Bolsonaro vai à TV dizer que seu governo NÃO TEM corrupção

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Foto: Reprodução

O Partido Liberal (PL), que abraçou Jair Bolsonaro em novembro do ano passado e embarcou no projeto da reeleição, usará suas inserções na TV para vender um Brasil “sem pandemia, sem corrupção e com Deus no coração”.

O roteiro de um dos vídeos que será exibido em todo o Brasil, obtido com exclusividade pelo blog, diz que a pandemia “pegou um país forte, com dinheiro em caixa”, que viabilizou o auxílio emergencial e milhões de empregos durante a crise da Covid-19.

“Sem pandemia, sem corrupção e com Deus no coração, ninguém segura esse novo Brasil”, diz o slogan do vídeo nacional.

Num sinal de que Bolsonaro vai concentrar esforços no Nordeste desde o início, as inserções nacionais, vão falar da criação de empregos e da transposição do Rio São Francisco, que teve alguns trechos pontuais inaugurados em sua gestão.

É na região que estão as maiores vantagens de Lula sobre Bolsonaro nas pesquisas. E é também no Nordeste que Bolsonaro amarga seus índices de rejeição mais elevados.

As propagandas serão exibidas na TV aberta entre 2 e 11 de junho, entre 19h30 e 22h30, sempre às terças, quintas e sábados. O período foi escolhido pelo próprio partido, de acordo com as regras do Tribunal Superior Eleitoral.

O partido comandado por Valdemar Costa Neto também vai usar o “Deus no coração” nas inserções regionais, que serão adaptadas aos contextos locais. Tanto os vídeos do material nacional como os do regional foram feitos pela equipe do marqueteiro do PL, Duda Lima.

A coluna teve acesso a uma dessas inserções regionais, feita para o eleitor de Alagoas. O estado, onde atuam aliados como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), e o senador Fernando Collor (PTB), é um dos mais pobres do Nordeste.

Na peça, Bolsonaro diz ser contrário ao aborto e “a favor da vida”. “Quando levamos de verdade a água para o sertanejo, levamos vida. Quando fizemos o auxílio de, no mínimo, R$ 400, foi pensando na vida. Quinhentos milhões de doses de vacina para a vida”.

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Depois de 14 segundos mostrando imagens de sertanenses com acesso à água, vacinas, cesta cheia de compras e comida farta na mesa, o próprio presidente afirma: “Um Brasil sem pandemia, corrupção e com Deus no coração”, que ninguém seria capaz de segurar.

Tudo isso, claro, a despeito das obras de transposição terem sido iniciadas no governo Lula e executadas em diferentes trechos pela sua gestão e pelas de Dilma Rousseff de Michel Temer. Também não há previsão orçamentária para o Auxílio Brasil em 2023, e o presidente só parou de questionar a eficiência das vacinas mais recentemente, aconselhado por seu próprio comitê de campanha.

Lideranças do Centrão acreditam que as inserções na TV ajudarão a alavancar o presidente, que já apresenta viés de crescimento em pesquisas como o Datafolha e em trackings contratados pelos partidos.

O PT começou a exibir suas peças já em março e terminarão em maio, antes de Bolsonaro. Como mostrou o blog, o conteúdo que foi ao ar desagradou petistas e pode provocar mudanças na campanha de Lula.

Segundo a lei eleitoral, nenhum pré-candidato exibido nas inserções gratuitas pode pedir voto, mas as siglas aproveitam a janela de oportunidade para exibir suas principais apostas – incluindo, claro, presidenciáveis – falando sobre a agenda a ser defendida nas urnas.

É a forma forma encontrada pelos partidos para driblar a legislação e ampliar a projeção de seus candidatos antes do início oficial da campanha, em agosto.

A alusão a um “Brasil sem pandemia” em uma propaganda pré-gravada suscita questionamentos quanto ao timing do fim da emergência sanitária por Covid-19 no Brasil pelo ministro Marcelo Queiroga.

Como mostrou O GLOBO, a medida foi recebida com apreensão por especialistas, que temem impactos como entraves à ação de estados e municípios contra a doença.

O Globo