Moro fica “na moita” durante lançamento de candidatura de Bivar

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Reprodução

Logo que acabou o evento de lançamento da sua pré-candidatura a presidente, na noite desta terça-feira, o deputado federal Luciano Bivar (UB-PE) reuniu os auxiliares e fez um balanço da solenidade de três horas: — Foi bom para mostrarmos que vamos até o fim. Alguns minutos antes, o presidente do União Brasil, que tem o maior tempo de TV e o maior caixa eleitoral, havia dito e reforçado à imprensa que a sua pré-candidatura estava “posta e definitiva”.

Apesar da empolgação de Bivar, que diz estar cheio de energia, os sinais de ceticismo dos seus próprios correligionários ficaram visíveis no evento que ele organizou para se lançar candidato. O auditório estava cheio de militantes apoiadores de pré-candidatos a deputados distritais do União e o nome mais aclamado era justamente o de um deles (Eduardo Pedrosa) — e não o de Bivar. O dirigente do União chegou a entrar no auditório em meio a cantorias — de “O Eduardo chegou” — e teve o discurso interrompido pelos gritos das torcidas dos distritais.

Bivar disse que precisou acelerar o evento por causa de problemas na energia elétrica, que realmente caiu três vezes durante a confraternização. Quando as luzes e o microfone desligavam, a militância voltava a gritar o nome dos pré-candidatos a deputado distrital.

O palco estava preenchido com os principais figurões do partido nascido da fusão do DEM e do PSL, mas poucos deles discursaram como o secretário-geral do União, ACM Neto. O ex-prefeito de Salvador e pré-candidato ao governo da Bahia defendeu que era preciso respeitar a “independência de cada estado” e um “palanque aberto” no cenário nacional. A ideia é compartilhada pela maioria da sigla, que só aprovou por unanimidade a candidatura de Bivar porque ele teria se comprometido a não interferir nos acordos locais e deixar os dirigentes “livres” para apoiar quem quisessem em outubro — parte dos postulantes já declararam, inclusive, que marcharão ao lado do presidente Jair Bolsonaro durante a campanha.

A defesa da candidatura de Bivar ficou por conta dos aliados mais próximos, que tentaram pintá-lo como um “visionário” que previu a vitória de Jair Bolsonaro em 2018 ao abrigá-lo em seu ex-partido, o então nanico PSL. — Não duvidem de Luciano Bivar — disse a senadora Soraya Tronickle (MS), cotada como vice.

— Nós não precisamos ter medo de perder. O nosso time está entrando em campo para ganhar — exclamou ela, que elogiou o trabalho de Bivar em prol das candidatas da legenda. Ela era a única mulher em meio a dezesseis políticos homens que tiveram assento de destaque no palco.

O evento partidário foi realizado no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília – o mesmo no qual o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro foi lançado a presidente pelo Podemos em novembro de 2021. Agora filiado ao União Brasil, Moro compareceu com status de estrela para a militância do partido que tirou selfies, mas no meio político circulou de forma mais discreta.

Sentado próximo a Moro, estava o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho (UB), que já foi preso cinco vezes por acusações de improbidade e compra de votos. Pulando algumas cadeiras à direita, estava o ex-senador Agripino Maia (União-RN), alvo da Operação Lava Jato, em 2017. Quando ainda era juiz, Moro conduziu os processos do petrolão na primeira instância da Justiça Federal em Curitiba, no Paraná.

Além dos investigados, o ex-ministro da Justiça também esbarrou com um possível concorrente do União em São Paulo, o vereador e presidente da Câmara Municipal, Milton Leite, que tem ensaiado uma candidatura ao Senado pelo estado – o mesmo posto que ele almeja disputar. Ele também é cotado ao governo do estado, o que romperia a aliança com o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), e a uma vaga a deputado federal que também deve ser disputada por sua mulher, Rosângela Moro.

Faltando cinco meses para a eleição, o ex-ministro chegou e saiu do evento ainda indeciso sobre qual posto irá pleitear neste ano.

— É uma decisão que eu não tomei e vou tomar mais adiante. Qualquer forma de contribuir para o país é válida (…) Eu não vejo o fato de ser lembrado para várias posições como algo negativo — afirmou. Como positivo, ele afirmou que “toda candidatura de centro servirá como uma trincheira e barreira contra o radicalismo”. Ele também não discursou no evento.

O Globo