Moraes acusa Weintraub de “falas fraudulentas”

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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Polícia Federal tome pela segunda vez depoimento do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, para que ele esclareça declarações dadas em uma entrevista, em janeiro, na qual atribuiu a um dos ministros do STF uma proposta de compra de sua casa em São Paulo. Em despacho assinado na última quinta-feira, 3, Moraes apontou o conteúdo das falas de Weintraub como “fraudulento”. O prazo para a nova oitiva é de cinco dias.

Em um primeiro depoimento à PF, em fevereiro, Weintraub apontou o ministro em questão como sendo Ricardo Lewandowski. Os depoimentos do advogado de Abraham Weintraub e da corretora que prestou serviços a Lewandowski na busca por um imóvel em um condomínio na capital paulista, contudo, desmentiram a versão do ex-ministro de que o ministro do Supremo teria feito a proposta porque Weintraub “não vai mais voltar pro Brasil”. “O que acha disso? É adequado? Esse juiz me negou habeas corpus”, acusou o ex-ministro, em entrevista a um podcast.

O ex-auxiliar do presidente Jair Bolsonaro foi indicado a uma diretoria do Banco Mundial, nos Estados Unidos, e se mudou do país depois de sua exoneração. O ex-ministro deixou o governo em meio a tensões com o STF, que ele atacou em diversas ocasiões. Na célebre reunião ministerial de abril de 2020, cuja gravação foi divulgada, Weintraub chamou os integrantes da Corte de “vagabundos” e disse que, se dependesse dele, os ministros seriam presos.

Ouvidos pela PF, o advogado Auro Hadana Tanaka, que defende Abraham Weintraub, e a corretora Rose Mary Argueso Sauri mostraram não ter havido proposta feita por Ricardo Lewandowski pelo imóvel do ex-ministro da Educação. Tanaka foi apontado por Weintraub como o interlocutor da oferta de Lewandowski pela casa, que não estava à venda. Os registros de entrada no condomínio mostraram ainda que o ministro do STF visitou as casas 22 e 152, e não a de número 66, do ex-ministro, pré-candidato ao governo de São Paulo.

“Verificadas as contradições entre as declarações do requerido e as informações prestadas pelo seu advogado, AURO HADANA TANAKA, e pela corretora ROSE MARY, verifico a necessidade de realização de nova inquirição de ABRAHAM WEINTRAUB, para completo esclarecimento dos fatos”, decidiu Moraes, para quem “o conteúdo fraudulento das declarações por ele prestadas era facilmente verificável”.

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