Prevent Senior cresceu forte enquanto sofria denúncias

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Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

Alvo de investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 do Senado e de outra CPI na Câmara de Vereadores de São Paulo, acusada de ter oferecido tratamento ineficaz a pacientes com o novo coronavírus, a Prevent Senior registrou faturamento líquido de R$ 5,1 bilhões no ano passado.

Trata-se de aumento de 18,6%, o equivalente a R$ 800 milhões, em relação à receita de 2020. No primeiro ano da pandemia da Covid, a empresa embolsou R$ 4,3 bilhões. Os dados, da própria companhia, foram analisados pelo Metrópoles.

A quantidade de beneficiários da Prevent Senior também cresceu no período. A carteira de clientes passou de 505 mil em 2020 para 550 mil em 2021, alta de 9%.

Nas notas explicativas apresentadas nas demonstrações financeiras, a operadora de saúde avalia que a CPI da Covid, apesar de ter causado dano à imagem da companhia, não foi capaz de impactar a sua operação, “seja no quantitativo de beneficiários, seja na saúde financeira”.

Por outro lado, a Prevent Senior viu o índice médio de reclamações triplicar em um ano.

O indicador passou de 5,87 reclamações a cada 10 mil beneficiários em abril do ano passado para 15,9 em março deste ano, segundo levantamento da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A média geral é de 4,9.

Com isso, a Prevent Senior se tornou no último mês a terceira operadora de grande porte com mais reclamações por beneficiários.

Em nota ao Metrópoles, a empresa informou que as queixas cresceram em grande parte por reivindicações não assistenciais, não relacionadas a coberturas e atendimentos, como reclamações por atrasos de boletos de cobrança.

“Isso se deveu, neste caso, à implantação de um novo sistema de gestão financeira, o SAP 4, que dará mais segurança à empresa, mas implica adaptações. A Prevent, entretanto, tem taxas de resolutividade que chegam a quase 100% das queixas, e está trabalhando para diminuí-las”, acrescentou a companhia.

Para o presidente da Associação Nacional das Administradoras de Benefícios (Anab), Alessandro Acayba de Toleto, ter reclamações não é algo satisfatório para nenhuma empresa, mas pondera que é preciso relativizar o contexto em função do alegado alto índice de problemas administrativos.

“Agora, quando o beneficiário não consegue usar a rede de hospitais, essas reclamações devem ser avaliadas e verificadas”, pontuou.

Os depoimentos emocionantes de parentes que perderam seus entes queridos após tratamento com o chamado kit Covid, como hidroxicloroquina e azitromicina, ficaram na história da comissão, mas não da Justiça. Apesar de seus representantes constarem na lista de sugestões de indiciamento, a Prevent Senior sofreu, exclusivamente, com o desgaste à sua imagem e foi questionada quanto aos métodos aplicados por sua diretoria.

As propagandas da empresa veiculadas em cinemas, que tratavam de seguro dos espaços, foram canceladas em 2021 por uma questão de estratégia de marketing. Por enquanto, pesquisas internas mostram que seus segurados estão satisfeitos com o serviço prestado, alega a operadora.

No âmbito investigativo, os pedidos dos senadores no relatório não foram contemplados pela Polícia Civil de São Paulo. Para a investigadora responsável pelo caso, delegada Lisandrea Calabuono, não há provas da relação entre as mortes de segurados e o uso do kit Covid.

“Não foram encontrados elementos informativos caracterizadores de ilícito penal praticados por funcionários da operadora de saúde, nem por médicos, ex-funcionários desta, denunciados por violação do dever funcional”, defendeu a delegada.

A empresa também foi alvo de CPI na Assembleia Legislativa de São Paulo. A investigação local, encabeçada por deputados do estado, pede o indiciamento de 20 pessoas por 52 crimes. Em paralelo, há processos movidos por ex-médicos da operadora que discordaram da conduta da companhia na gestão dos pacientes.

Procurada pelo Metrópoles, a Prevent Senior afirmou acreditar que “as investigações técnicas, sem contornos políticos, possam restabelecer a verdade dos fatos, como já ocorreu no relatório final enviado ao Ministério Público pela Polícia Civil do Estado de São Paulo”.

“A empresa não teve perdas de beneficiários e continua com índices de aprovação superiores a 90% entre os clientes”, assinalou, por meio de nota.

Metrópoles