PT elabora estratégias de marketing para atrair evangélicos

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Foto: Carla Carniel/Reuters

Uma Bíblia na mão e uma música gospel na cabeça. É com esse cardápio que o PT vai lançar, em março, um podcast e um programa de entrevistas destinados aos evangélicos, na tentativa de fisgar um público que representa 30% do eleitorado para a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A estratégia vem sendo construída para atrair fiéis mais jovens e a “base” das igrejas, na disputa de votos com o presidente Jair Bolsonaro, que é candidato à reeleição e, segundo pesquisas, conta com o respaldo da maioria dos pentecostais.

O pastor Paulo Marcelo será um dos principais debatedores nos primeiros episódios dessa ofensiva, que irá ao ar pela TVT, canal do PT no YouTube, e redes sociais. Da Assembleia de Deus-Ministério do Belém, Paulo Marcelo também integra um projeto mais amplo da campanha presidencial de Lula, que prevê a realização de caravanas pelo País. A ideia é que o pastor aproveite sua experiência de pregador itinerante e faça reuniões com evangélicos pentecostais de igrejas menores, muitas delas localizadas nas periferias das cidades.

“A igreja tem de ser o termômetro, trazer a paz e não colaborar com esse clima de ódio”, disse Paulo Marcelo ao Estadão. “Queremos quebrar preconceitos e barreiras, para que os evangélicos comecem a olhar com outros olhos para a esquerda, e vice-versa.”

Com periodicidade quinzenal, o podcast e o programa contarão com produção do empresário Silas Bitencourt, idealizador do reality gospel “Culto da Resistência”, promovido em setembro do ano passado, em Sorocaba (SP). À época, a atração de apenas um dia teve entre os “brothers” a apresentadora Mara Maravilha e o ex-jogador do Palmeiras Wendel. O plano de Bitencourt é organizar um reality desse tipo também em Brasília. Agora, no entanto, ele diz estar focado em outra missão. “Vou conduzir os artistas do meio gospel para o podcast nos canais e mídias do PT”, afirmou.

A disputa que sai do púlpito para o palanque é tema das principais candidaturas ao Palácio do Planalto e está cada vez mais acirrada. O ex-juiz da Lava Jato Sérgio Moro (Podemos) lançará na segunda-feira, 7, por exemplo, uma carta aos evangélicos, na qual condenará a legalização dos jogos de azar no momento em que um projeto de lei para regularizar práticas como bingos, cassinos e caça-níqueis volta à pauta da Câmara. A proposta enfrenta a oposição da bancada evangélica.

Moro também tem se reunido com líderes de igrejas, principalmente os da Universal do Reino de Deus, fundada por Edir Macedo. O braço político da Universal no Congresso é o Republicanos. Expoente do Centrão, o partido está na base de apoio de Bolsonaro, mas tem se distanciado do presidente e não garante aval ao projeto de reeleição. No Nordeste, por exemplo, diretórios do Republicanos, como o de Pernambuco, querem se aliar ao PT.

Ex-pregador do Congresso Gideões Missionários da Última Hora, o pastor Paulo Marcelo se encontrou com Lula em dezembro, declarou apoio a ele e, desde então, tem sido atacado nas redes sociais. Está também em rota de colisão com Silas Malafaia, o líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo que arrebanha fiéis para Bolsonaro.

“Não seja enganado por heresias e confusões teológicas!”, escreveu Malafaia no Twitter, ao anunciar que no próximo domingo levará uma mensagem àqueles que “torcem os princípios da Palavra de Deus”. Pelos cálculos de Malafaia, que fez campanha para emplacar o “terrivelmente evangélico” André Mendonça no Supremo Tribunal Federal, “mais de 70%” dos fiéis estão fechados com Bolsonaro.

Os organizadores do podcast do PT asseguram que temas polêmicos, como aborto e união civil entre pessoas do mesmo sexo, também serão abordados nas entrevistas com os convidados. “Embora a preocupação dos cristãos seja com comida no prato, emprego e renda, e não com essa pauta de costumes, não fugiremos de nenhum assunto”, afirmou o secretário de Comunicação do PT, Jilmar Tatto. “A estratégia é dialogar com o povo evangélico, que não necessariamente se orienta pela cúpula das igrejas. Queremos reconquistar o eleitor que já foi nosso e por alguma razão se afastou.”

O âncora dos primeiros programas será o sociólogo Sérgio Ribeiro, ex-prefeito de Carapicuíba e também evangélico. “Vamos falar com os fiéis da igreja e tentar combater preconceitos de lado a lado”, argumentou Ribeiro. Ao lado dele, Paulo Marcelo deverá atuar como debatedor no canal de entrevistas. “Há coisas que não entendo. No site da Universal, por exemplo, há um artigo dizendo que “é impossível ser cristão e ser de esquerda. Mas quando Edir Macedo apoiava Lula e Marcelo Crivella era ministro da Pesca, o cristão podia ser de esquerda? Ou eles não eram cristãos?” provocou o pastor, dando uma dica de como será o tom da ofensiva nas plataformas digitais.

No confronto de 2020, Marcelo foi candidato a vereador pelo Podemos, apoiado por Marco Feliciano, mas não conseguiu se eleger. Deputado federal, Feliciano também é pastor, está hoje está no PL, partido de Bolsonaro, e trabalha pelo segundo mandato do presidente. “Mesmo assim, nós continuamos amigos”, insistiu Marcelo.

Questionado se será candidato a deputado nas eleições de outubro, o pastor disse que ainda não se decidiu. Mas vai participar de caravanas com Lula, a partir de maio. Até lá, um estúdio de gravação o espera, em Brasília, tendo como decoração uma Bíblia e um painel com a foto de Lula e a hashtag “O Brasil Feliz De Novo”.

Estadão 

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