se disseram surpresas com o teor altamente crítico usado em referência a um presidente brasileiro, algo sem precedentes recentes. Também espanta auxiliares de Bolsonaro o fato de as queixas de Washington terem chegado ao Planalto e ao Itamaraty somente por meio da imprensa.

Segundo relatos, os americanos não usaram nenhum canal diplomático ou fizeram contato, formal ou informal, para demonstrar insatisfação com a declaração durante o encontro com o presidente Vladimir Putin, na quarta-feira (16).
Bolsonaro desagradou os Estados Unidos sobretudo em dois momentos. No primeiro deles, afirmou, aparentemente de improviso e ao lado de Putin, que o Brasil é “solidário à Rússia”, sem especificar.
Mais tarde, na declaração final do encontro, disse em clara referência à Rússia ser “solidário a todos aqueles países que se empenham pela paz”.

Até mesmo membros do governo brasileiro admitem, sob anonimato, que o presidente foi “infeliz” na escolha das palavras.

As falas, no momento em que a Rússia tem cerca de 130 mil solados na fronteira com a Ucrânia, soaram como provocação a Washington.

Na quinta-feira (17), um porta-voz do Departamento de Estado disse que “o momento em que o presidente do Brasil se solidarizou com a Rússia, enquanto as forças russas estão se preparando para potencialmente lançar ataques a cidades ucranianas, não poderia ter sido pior”.
Ele disse ainda que “o Brasil, como um país importante, parece ignorar a agressão armada por uma grande potência contra um vizinho menor, uma postura inconsistente com sua ênfase histórica na paz e na diplomacia”.

A declaração foi distribuída a diversos meios de comunicação do Brasil por funcionários do governo americano, sob o pedido de que fosse citada como fonte apenas um “porta-voz do Departamento de Estado”, sem nomear qual seria esse porta-voz.

Em Brasília, o pronunciamento atribuído ao porta-voz não é tratado como uma manifestação oficial do governo americano. Por essa razão, nem o Itamaraty nem o Palácio do Planalto pretendem respondê-lo.

Apesar disso, ninguém duvida no Planalto e na Esplanada que foi de fato o Departamento de Estado quem difundiu a nota à imprensa, o que só faz aumentar a irritação com Washington.

Uma fonte conta que houve muita insatisfação em Brasília com um tuíte do secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, após um telefonema ao chanceler Carlos França, em 10 de janeiro.

Na publicação, Blinken diz ter conversado com França sobre “as preocupações compartilhadas por nossos países sobre a agressão russa à Ucrânia”.

O governo brasileiro reclamou, conta a fonte, “mas em privado, não em público, como se faz em diplomacia de verdade”.

Um ministro próximo ao presidente Jair Bolsonaro disse que a mensagem dos Estados Unidos representa “uma marcação muito grande” da parte dos Estados Unidos com a visita do presidente à Rússia.

“A declaração do presidente lá foi de paz. Não atacou ninguém”, defendeu.

Além da crise diplomática com os Estados Unidos, a viagem de Bolsonaro à Rússia rendeu momentos inusitados, como a insinuação de que sua chegada a Moscou contribuiria para evitar um conflito armado na Ucrânia.

O primeiro a polemizar sobre o assunto no Twitter foi Ricardo Salles, ex-ministro do Meio Ambiente, que compartilhou uma imagem com o logotipo da rede CNN simulando que Bolsonaro havia evitado a guerra.

Horas depois, Salles afirmou estar brincando. Mas, nos meios bolsonaristas e em grupos de WhatsApp, a informação que ele tratou como “brincadeira” era compartilhada com se fosse verdade.

Bolsonaro contribuiu para o rumor ao dizer mais de uma vez que foi durante sua visita que, “coincidência ou não”, a Rússia havia anunciado a retirada de parte de tropas na fronteira com a Ucrânia.

Na quinta-feira, foi a vez do ministro do Turismo, Gilson Machado, reafirmar o papel do presidente do Brasil no conflito entre a Rússia e a Otan (aliança militar do Ocidente), a fim de evitar uma guerra na Ucrânia.

“O Brasil é um país historicamente conciliador. Sempre tivemos grandes exemplos de grandes diplomacias por outros presidentes, de problemas mundiais que conseguimos resolver. Foi um momento que o presidente chegou lá e enviou uma mensagem de paz para o presidente Putin. Graças a Deus já foram retiradas as tropas e não se fala mais em guerra”, afirmou.

Valor Econômico  

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