Governo impõe um século de sigilo sobre visitas a Bolsonaro

Destaque, Todos os posts, Últimas notícias

Como uma espécie de coroamento à política de falta de transparência do atual governo, o general Augusto Heleno, comandante do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), impôs recentemente 100 anos de sigilo sobre os registros de entrada no Palácio do Planalto de uma série de pessoas, incluindo dois filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-­RJ) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).

Em nota encaminhada à redação de VEJA, a Controladoria Geral da União justificou de seguinte forma a medida: “Em relação ao caso concreto de classificação de informações referentes à família do Presidente, esta se deu por determinação do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), face ao risco de mapeamento de rotinas, horários e hábitos dos familiares do Presidente, uma vez que o referido pedido incluía até mesmo as visitas da filha menor de idade do mandatário. A classificação da informação, nestes casos, foi feita com base no inciso VII do artigo 23 e no § 2º do Art. 24 da LAI e vale apenas até o fim do mandato presidencial”.

A CGU promete que os dados devem ser liberados ao fim do mandato de Bolsonaro. É difícil acreditar na promessa, levando-se em conta a já extensa lista de atos na mesma direção do atual governo. Essa postura provocou uma inegável piora do desempenho brasileiro em índices internacionais que medem a transparência dos governos. Em um levantamento produzido pela ONG internacional World Justice Project, que apura a qualidade e transparência em 139 países, o Brasil perdeu 25 posições desde o início da gestão Bolsonaro e está agora na 77ª colocação. Na avaliação da abertura do governo, que mede a qualidade da informação compartilhada com a sociedade, o Brasil ficou na 41ª posição, atrás de países como Singapura e África do Sul.

Questionado por um usuário no Twitter sobre os motivos para colocar sigilo em assuntos espinhosos ou polêmicos e se existia algo a esconder, o presidente preferiu ironizar. “Em 100 anos, saberá”.

vEJA