Lula diz que Bolsonaro não baixa combustíveis porque não quer

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Foto: Reprodução

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato do PT à Presidência da República, criticou nesta quarta-feira a redução do ICMS, proposta do governo federal para tentar frear a alta no preço dos combustíveis, e afirmou que a medida não terá efeitos práticos para a população.

Lula afirmou que o presidente Jair Bolsonaro, “se tivesse coragem”, deveria enquadrar a Petrobras para revogar a política atual, que equiparou o preço dos combustíveis no Brasil ao mercado internacional, com uma “canetada”. A declaração foi feita em entrevista à rádio Itatiaia, no Vale do Aço, em Minas Gerais.

— O aumento da gasolina ao preço internacional não foi feito com uma votação no Congresso. Foi uma canetada do Pedro Parente, presidente da Petrobras. Portanto, se para aumentar o preço do combustível e transformar em preço internacional foi numa canetada, para você tirar também pode ser numa canetada. O presidente, se tivesse coragem, se não fosse um fanfarrão, um embusteiro, já teria feito isso — afirmou Lula.

Para o ex-presidente, a redução do ICMS levará a uma perda de arrecadação de estados que afetará o caixa dos municípios e, consequentemente, políticas públicas nas cidades. Ele declarou que a redução do ICMS “não vai resultar na bomba nem no botijão de gás e nem no diesel”.

— Para beneficiar as pessoas que têm carro, que não são a maioria, o presidente vai jogar o peso da culpa em toda a sociedade. Porque quando ele diz que vai fazer compensação, vai fazer até dezembro. Depois quero saber quem vai arcar com falta de arrecadação dos municípios. Esses municípios vão ser empobrecidos — declarou.

O ex-presidente teve de cancelar uma viagem que faria a Uberlândia (MG) após ser diagnosticado com covid-19. Ele deve fazer um novo exame nesta quinta-feira para saber se está liberado para agendas públicas.

Questionado se a regulamentação da mídia que chegou a propôr, embora sem muitos detalhes, resultaria em alguma forma de censura, o petista afirmou que os avanços tecnológicos e a internet tornaram mudanças na legislação mais necessárias, negou cerceamento de informação, mas não conseguiu explicar detalhes do plano.

Ele afirmou que um eventual projeto de regulamentação seria debatido pela sociedade e por representantes dos meios de comunicação.

— Ninguém quer censura. O que a gente quer é que os meios de comunicação sejam efetivamente democratizados, que as pessoas possam ouvir a oposição, que tenha sempre o outro lado falando. Não pode ser um meio de comunicação que fala só um lado. Não pode permitir que a internet, que essa imprensa digitalizada, que é uma coisa nova, fantástica, se transforme numa base de construção de mentiras — declarou.

Em seguida, ele mencionou o Instagram, aplicativo de imagens pertencente ao grupo Meta, o mesmo de WhatsApp e Facebook, ao se referir ao Telegram, aplicativo de troca de mensagens amplamente usado por apoiadores de Bolsonaro.

— O dono do Instagram não pode fazer o que ele quer. Não pode ser um retransmissor de mentiras porque ele quer ganhar dinheiro. Ele tem que levar em conta a cultura de cada país, tem que respeitar as leis do país, e não pode permitir que mentiras, inverdades, grosserias, ofensas façam parte da cultura brasileira — disse o ex-presidente.

O Globo