Guedes será crucificado se Bolsonaro perder a eleição

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Foto: Evaristo Sa/AFP

Sem uma solução eficaz para conter a disparada da inflação e segurar o impacto que isso pode ter nas eleições, o governo vem depositando aos poucos a fatura de uma eventual derrota nas urnas no colo do ministro da Economia, Paulo Guedes. O Posto Ipiranga, que algum tempo atrás parecia perder poder para o Centrão, voltou a concentrar demandas que, em última instância, o colocam na mira das pressões para garantir a recondução do presidente Jair Bolsonaro.

Guedes vem há tempos sendo cobrado para conseguir, como num passe de mágica, o que o governo entende como essencial para a reeleição. Passar a mensagem de que o descontrole dos preços não é responsabilidade do governo. E dar ao eleitor a percepção de que o Brasil de Bolsonaro caminha para um futuro promissor, livre da pandemia e livre de corrupção. Como dirão as inserções do PL que o presidente vai estrelar no rádio e na televisão. Mas uma coisa é o que aparece no vídeo. Outra bem diferente é o eleitorado confiar na mensagem.

Fato é que essas demandas se acumularam no gabinete de Paulo Guedes. O ministro foi escalado para guiar as sucessivas substituições de comando na Petrobras e no Ministério de Minas e Energia. Virou alvo de pressões crescentes para que sejam criados novos subsídios para conter a alta dos preços nos combustíveis. Ou para segurar a inflação de alimentos. Mecanismos que Guedes considera preocupantes do ponto de vista fiscal e resiste em aplicar.

Estão na mesa do ministro também os incansáveis pedidos para abrir espaço no Orçamento para garantir o aumento de salários de servidores. Em especial aquele para os policiais federais e policiais rodoviários federais, base eleitoral fiel ao presidente. Mas que anda bem descontente com a perspectiva de ver as promessas de Bolsonaro caírem por terra.

Foi também pelas mãos de Paulo Guedes que o governo fez uma de suas maiores apostas para a eleição: a reformulação do programa Bolsa Família, que deu origem ao Auxílio Brasil de R$ 400. O governo contava que isso lhe renderia votos junto a uma parcela do eleitorado que, no passado, foi fiel ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Mas as últimas pesquisas de intenção de voto jogaram um balde de água fria no governo. O eleitor não só parece não associar o programa a Bolsonaro, como parece considerar o novo valor insuficiente. Até porque a disparada da inflação engoliu parte do saldo positivo do benefício.

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