Cientista político se espanta por Bolsonaro ser “antissistema”

Destaque, Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Lauren Justice/Reuters

Cientista social e autor do livro “Limites da Democracia”, recém-lançado pela editora Todavia, Marcos Nobre questiona:

“Como um presidente que é antissistema pode fazer um acordo com o representante máximo do sistema, que é o Centrão?”
As respostas para a questão envolvendo o presidente Jair Bolsonaro, segundo ele, estão na necessidade de manter a base e apoio e para se proteger de um eventual impeachment quando a pandemia começou.

“A base de sustentação de Jair Bolsonaro é uma base antissistema. O que significa: é uma parcela relevante do eleitorado que acha que o problema não está em um governo ou em outro, mas no sistema enquanto tal, na política como ela é feita”, diz Nobre, que também é professor de filosofia da Unicamp, em entrevista ao episódio #731 do podcast O Assunto.

“Num momento que chega a pandemia ao país, Bolsonaro tem que tomar uma decisão, ele tem que se proteger de um eventual impeachment. E para se proteger disso, ele precisa procurar esse apoio do Centrão, especialmente da presidência da Câmara, que é quem aceita ou não um pedido de impeachment. E o ano de 2020 foi um ano em que ele tentou convencer essa base de apoio que ele tem, e que é uma base significativa, de que o apoio com o Centrão não o tornaria menos sistema. […] Ele conseguiu convencer essa base mais sólida que ele tem de que era necessário o acordo com o Centrão para que ele continuasse lutando.”

Em conversa com Renata Lo Prete, Nobre recupera uma linha do tempo que começa nos protestos de junho de 2013, passa pela Operação Lava Jato e chega à ascensão do “partido digital bolsonarista”. Ouça a entrevista completa no episódio #731 do podcast O Assunto.

“Você tem uma organização da base na sociedade progressiva a partir dos anos 2000 que vai se tornando antissistema. E é uma organização na base da sociedade que se deu tanto a direita quanto a esquerda, e principalmente na internet, mas que depois, em junho de 2013, vai para as ruas. Acontece que essa organização, a partir de 2015, ela passa a usar um escudo institucional, que é a Lava Jato, e esse escudo é usado para emparedar o sistema político, então o político perde o controle da política.”

G1