João ‘2%’ Doria não desistirá de candidatura presidencial

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Foto: Reprodução

A crise do PSDB parece não ter fim. Está em curso nos bastidores uma articulação para tirar de João Doria a pré-candidatura a presidente da República. A trama, repleta de ardis e trocas de farpas, envolve tucanos e também integrantes de outros partidos, como MDB e União Brasil. Segundo apurou esta coluna, o governador de São Paulo desabafou durante jantar recente realizado na capital paulista, falando em traições.

Na casa do secretário Fernando José da Costa (Justiça e Cidadania), Doria fez um discurso de agradecimento e ressaltou a independência dos poderes que foi mantida na sua gestão em São Paulo. Estavam presentes representantes do Judiciário e Legislativo. Ao final lembrou os anos de 2016 e 2018, quando enfrentou turbulência semelhante para ser candidato e lamentou passar por isso novamente, mas disse que o partido não tem dono. Afirmou que “não irá desistir do Brasil, mesmo diante de traição”. Fez um desabafo duro, mas verdadeiro, segundo um dos presentes.

Os aliados de Doria no PSDB falam em uma “conspiração” para derrubar sua pré-candidatura. Os adversários do governador de São Paulo rebatem: movimento natural em busca de uma alternativa mais competitiva, capaz de manter o partido vivo. Os argumentos de quem não quer ver Doria à frente de uma candidatura presidencial do PSDB são, basicamente, ligados às pesquisas de intenção de voto: ele não “decola” e possui altos índices de rejeição.

A solução, segundo esse grupo, seria testar Eduardo Leite, derrotado por Doria nas prévias tucanas, como pré-candidato. Um deputado federal tucano, considerado independente destes dois grupos, resume o quadro: os derrotados nas prévias nunca deixaram de acreditar que podem melar o processo, e Doria errou ao ter centrado fogo em São Paulo em vez de ter viajado pelo país em busca de um melhor desempenho nas pesquisas. Resultado: o PSDB está mais dividido do que nunca em seus quase 34 anos de existência.

Os defensores da troca no PSDB, como o deputado federal Aécio Neves (MG) e José Aníbal (SP), também acreditam que Leite terá mais condições de atrair apoios externos, entre eles, o da senadora Simone Tebet (MS), pré-candidata do MDB. Uma eventual chapa Leite-Tebet, ou mesmo Tebet-Leite, seria, para esse grupo, a derradeira chance de a “terceira via” ganhar corpo, com ou sem Sérgio Moro (Podemos). Uma das saídas aventadas para a eventual substituição nesta altura da pré-campanha seria por meio da executiva nacional do PSDB, onde o grupo contrário a Doria acredita ter maioria.

Mas há outras opções colocadas à mesa, que passam, inclusive, por descredenciar o poder das prévias vencidas por Doria contra Leite. Fora do PSDB, dirigentes do União Brasil e do MDB têm dito, em privado, que será quase impossível apoiar Doria diante do desempenho dele nas pesquisas. Os emedebistas, em linhas gerais, possuem um “álibi” público: a pré-candidatura de Simone Tebet, mas reconhecem nos bastidores que a composição com Leite seria mais fácil.

Dirigentes do MDB participaram de encontros recentes com tucanos em busca de uma solução que não envolva Doria. No União Brasil, os dirigentes temem “importar” a rejeição atribuída a Doria já na primeira campanha eleitoral do novo partido, surgido da fusão entre DEM e PSL.

Ou seja, nesse quesito, Leite seria mais palatável para uma composição, ainda que Luciano Bivar (PE), presidente do União Brasil, mantenha fortes restrições a qualquer tipo de aliança neste momento. Nas três prévias que disputou no PSDB, Doria enfrentou as alas do tucanato refratárias a ele. Foi eleito nas urnas em duas, para prefeito (2016) e governador (2018). Ao seu time o governador diz que não desiste e terá “novidades” para apresentar em maio.

Uol