Desistência de Velho da Havan desorganiza extrema-direita em SC

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Foto: LEOPOLDO SILVA/AGÊNCIA SENADO

O anúncio do empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, de que não será candidato a nenhum cargo nas eleições de 2022, feito ontem por meio de suas redes sociais promete ter forte impacto no cenário político catarinense.

Hang, muito próximo do presidente Jair Bolsonaro, era considerado favorito na disputa por uma cadeira do Senado pelo Estado em 2022 e vários dos pré-candidatos bolsonaristas contavam com a possibilidade de tê-lo em sua chapa, como os senadores Jorginho Mello (PL) e Esperidião Amin (PP).

O prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), almejava uma candidatura com o que chamou de “chapa dos sonhos”, sendo candidato ao governo e tendo o prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro (PSDB) como vice e Hang como candidato ao Senado.

Rodrigues, contudo, anunciou na terça-feira sua desistência de participar do pleito, o que já prenunciava que Hang tomaria o mesmo caminho. “Sou amigo de todos os postulantes a candidato a governador, não queria me indispor”, disse Hang.

O empresário justificou que a decisão se dá por questões familiares e para continuar se dedicando à sua empresa, que emprega 22 mil funcionários.

Acusado pela CPI da Covid de propagar “fake news” em favor do tratamento precoce com medicamentos ineficazes para a covid-19, Hang disse não temer implicações na Justiça caso Bolsonaro deixe de ser presidente.

“Falavam que eu ia ser senador para, se voltar alguém aí [referindo-se ao ex-presidente Lula, do PT], não ser prejudicado [se eleito, Hang passaria a ter foro privilegiado]. Se fosse assim, eu ficaria em cima do muro, não falaria nada [sobre política]”, disse.

Como o empresário aparecia muito à frente nas pesquisas ao Senado, que terá apenas uma vaga em disputa, houve um acúmulo de candidaturas bolsonaristas ao governo. Com sua saída da corrida eleitoral, haverá uma reorganização das forças políticas catarinenses.

Nas eleições de 2018, Santa Catarina foi um dos Estados que mais aderiu à onda bolsonarista: três de cada quatro votos na disputa presidencial em segundo turno foram para Bolsonaro. A onda carregou também o bombeiro Carlos Moisés, então um desconhecido que jamais havia disputado uma eleição, a se tornar governador.

De lá para cá, contudo, Moisés se distanciou de Bolsonaro, passou por dois processos de impeachment, dos quais acabou absolvido, saiu do PSL e disputará a reeleição pelo Republicanos.

Outros nomes buscam viabilizar uma candidatura de direita ao comando do Estado, como Antídio Lunelli (MDB), prefeito de Jaraguá do Sul, Gean Loureiro (União), prefeito de Florianópolis, e o ex-governador Raimundo Colombo (PSD).

Já o senador Dario Berger, que votou em Bolsonaro em 2018, deixou na semana passada o MDB e se filiou ao PSB. Berger é o nome mais cotado para formar uma chapa com partidos à esquerda, dando palanque a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Estado. Ele acredita que, com vários nomes disputando o mesmo voto à direita, ele pode aglutinar o eleitorado progressista em torno de si e chegar ao segundo turno em condições de vencer.

Valor Econômico