Forças Armadas vão gastar R$ 56 mi em picanha, salmão e filé

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Foto: Agência O Globo

O menu de iguarias de novos processos de compra realizados para abastecer as Forças Armadas no último ano incluem itens como como picanha, salmão e filé mignon. De janeiro de 2021 a fevereiro de 2022, sob a gestão do ex-ministro da Defesa Braga Netto, que deve ser o vice de Bolsonaro na eleição, foram identificados processos no valor total de R$ 25,3 milhões para adquirir 557,8 mil quilos só de filé mignon destinados os comandos da Marinha, da Aeronáutica e do Exército, além da Indústria de Material Bélico do Brasil (Imbel). Os dados foram identificados em levantamento realizado pelo deputado federal Elias Vaz (PSB-GO).

O cardápio também inclui 373,2 mil quilos de picanha no valor total de R$ 18,7 milhões e 254 mil quilos de salmão somando R$ 12,2 milhões. Esses montantes se referem a processos de compra, feitos mediante pregão ou dispensa de licitação, que foram aprovados e vão sendo adquiridos pelas Forças Armadas, gradativamente.

— É vergonhoso! Enquanto tem brasileiro se alimentando de sopa de osso, o governo Bolsonaro gasta milhões com luxos para um pequeno grupo. Com certeza esse cardápio não é para os soldados rasos, mas para a cúpula das Forças Armadas — afirmou Elias Vaz.

A equipe do parlamentar analisa a possibilidade de sobrepreço em alguns dos pregões. Um deles é o processo destinado à compra de 23 mil quilos de filé mignon para o Grupamento de Apoio do Galeão, no Rio de Janeiro, cujo quilo é estipulado em R$ 71. Esse pregão foi realizado em fevereiro e dezembro do ano passado, sendo que, dois meses antes, foram identificados pregões com o preço do filé mignon inferior.

Um deles, para fornecer 10,6 mil quilos de filé mignon para a Academia Militar das Agulhas Negras, também no Rio, teve o valor de de R$ 49,90 o quilo. O outro, com a mesma cifra, visava a compra de 21,6 mil quilos de picanha para o Hospital Naval Marcílio Dias.

— O preço da carne não subiu 42% nesse período. Há indícios de irregularidades e vamos investigar detalhadamente todos os processos. Caso sejam constatados problemas, vamos denunciar ao Tribunal de Contas da União — diz o parlamentar.

Em fevereiro do ano passado, Elias Vaz e mais nove parlamentares do PSB denunciaram as compras de alimentação de luxo para as Forças Armadas com dinheiro público. Eles identificaram no Painel de Preços do Ministério da Economia processos de compra de 714 mil quilos de picanha; 80 mil cervejas, inclusive com exigência de marcas como Heineken e Stella Artois, mais de 150 mil quilos de bacalhau, 438,8 mil quilos de salmão; 1,2 milhão de quilos de filé mignon, além de uísque 12 anos e conhaque.

As denúncias foram apresentadas ao Ministério Público Federal e ao Tribunal de Contas da União (TCU), que recomendou a fiscalização das compras. O MPF distribuiu a representação aos Estados e já foram instalados mais de 20 processos de investigação.

O Globo