Terceira via não decola por falta de ideias

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Foto: Reprodução/Wikimedia Commons

Quatro partidos buscam um candidato de consenso para marcharem unidos na eleição presidencial. Parece piada. Consenso em relação a quê? O PSDB fez uma prévia vencida pelo governador João Doria. O MDB tem uma candidata na rua e boa parte de sua caciquia na sala dos jantares de Lula. O União Brasil (ex-DEM, ex-PFL, ex-PDS e ex-Arena) tem no doutor Luciano Bivar um candidato de fantasia.

Doria ganhou a prévia, mas Eduardo Leite não saiu do páreo. Simone Tebet sabe, desde o primeiro momento, que suas dificuldades estão numa caciquia que não pretende descolar de Lula. Cada um dos candidatos da terceira via não tem consenso a começar no próprio partido.

Isso não se deve à falta de conversas. É por falta de ideias que seus candidatos não conseguem chegar ao segundo dígito. O país parece estar saindo de uma pandemia que matou mais de 600 mil pessoas, na qual milhões foram salvas pelo SUS.

Os planos de saúde ameaçam com um aumento histórico. No início da pandemia, recusaram-se a cobrir os custos de testes. Alguém ouviu uma palavra dos candidatos da terceira via sobre a saúde pública? Inflação? Desemprego?

O pessoal que busca o candidato que evitará a polarização Bolsonaro x Lula pratica um jogo de cubos que até agora rendeu noticiário, e só. Isso está estatisticamente demonstrado pelas pesquisas. Não falam para o andar de baixo e quem vive nele não mostra interesse pelas suas ilustres figuras.

Lula e Bolsonaro têm penetração no andar de baixo, cada um à sua maneira, e por isso a eleição está polarizada.

Até meados de maio a turma da terceira via e do consenso buscará um sabor comum a dois punhados de areia, um pedaço de melancia, e meio bife. Podem até se unir em torno de um candidato que cresça, mas dificilmente irão juntos até a eleição.

Partidários do presidente Bolsonaro estão colocando cartazes em pequenas cidades do interior do Nordeste dizendo que lá Lula não é bem-vindo.

Os termos usados são grosseiros e agressivos.

No entorno de Bolsonaro admite-se a hipótese de ele não participar de debates durante a campanha eleitoral.

Em 2018, tendo sofrido um atentado, ele tinha motivo.

Folha