Lula parte para cima dos partidos de centro e do PDT

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Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Com apoio garantido de seis partidos de esquerda à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto na eleição de outubro, o PT e os articuladores da campanha lulista têm buscado ampliar o alcance e a capilaridade política em torno do favorito da corrida presidencial. Embora a coligação encabeçada por Lula e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) não tenha conseguido expandir formalmente ao centro suas alianças nacionais, a estratégia tem sido a de comer pelas beiradas e mirar acordos estaduais com grandes partidos moderados, como MDB e PSD, além do centro-esquerdista PDT. Apoiadas sobre a força de Lula nas pesquisas, as costuras petistas para estes palanques estaduais se dão apesar das candidaturas da senadora Simone Tebet (MDB-MS) e do ex-ministro Ciro Gomes (PDT), bancadas pelas cúpulas partidárias, como mostra reportagem de VEJA desta semana.

Munido do favoritismo nas pesquisas, Lula tem pessoalmente gastado horas de voo e lábia em algumas destas articulações ao centro. “Temos feito um esforço monumental nos estados para unificar em vários estados com PSD e MDB, além dos sete partidos da coligação”, diz o deputado José Guimarães (PT-CE), coordenador dos palanques regionais de Lula.

Com o PSD liberando seus candidatos a firmar acordos regionais como bem entenderem, o ex-presidente selou a aliança do PT e com o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD) para o governo de Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país, onde os dois se encontraram na quarta-feira, 15. No Rio de Janeiro, terceiro maior colégio, o petista deve se reunir em breve com o prefeito Eduardo Paes (PSD) para tratar de um possível arranjo e na Bahia, quarto estado em número de eleitores, pessedistas e petistas não só se mantiveram alinhados como incluíram o MDB na chapa.

Entre os emedebistas nordestinos, além da disputa baiana, há acordos com o PT em Alagoas, Rio Grande do Norte e Paraíba. Em Ceará e Piauí, os caciques emedebistas Eunício Oliveira e Marcelo Castro são velhos aliados do ex-presidente. “Tebet ainda não tem uma candidatura competitiva, o que enfraquece palanques locais. Lula é quem tem mais atributos para atrair esses setores do partido, especialmente no Nordeste”, diz o senador Renan Calheiros (AL), um dos maiores entusiastas de Lula no MDB. Entre os alinhamentos fora do Nordeste, o partido de Renan terá o apoio do PT de Lula na campanha à reeleição do governador do Pará, Helder Barbalho (MDB).

Em outra frente, à centro-esquerda, o PDT tem acordo com o PT no Rio Grande do Norte, um candidato abertamente lulista ao governo do Maranhão e vai apoiar o candidato petista ao governo de Santa Catarina, Décio Lima. Enquanto não se sabe se a aliança entre PT e o clã Ferreira Gomes vai sobreviver aos solavancos no Ceará, há boa chance de o PDT integrar a chapa de Roberto Requião (PT) ao governo do Paraná, indicando como candidato ao Senado o deputado Gustavo Fruet. Carlos Lupi, presidente do PDT, garante que Ciro não sairá da disputa presidencial, mas considera “legítimas” as negociações locais com petistas.

A estratégia de contornar por meio de alianças estaduais a falta de apoio formal do centro a Lula no plano nacional é promissora, por ser nos estados que as campanhas se desenrolam, onde candidatos a deputado pedem votos em suas bases eleitorais levando prefeitos e lideranças locais a tiracolo. “O sistema político brasileiro raramente tem alinhamentos ideológicos, é muito pragmático. Nos estados, os candidatos locais se deslocam de acordo com a opinião pública”, diz o cientista político Carlos Melo, do Insper. Neste sentido, mesmo entre partidos do Centrão cujo apoio está declarado a Jair Bolsonaro, como PP e Republicanos, é difícil que candidatos ao Congresso em regiões como o Nordeste busquem se desvencilhar de Lula – muito pelo contrário.

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