França insiste em tirar câmeras que contêm PM

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Foto: Reprodução

O ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB) reafirmou sua pré-candidatura ao Palácio dos Bandeirantes caso fracasse um acordo dele com o PT para eventual retirada do nome de Fernando Haddad, ao participar de sabatina realizada por Folha e UOL nesta segunda-feira (2).

Com 20% das intenções de voto segundo a última pesquisa do Datafolha, França diz ter proposto ao PT que a escolha do nome do grupo na disputa estadual seja feita levando em conta não só a declaração de voto, mas também a possibilidade de voto aferida pelos levantamentos.

“Se não houver acordo, vamos com a candidatura até o fim”, afirmou. “Se eles não toparem a [definição por] pesquisa, nós teremos duas candidaturas.” Ele argumenta que sua campanha seria mais forte por ter mais facilidade do que a do ex-prefeito Haddad em atrair eleitores refratários à esquerda.

Segundo o ex-governador, o pré-candidato do PT à Presidência, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e a presidente nacional da legenda, Gleisi Hoffmann, aceitaram a proposta, mas o diretório petista estadual ainda quer analisar melhor o assunto.

Ainda de acordo com ele, Haddad declarou que concorda com a escolha via pesquisas, mas que haveria entraves com o comando do partido no estado. “O acordo tem a ver com a escolha do Senado. O que ganha disputa o governo e o que perde, se quiser, disputa o Senado”, disse.

A entrevista com o ex-governador de São Paulo foi conduzida pela apresentadora Fabíola Cidral, pelo colunista do UOL Leonardo Sakamoto e pela jornalista da Folha Carolina Linhares.

Também nesta segunda, às 16h, a conversa será com o pré-candidato ao governo Felício Ramuth (PSD), ex-prefeito de São José dos Campos. As sabatinas são ao vivo, com 60 minutos de fala.

O representante do PSB, partido que apoia Lula, respondeu que não esconderá o petista em sua campanha, caso ela seja mantida, já que a prioridade é derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL). “Hoje o que está em discussão é democracia [versus] não democracia. E eu vou ficar do lado da democracia.”

França também usou a sabatina para acenar com promessas e plataformas de campanha. Disse ser a favor das câmeras corporais nas roupas dos policiais militares, mas defendeu que os equipamentos sejam acionados só antes de ações com uso de arma, em vez de gravarem imagens ininterruptamente.

O assunto entrou na pauta da eleição estadual depois que o pré-candidato Tarcísio de Freitas (Republicanos), apoiado por Bolsonaro, criticou o programa criado na gestão de João Doria (PSDB), que reduziu a letalidade policial no estado e é elogiado por especialistas.

França disse ver abusos no uso da ferramenta e invasão de privacidade dos agentes. “Só vai ligar a câmera quando estiver em ação. Não a câmera gravando 12 horas por dia”, afirmou, propondo um acionamento automático da gravação quando o PM for usar a arma.

“Estou sugerindo que a câmera da farda do policial do seja acionada a partir do momento em que houver possibilidade de uma ação violenta”, continuou, acrescentando que preferiria investir em política de segurança de forma mais ampla, direcionando recursos para outras áreas além das câmeras.

O postulante afirmou ainda que, se eleito em outubro para um mandato a partir de 2023, em até dois anos será extinta a cracolândia e em até um ano não haverá mais população de rua. “A gente não pode se acostumar com o que está errado. Isso está errado.”

França reforçou em diferentes momentos a conexão da eleição em São Paulo com a disputa nacional, sustentando que eventual falha da coligação de Lula no estado pode comprometer a vitória do ex-presidente. Ele reiterou ser necessário evitar o crescimento do candidato bolsonarista.

“O meu nome entra um pouco mais no campo do outro, do adversário. Eu tenho receio de não ir para o segundo turno e o Tarcísio acabar puxando o Bolsonaro para cima”, afirmou.

“Pode ser que um erro aqui represente um erro no Brasil. É uma decisão muito difícil, e tem a possibilidade de irmos nós dois juntos [ele e Haddad], o que também é interessante. […] Vou ser candidato a governador e penso que o Haddad pode não ser candidato, mas pode estar na chapa.”

França disse que o ex-prefeito da capital “tem muito mais méritos do que deméritos” e ressaltou qualidades como ser “idôneo e leal ao presidente Lula”, mas relatou que, caso ocorra um embate, fará questão de marcar “características diferentes” em relação ao petista, com eventuais críticas.

“Se eu for com ele para o segundo turno, é evidente que vou falar daquilo que é deficitário”, afirmou, citando o fato de já ter sido prefeito reeleito, em São Vicente (SP), diferentemente de Haddad, que foi derrotado na tentativa de obter um segundo mandato na capital, em 2016.

Folha