PSB quer expulsar vereador-filiado que poferiu fala racista

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Foto: Mauro Pimentel – 31.mar.22 / AFP

Os deputados federais Marcelo Freixo (RJ), Danilo Cabral (PE) e Milton Coelho (PE), do PSB, entraram com representação na comissão de ética do partido pedindo a expulsão do vereador paulistano Camilo Cristófaro, também pessebista, que proferiu falas de cunho racista durante sessão na Câmara Municipal de São Paulo nesta terça-feira (3).

O processo no partido começa com a abertura de uma investigação pela comissão de ética, que define qual será a punição aplicada, se houver. Os três deputados defendem a pena máxima, ou seja, a expulsão.

“Cumpre reforçar que além de criminosa, tal conduta [de Cristófaro] afronta o programa do PSB, bem como o Estatuto e o Código de Ética do partido. Trata-se de comportamento incompatível com o decoro e a ética partidária exigida como conduta para qualquer militante, e, sobretudo, àqueles que ocupam funções públicas representando a legenda”, argumenta a representação.

Durante sessão da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Aplicativos da Câmara Municipal de SP, foi possível ouvir conversa em que Cristófaro diz “não lavaram a calçada. É coisa de preto, né?”. Ele participava virtualmente do encontro

Mais tarde, na reunião de líderes, o vereador afirmou que estava conversando com um amigo quando fez uso da expressão discriminatória. Ele argumentou que a intimidade que tem com essa pessoa, de apelido Chuchu, permite que ele faça comentários do tipo.

Como mostrou o Painel, o presidente da Câmara, Milton Leite (União Brasil), articula para que a vereadora Elaine do Quilombo Periférico, do PSOL, seja a relatora na Corregedoria da Casa.

A participação de Leite indica que Cristófaro não deverá passar incólume do novo episódio problemático. Membro da Corregedoria, Elaine é uma liderança influente do movimento negro.

O relatório indicará uma pena ao vereador, que pode chegar à cassação do mandato. Caso aprovado na Corregedoria, o relatório será encaminhado a plenário para votação.

 

Essa não é a primeira vez que Crisófaro se envolve em confusão. Em 2019, ele chamou o vereador Fernando Holiday (Novo) de “macaco de auditório”, no plenário da Câmara.

“Gostaria de falar que lamentavelmente o senhor Fernando Holiday usa das redes sociais, que ele é o grande macaco de auditório das redes sociais, que ele usa dando risada dessa Casa, explodindo as redes sociais, porque a população adora ver sangue, maldade, mentira, fake, onde ele acusa os seus colegas de vagabundos”, disse Cristófaro, na ocasião.

De acordo com a assessoria do vereador Gilberto Nascimento (PSC), que preside a Corregedoria, o caso referente ao parlamentar Holiday deverá ser votado nas próximas semanas.

Em 2017, a então vereadora e atual deputada estadual Isa Penna (PSOL) disse que foi empurrada e agredida por Cristófaro em um dos elevadores do prédio da Câmara Municipal.

De acordo com Isa, o vereador a xingou de “vagabunda”, “terrorista”, “cocô de galinha” e insinuou ameaças dizendo que ela não deveria ficar surpresa se “tomar uns tapas na rua”.

Em seguida, já fora do elevador, Cristófaro se aproximou da colega de plenário e lhe deu “um empurrão de leve”, de acordo com Isa. O vereador negou na época e diz que não ofendeu ninguém.

Há também acusações de agressões contra o vereador feitas por um funcionário da Subprefeitura do Ipiranga, que teria levado um soco em julho de 2020, e outra realizada por um assessor do vereador Eduardo Suplicy (PT). No primeiro caso, Cristófaro diz que foi um empurra-empurra e que apenas se defendeu diante do funcionário da subprefeitura. Em relação à queixa do assessor de Suplicy, o vereador afirmou, na ocasião, que a acusação era mentirosa e o funcionário “queria aparecer, queria mídia”.

No dia 13 de março, a gestora pública Lucia de Souza Gomes, 47, registrou um boletim de ocorrência no 26º Distrito Policial, no Sacomã, em São Paulo. Ela acusa o vereador Cristófaro de tê-la ofendido verbalmente.

No boletim de ocorrência, ela narra que, ao tentar se aproximar do prefeito Ricardo Nunes (MDB) durante a inauguração de uma obra, o vereador Camilo Cristófaro disse que, se ela queria aparecer, “que fique pelada na revista Playboy” [sic].

A gestora pública, então, teria respondido que “o prefeito era para toda a cidade e não para algumas pessoas”. Depois, ainda segundo o relato, ouviu o vereador chama-la de “vagabunda”.

Cristófaro nega a versão da mulher e diz que não há provas contra ele.

Folha