Bolsonaro continua fazendo teatro sobre Petrobras

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Foto: CRISTIANO MARIZ/Agência O Globo

O presidente Jair Bolsonaro disse em entrevista exibida nesta terça-feira (31) que o governo cogita “fatiar a Petrobras”. E criticou os acionistas minoritários da empresa por não quererem “saber se o Brasil tem problema ou não tem”, pois seu objetivo é “lucro e ponto final”.
As declarações foram feitas em entrevista ao apresentador Ratinho, em uma data que nem o Planalto nem o apresentador divulgaram.

“A privatização da Petrobras leva no mínimo quatro anos. É uma ideia a gente fatiar a Petrobras. Realmente, não está dando certo atualmente”, disse Bolsonaro. “Até chamo de Petrobras Futebol Clube. Ali, apesar de estar na Constituição o seu caráter social, [a Petrobras] não aplica [o caráter social]. Ela tem um lucro fenomenal, não se compara percentualmente com outras petrolíferas do mundo todo.”

O presidente lembrou ainda o “apelo” que fez recentemente à empresa, que não reajustasse os preços dos combustíveis. A fala ocorreu durante uma live de Bolsonaro nas redes sociais momentos antes de a empresa anunciar um lucro trimestral de R$ 44 bilhões.

“Ninguém quer interferir nem vai interferir nos preços. Mas a Petrobras não pode continuar usando a paridade de preços internacional, sendo que nós aqui somos autossuficientes, não somos em refino, sempre repassando isso para o povo”, afirmou. “Há três semanas, fiz um apelo: Petrobras, não reajuste mais o preço […] porque vai quebrar o Brasil. O combustível é a correia da inflação. Sobem os mantimentos, sobe tudo.”

Bolsonaro culpou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu principal rival na eleição de outubro, por ter vendido papéis da empresa a acionistas minoritários. Disse que cerca de 40% do lucro da empresa vai para esses agentes, sendo que “cerca de R$ 6 bilhões mensais” vão para fora do Brasil.

“Os papéis foram vendidos na época do governo Lula. Desses R$ 44 bilhões de lucro, cerca de 40% vão para os acionistas minoritários. E vão para fora do Brasil cerca de R$ 6 bilhões por mês atualmente, em parte considerável para fundos de pensão para fora do Brasil”, disse o presidente. “Ou seja, esse pessoal não quer saber se o Brasil tem problema ou não tem. Quer lucro e ponto final.”

Valor Econômico