BC sinaliza choque monetário no país

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Foto: Sérgio Lima

O BC (Banco Central) disse nesta 3ª feira (22.mar.2022) que poderá aumentar o ciclo de aumento da taxa básica, a Selic. Atualmente, os juros estão em 11,75% ao ano.

As informações constam na ata do Copom (Comitê de Política Monetária), divulgada nesta 3ª feira (22.mar.2022). O comitê é formado pelos diretores do BC. Reúnem-se a cada 45 dias para definir os juros. A Selic é o principal instrumento para controlar a inflação. Eis a íntegra do documento (234 KB).

O Banco Central sinalizou ainda que deverá elevar os juros em 1 ponto percentual na próxima reunião, em maio. Segundo a autoridade monetária, a alta das commodities pressiona os preços com os impactos secundário na inflação, impulsionada pela guerra na Europa.

Afirmou que, diante das projeções atuais, o ciclo de reajuste da Selic é suficiente para a convergência da inflação para o patamar em torno da meta, de 3,5% em 2022 (com intervalo de tolerância até 5%) e de 3,25% em 2023 (com intervalo de tolerância até 4,75%). Mas disse que poderá intensificar a alta dos juros caso haja extensão dos choques.

“O Copom avalia que o momento exige serenidade para avaliação da extensão e duração dos atuais choques. Caso esses se provem mais persistentes ou maiores que o antecipado, o comitê estará pronto para ajustar o tamanho do ciclo de aperto monetário. O comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, disse a ata.

INFLAÇÃO E RISCOS

O Banco Central disse que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) continua em nível elevado. Afirmou que a alta está disseminada em vários componentes e tem se demonstrado mais persistente do que o previsto anteriormente. Os bens industriais, por exemplo, não arrefeceu e deve continuar pressionando a inflação no curto prazo. A inflação de serviços acelerou.

O mercado financeiro estimou que a inflação ficaria em 6,4% em 2022 e 3,7% em 2023. O Copom projetou que o índice de preços terá alta de 7,1% em 2022 e de 3,4% em 2023. Os percentuais foram calculados com base na perspectiva de trajetória da taxa básica, a Selic, divulgados no Boletim Focus.

As projeções para os preços administrados –aqueles estabelecidos em contratos, definidos por governos ou estatais, como a gasolina– são de 9,5% para 2022 e de 5,9% para 2023. O custo da energia elétrica também é um preço administrado. O Banco Central afirmou que a bandeira tarifária deverá ser “amarela” em dezembro de 2022 e dezembro de 2023.

CENÁRIO EXTERNO

O Banco Central disse que o ambiente internacional piorou substancialmente com o conflito entre a Rússia e a Ucrânia. A guerra no Leste Europeu provocou um “aperto significativo das condições financeiras e aumento das incertezas em torno do cenário econômico mundial”.

As pressões inflacionárias –que já vinham se acumulando tanto em economias emergentes, quanto avançadas– deve “exacerbar”. Os preços das commodities subiram desde o início dos ataques na região. O barril tipo brent do petróleo chegou à máxima de US$ 139 em 7 de março de 2022. Opera próxima de US$ 115 nesta 3ª feira (22.mar.2022).

A guerra e as sanções aplicadas pelos outros países à Rússia reorganiza as cadeias de produção mundiais. O Banco Central disse que o novo cenário deve ter consequências de longo prazo e também deve aumentar a inflação.

PIB BRASILEIRO

O Brasil cresceu 4,6% em 2021. Houve crescimento de 0,5% no 4º trimestre do ano passado contra os 3 meses anteriores. Foi puxada pela agropecuária (+5,8%) e serviços (+0,5%). A indústria tombou 1,2%.

A autoridade monetária afirmou que o último resultado de 2021 demonstra um ritmo de atividade acima do esperado. “Indicadores relativos ao comércio e serviços mostraram evolução ligeiramente melhor que a esperada em janeiro, enquanto a indústria contraiu no mesmo mês. Indicadores do mercado de trabalho seguiram mostrando recuperação consistente de empregos no último trimestre de 2021 e em janeiro de 2022”, disse a ata.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostrou que a taxa de desemprego caiu para 11,2% no trimestre encerrado em janeiro contra o anterior (agosto, setembro e outubro). O Ministério do Trabalho e Previdência informou que o Brasil passou a ter 155,2 mil trabalhadores com carteira assinada a mais em janeiro.

Os diretores do Banco Central afirmaram que, apesar do aumento dos prêmios de risco e o aperto nas condições financeiras, a agropecuária impulsionar o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto). A normalização da economia no período de menor gravidade da pandemia de covid-19 também deve elevar a atividade do setor de serviços e no mercado de trabalho.

Poder 360