Evangélicos focam mais economia que em costumes

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Thiago Gomes/Folhapress

Escalado pelo PT para tentar melhorar o diálogo da pré-campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva com cristãos, o pastor Paulo Marcelo Schallenberger aposta que a economia – e não a pauta de costumes – é que vai definir o voto dos evangélicos nesta eleição. O aumento do custo de vida, com a dificuldade da população para comprar alimentos e pagar as contas, deve ter um peso maior agora na escolha do próximo presidente da República do que teve na eleição de 2018, na avaliação do religioso.

É essa a análise que o pastor Paulo Marcelo pretende levar ao marqueteiro da pré-campanha de Lula, Sidônio Palmeira, na próxima semana. O pastor disse ter sido chamado pelo PT para conversar com o marqueteiro na terça-feira, para falar sobre os problemas enfrentados por evangélicos no país e conversar sobre formas para melhorar o diálogo com essa fatia da população. E cita a economia – e o “bolso” – como uma das questões mais complicadas do momento.

“Esta eleição não deve ser definida pela pauta de costumes como foi em 2018. Isso é uma cortina de fumaça. O ‘chão de fábrica’ dos evangélicos vai decidir o voto pela ‘vida normal’”, disse, citando a economia.

Ontem, o pastor da Assembleia de Deus esteve com o secretário nacional de comunicação do PT, Jilmar Tatto, e no início de junho, disse que terá uma conversa com o ex-ministro Gilberto Carvalho também para debater formas de o PT se aproximar dos evangélicos.

Paulo Marcelo começou no fim de semana passado uma série de encontros com integrantes de denominações evangélicas em São Paulo. Para um grupo de cerca de 150 pessoas reunidas no interior paulista, o pastor exibiu uma mensagem gravada pelo ex-governador e vice na chapa de Lula, Geraldo Alckmin (PSB), com a promessa de melhoria do poder de compra da população. No vídeo curto, Alckmin diz que ele e Lula têm compromisso com o crescimento do país, “com mais emprego” e “melhoria de renda”. O vice na chapa de Lula criticou a desvalorização do salário mínimo, lembrou que a maioria dos aposentados e pensionistas do país recebe até um mínimo por mês e prometeu “elevar o crescimento do salário mínimo acima da inflação, para aumentar o poder de compra”.

Até julho, estão previstos mais cinco “cafés com pastores” no Estado, com grupos entre 150 e 200 pessoas, sempre com a exibição de um vídeo de Alckmin ou uma mensagem de Lula. Os encontros serão preparatórios para um evento presencial de Lula e Alckmin com evangélicos, em São Paulo, previsto para a primeira quinzena de agosto, na Casa de Portugal, com cerca de 1 mil pessoas.

Paulo Marcelo tem buscado lideranças neopentecostais e igrejas que chama de “independentes”, não ligadas à Igreja Universal do Reino de Deus nem à Assembleia de Deus, que devem apoiar Jair Bolsonaro. “Nesses encontros, procuro lembrar que os evangélicos cresceram no país durante o governo Lula e não tivemos perseguições. Tivemos liberdade de culto e concessões de rádio e televisão”, disse o pastor.

Segundo o Datafolha, 50% do eleitorado se declara católico e 27%, evangélico. Na pesquisa do instituto divulgada na semana passada, em um eventual segundo turno, Lula tem desempenho melhor entre católicos (65% deles o preferem ante 27% de Bolsonaro) e o presidente tem mais apoiadores entre evangélicos (47% deles votariam nele ante 45% em Lula).

Valor Econômico