Mourão cala sobre reprimenda de Bolsonaro

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Foto: Isac Nóbrega/PR

O vice-presidente Hamilton Mourão não vai responder à afirmação de Jair Bolsonaro de que ele disse o que não devia em relação à invasão da Rússia pela Ucrânia.

Na tarde de quinta-feira, Mourão comparou a ação de Vladimir Putin à de Hitler, antes da Segunda Guerra Mundial, e disse que o Brasil “não está neutreo em relação à Ucrânia”.

Horas depois, em sua live, Bolsonaro se referiu ao vice como “essa pessoa”, disse que ele não tem competência para dar declarações sobre a guerra na Ucrânia, e ainda acrescentou que Mourão “está dando peruada naquilo que não lhe compete”. Disse ainda que, em sua última visita à Rússia, estabeleceu uma relação “excepcional” com Putin.

Na noite de ontem, ao tomar conhecimento da fala de Bolsonaro, Mourão disse a pessoas próximas que estão tentando criar intrigas entre ele e o presidente da República, e que ele deu apenas sua opinião pessoal.

E isso apesar de Bolsonaro ter dito na live que “eu vi as imagens, ele falou mesmo”, afastando justamente esse tipo de argumento.

Não é a primeira vez que o vice é desautorizado em público e de forma descortês por Bolsonaro. Mas, assim como das outras vezes, Mourão manteve o mesmo tom do início do governo. Numa ocasião, quando um assessor lhe perguntou por que ele não respondia a Bolsonaro, ele respondeu apenas: “Brasil acima de tudo”.

Apesar de ter orientado sua equipe a manter silêncio em relação ao assunto, Mourão mantém a posição de que, se não for parado com o uso da força, Putin vai tentar invadir outros países, assim como fez Adolf Hitler em 1938. Para ele, sanções econômicas contra a Rússia são insuficientes.

Na condição de vice-presidente, Mourão preside a comissão de Alto Nível entre Brasil e Rússia, da qual fazem parte os vice-presidentes brasileiros e os primeiros-ministros russos. Esse tipo de fórum serve para dar andamento prático a iniciativas conjuntas acertadas pelos chefes de estado, especialmente tratativas comerciais.

A próxima reunião dessa comissão seria em abril de 2022, mas agora já não se sabe mais se vai ocorrer.

O Globo