Confira como se divide o eleitorado segundo o Datafolha

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Foto: Reprodução

Restando pouco mais de quatro meses para a eleição presidencial, pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira mostra que o ex-presidente Lula (PT) abre suas maiores vantagens para o presidente Jair Bolsonaro (PL) na região Nordeste, entre beneficiários do Auxílio Brasil e entre desempregados. Os três estratos figuram entre as prioridades da pré-campanha petista, que traz entre suas bandeiras o comparativo de indicadores sociais nos governos Lula e Bolsonaro e o desempenho de governadores nordestinos do PT. O atual presidente, por sua vez, se mantém à frente nas intenções de voto entre os evangélicos e os mais ricos, em um panorama similar ao do levantamento anterior, de março.

No quadro geral, em que a margem de erro é de dois pontos percentuais, Lula tem 48% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro aparece com 27%. O pré-candidato que mais se aproxima, Ciro Gomes (PDT), tem 7%.

Embora os cenários da pesquisa estimulada não permitam uma comparação plena, por conta de mudanças na lista de candidatos apresentada aos entrevistados, a contraposição entre este levantamento e os números divulgados pelo Datafolha em março aponta que Lula ganhou mais fôlego em seus principais redutos. Bolsonaro, por sua vez, não perdeu espaço nos grupos onde já tinha mais força.

Entre os eleitores do Nordeste, a vantagem de Lula chega a 45 pontos, segundo a pesquisa mais recente. Em março, em um cenário que ainda incluía as pré-candidaturas de Sergio Moro (União) e João Doria (PSDB), a distância entre o petista e Bolsonaro era de 35 pontos na região.

O Nordeste é proporcionalmente a região mais atendida pelo Auxílio Brasil, programa lançado por Bolsonaro no ano passado como sucessor do Bolsa Família, introduzido no governo Lula, em 2003. Neste ano, o presidente busca capitalizar eleitoralmente com o aumento do benefício mínimo para R$ 400, que começou a vigorar em janeiro. Entre os beneficiários do Auxílio Brasil, Lula atinge 59% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro tem 20%.

Na disputa simbólica por associar o programa ao governo Bolsonaro, além do aumento do valor, o Ministério da Cidadania planeja a troca de 18 milhões de cartões magnéticos, usados pelas famílias para o saque mensal do benefício, por um formato que leve o nome do Auxílio Brasil. Uma das versões em funcionamento segue com a marca do Bolsa Família. Um grupo de 13 deputados federais de PT, PSB, PCdoB, PSOL e PDT, majoritariamente aliados de Lula, entrou com uma representação no Tribunal de Contas da União (TCU) na semana passada para impedir a troca dos cartões. O argumento é que a troca custaria R$ 324 milhões e não teria razão prática, já que os cartões seguem funcionando.

Na pesquisa Datafolha, Lula aparece ainda com mais de 40 pontos de vantagem para Bolsonaro entre os desempregados: 57% a 16%. Em que pese a queda na taxa de desocupação medida pelo IBGE no primeiro trimestre deste ano, para 11,1%, voltando ao patamar pré-pandemia, Lula tem procurado ressaltar em discursos que o índice era menor em governos petistas. No fim de 2013, às vésperas da reeleição de Dilma Rousseff, a taxa chegou a ser de 6,3%. Perto do impeachment em 2016, em um cenário de crise desde o ano anterior, o índice havia subido para 11%.

Bolsonaro fica 11 pontos percentuais à frente de Lula na faixa de renda mais alta da pesquisa: entre eleitores que recebem acima de dez salários mínimos, o presidente figura com 42%, contra 31% para o petista. Trata-se de uma vantagem similar à obtida por Bolsonaro na pesquisa de março. O presidente, a exemplo do último levantamento, também vence Lula entre os empresários, agora com 56% a 23%.

Entre os evangélicos, Bolsonaro manteve-se numericamente na dianteira, mas dentro da margem de erro. Na pesquisa de ontem, o presidente tem 39% no segmento, contra 36% para Lula. Os dados são praticamente os mesmos do levantamento de março.

O Globo