Nota ameaçadora dos milicos pode ser “boa”

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Lida com atenção, é positiva a nota do ministro da Defesa, general Paulo Sérgio, contra a declaração do ministro Luiz Roberto Barroso de que as Forças Armadas estariam sendo orientadas a desacreditar o processo eleitoral. A nota nega que esteja atendendo ordens para atacar o sistema e cobra respeito do ministro do Supremo. A simples negativa é um bom sinal. Pode ser da boca para fora, mas é uma negativa categórica, sobretudo porque o ministério se defende dizendo que Barroso faltou com a ética ao apresentar acusação sem prova.

A origem do problema se deu no próprio Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que convidou o Ministério da Defesa para participar da Comissão de Transparência das Eleições. Claro que a Defesa pode contribuir, mas num governo como o de Bolsonaro, quanto mais distantes as forças armadas forem mantidas do processo eleitoral, melhor. Foi um erro embarcá-las no debate. Erro tão grave quanto agora acusá-las sem ter elementos que comprovem a denúncia. Barroso quis mostrar uma preocupação legítima, mas foi além do ponto.

A resposta de Paulo Sergio era obrigatória. Poderia ser menos dura, mas não espere muita delicadeza vindo de um quartel. Seria muito mais grave e preocupante se o general não tivesse respondido. Ele estaria dando razão a Barroso. Sem réplica, a acusação do ministro poderia ser considerada como real, que as forças armadas estão mesmo orientadas para atacar e desacreditar o processo eleitoral.

Declaração: Forças Armadas ‘estão sendo orientadas a atacar e desacreditar’ o processo eleitoral, diz Barroso

Outro tom foi o do Eduardo Ramos, secretário-geral da Presidência. Mas desse não se podia esperar outra coisa. O general misturou “eleições democráticas e transparentes” com “forças armadas vigilantes pelo bem do Brasil”. Não cabe a Exército, Marinha e Aeronáutica fiscalizar, muito menos vigiar, o processo eleitoral. Para isso existe um tribunal específico e partidos políticos organizados. As forças armadas têm que vigiar as fronteiras e defender a pátria em caso de agressão externa.

O Globo